O dia trinta havia chegado, o final do mês estava diante meus olhos, o final da estadia em mais uma casa e mais um cidade; o final. Meus olhos rolavam pela mulher dormindo ao meu lado, passando por todo o seu corpo e bufando para seu sorrisinho de lado. Não podia negar que havia a achado bonita o suficiente para estar aqui, alta, loira, belos olhos e um sorriso encantador; porém o tempo passou, as horas, os dias, o mês... Passou como um relógio quebrado, adiando cada vez mais a tortura que estava sentindo em meu interior. Havia repulsa dentro de mim, nojo desse ser, tanto que fingia insônia, fingia dor de cabeça; tudo para não estar ali. Mas era o plano, era o trato, trinta dias convivendo, fingindo gostar, fingindo me importar.
Estremeci e tentei prender um grunhido ao pensar nos beijos da loira, seus lábios carnudos e todas as vezes em que meus olhos estiveram abertos, lembrando de seus dedos percorrendo os cachos em minha nuca e trazendo arrepios ao meu corpo, porém calafrios não tão bons quanto os usuais. Taylor não me atraía, não chamava minha atenção e tudo que passava em minha mente era diferente maneiras de acabar com o trabalho. Franzi os lábios ao pensar em seu nome, até mesmo isso tornava-a agonizante.
- Bom dia, amor. - Falou alto, com sua voz fina, chamando minha atenção e acordando-me de meus pensamentos. - Está acordado há muito tempo?
Respirei fundo, tentando não derrubar a máscara e o filtro que me cobria, apenas forçando um sorriso; orando para não matá-la no exato momento de sua fala.
- Bom dia, princesa. - Eu a dei um beijo calmo, logo sentindo meu corpo estremecendo de todas as maneiras possíveis. - Acabei de acordar e estava observando o quão bela você é. Está com fome?
Estava acostumado a esperar até a noite para matar as vítimas, acostumado a ser paciente e contar até cem quando era preciso, lembrava dos conselhos de minha mãe, lembrava das vezes em que ela sussurrou carneirinhos em meus ouvidos e acalmou minha respiração e meu choro. Mas havia algo nessa mulher, algo que me anojava de uma forma que há muito tempo não havia sentido.
- Se troque e me encontre lá embaixo. - Falei após ver sua cabeça mexendo-se para cima e para baixo, pisquei apenas um olho e levantei da grande king bed que estávamos aconchegados.
Me vesti rapidamente, colocando calças jeans e camiseta, ficando somente de meia para não sentir sua suspeita em espreita por mim. Quando terminei, desci as escadas, indo em direção a cozinha e observando o esplendor da grande casa.
Não podia negar seu bom gosto e sua riqueza, a mulher só comprava móveis - e afins - das melhores marcas; o enorme lustre que encaixava-se no centro da sala de estar, as luminárias, os sofás. Tudo combinava, tudo era perfeitamente feito para ela e seu jeito metido. Tudo - infelizmente - não como o que eu precisava, nada como o que eu queria... Se eu ao menos soubesse o que estava procurando.
Balancei minha cabeça algumas vezes, a fim de espantar os pensamentos que não deviam estar ali. Me dirigi até a bancada com um enorme fogão e talheres de prata. Busquei um pequeno pano de prato e enrolei a uma faca, colocando ao meu lado e passando a cozinhar omeletes, como a primeira coisa que passou a minha cabeça. Era certo que ela não comeria isso, de qualquer forma.
- Hey baby. - Sua maldita voz aguda e extremamente irritante soou atrás de mim, me fazendo fechar os olhos e passar as mãos por meus cabelos, a fim de acalmar-me.
Quando notei que já não havia volta, peguei a faca em minha mão e a segurei forte, sentindo suas mãos entrelaçadas a minha barriga.
- Me solte. - Falei baixo e rouco, sorrindo ironicamente por não precisar mais viver em uma falsidade em que eu não queria estar.
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circus » larry
FanfictionOlhos verdes e expressão ingênua, para os outros um simples palhaço abandonado pelo circo, para si mesmo um assassino em série em busca de vingança pela sua família. Louis será apenas uma vítima?