O Mistério de Hilife

Capítulo 1 - O Despertar

O que é a vida? A vida é um pequeno pedaço de tempo onde estamos disponíveis para que possamos aproveitar e entender o que realmente estamos fazendo aqui. Engraçado pensar que é simples o fato de do nada, desaparecemos.
Desaparecer… Morrer? Ir para outro plano? Encontrar alguém maior? Quem é o maior? Muitas questões que nesse exato momento eu, Ethan Rutter, não faço a menor ideia.

Acredito que a vida é um caminhar longo e sereno, onde podemos aumentar o ritmo e a passada para chegarmos a um ponto, mas sem sair da linha que nós mesmos traçamos, ou que foi traçado para nós. 

O dilema eterno da morte desafiando a vida e vice-versa. Esse embate carnal e espiritual. 

E a morte? O que seria sem vida? 

A vida e a morte são substantivos femininos, e qual o sentido dessa vida? E o sentido da morte? E porque estamos aqui de fato para irmos embora num piscar de olhos? 

A conclusão é que se você sobrevive à morte, você não é seu corpo físico. Apenas utiliza esse corpo para manifestar aqui, sua vida humana.

E não foi isso que aconteceu comigo. 

Uma belíssima poça de sangue debaixo da minha cabeça. Se eu fosse um médico legista com toda certeza teria laudado morte por contusão craniana, dilaceração do encéfalo e hemorragia severa, considerando o fato de ter acabado de levar um golpe com um porrete de ferro, logicamente isso aconteceria.

Tudo aconteceu de forma rápida, igual um sopro.

“Ethan, estou no escritório e preciso que venha correndo, as ações da Hilife caíram e o layoff está programado para mais tarde. Precisamos planejar a retomada.”

- Claro que você não iria saber como conduzir um layoff, não é mesmo Samantha. - pensei alto. Samantha era Coordenadora do setor comercial da Hilife, a empresa de tecnologia que fundei junto com meus dois grandes amigos da faculdade. 

Hilife Technology And Innovation, fundada em 2009. Ethan Rutter, Jonathan Gray e Leon Potter, amigos e sócios, fundaram a empresa responsável por levar uma saúde mais acessível para todos que precisam e estão longe do sistema de saúde. 

Ethan Rutter, com 19 anos, sofreu uma parada cárdio respiratória no inverno de 2009 em sua cidade natal, Jaywick, ou melhor dizendo, o lugar mais pobre da Inglaterra. Na época, viviam pouco mais de 4 mil habitantes na região costeira, cidade localizada ao Oeste de Londres, difícil acesso para os moradores mais necessitados. O atendimento até a ressuscitação de Ethan aconteceu em um espaço de tempo de 1h30. Muitos podem considerar um atendimento rápido dada as circunstâncias mas, ele havia morrido. E assim como milagre, acordou com a reanimação mecânica. Se não fosse a péssima estrutura da saúde em sua cidade, talvez não tivesse voltado à vida pensando justamente o que precisava fazer para que os menos favorecidos tivessem esse acesso à saúde de forma justa. 

Junto com seus dois amigos de faculdade, cursava Engenharia de Software e neste momento sabiam o que precisavam fazer, criar um aparelho que pudesse captar os sinais mais críticos de saúde no momento do lapso. Que aferiu a pressão, batimentos cardíacos, sinais vitais, tudo isso dentro de sua casa. Pensaram em diversas interfaces, diretamente nos telefones celulares da época, mas em 2010 a tecnologia estava engatinhando e o modelo mais top de linha era o Iphone 4, focado apenas em reprodução de músicas e no começo das redes sociais. Era uma tarefa difícil pensar como colocar tantos benefícios para saúde dentro de um pequeno dispositivo, capaz de realizar uma chamada de emergência caso a pessoa esteja com algum problema.

Foi em um encontro após uma aula cansativa de Projeto de Software com Métodos Ágeis, Ethan, Jhonatan e Leon jogavam sinuca e bebiam uma cerveja barata, quando Ethan apoiou seu braço na mesa para segurar o taco e encaçapar a bola 6 amarela que estava angularmente pronta para o ataque, se deparou com seu braço exposto e sua camisa se levantando próximo ao antebraço, Antes de dar a tacada, voltou à posição normal e indagou.