Quando A Vida Acontece - Volume 6

Capítulo 1

Mas onde ela poderia ter ido e em tão pouco tempo? Perto, e foi isso o que tirou as pessoas da apatia.

-O carro! Veja se ela levou o carro! – A mãe da Roberta disse para ninguém em particular. Ela parecia bastante aérea, mas era a pessoa com mais bom senso dos três. Seu marido parecia ainda não ter se dado conta do que havia acontecido, enquanto Luca andava de um lado para o outro, como se Roberta (e, mais importante, Noah) fosse brotar em algum canto da sala.

-Eu estou com as chaves – O pai apalpou os bolsos.

-Mas ela pode estar com a chave reserva! – A mãe levantou uma questão óbvia.

O mini da família continuava parado em frente à casa, e Luca, levado à insanidade, começou a procurar pela rua, tomando uma direção enquanto gritava para os pais da Roberta tomarem outra. Afinal, ela havia saído para trocar a fralda do Noah há dez, quinze minutos no máximo. Não era possível que houvesse desaparecido, principalmente fugindo a pé.

Isso lhe deu uma ideia e correu até o ponto de táxi no final da rua. Descreveu Roberta e Noah, mas ninguém os havia visto.

Ela poderia ter combinado com alguém que tinha carro. Podia não ter perdido tempo trocando Noah. De repente Noah sequer precisava ser trocado e ela havia mentido. O fato é que tinha uma vantagem, qualquer que fosse, sobre Luca, e ele estava parecendo um idiota, andando pela rua. Melhor pegar o seu carro.

-Pai, preciso da sua ajuda – Ele ligou o celular no viva-voz enquanto dirigia e escaneava a rua.

-O que aconteceu? Você está bem?

-A Bobbie levou o Noah, pai.

-O quê? Levou para onde?

-Eu não sei! Ela fugiu com ele! Estou procurando pela rua, mas se você puder ajudar.

-Estou indo aí. E estou ligando para a polícia do caminho.

Os pais da Bobbie iam ficar furiosos por envolverem a polícia no meio. Mas ele também estava furioso por não poder confiar que a mãe do seu filho o trocasse sem que o sequestrasse. Sentindo aquele conforto que seu pai lhe causava, a sensação de que tudo ia terminar bem, Luca continuou a procurar.

O pai da Bobbie estava chocado diante dos policiais na sala de estar:

-Quem chamou vocês aqui? É só uma questão de família. A gente resolve entre a gente.

-Eu chamei – O pai de Luca entrou na sala, timing impecável. E se virou para o policial: – Seguinte. A filha dele levou o meu neto. E a gente pode achar várias maneiras mais legais de colocar o que ela fez, mas, até onde eu sei, foi sequestro.

-Ela pode ter ido com ele à farmácia – O pai de Bobbie explicou.

-Por que ela iria com ele à farmácia?

-Para... Para comprar fraldas. Ele precisava ser trocado e ela não tinha fraldas.

-A gente pode ver se não tem fraldas aqui? – O pai de Luca perguntou.

-Vamos lá. Uma pessoa, uma pessoa só, por favor explique o que está acontecendo – A outra policial falou.

O pai da Bobbie, apesar do mau humor e da negação, explicou com bastante fidelidade o que havia se passado, embora insistisse que Bobbie e Noah perambulavam pelo bairro em busca de uma farmácia. O pai de Luca acrescentou a briga judicial na qual os pais da criança viviam envolvidos e cujo último capítulo Roberta havia acabado de perder.

-Ela pode estar mesmo na vizinhança, qualquer que seja sua intenção – Um dos policiais falou.

-Ok, mas enquanto isso a gente vai ficar batendo papo? Porque assim ela vai ficando cada vez mais longe.