Capitulo 2

28 6 2
                                    

Como esperado, não foram bem recebidos no retorno à U.A. Izuku acordou quando se aproximaram da entrada e ficou surpreso pelos altos muros que cercavam a escola. "Não posso voltar," disse grogue. Ouviram uma grande confusão do lado de dentro dos portões, e, mesmo com a chuva que caía, uma multidão de refugiados bloqueava a passagem.

Katsuki sentiu uma veia latejar em sua têmpora. Ainda estava ao lado de Izuku e, se dependesse dele, já teria aberto caminho à força. Mas os colegas insistiam que o diálogo era o melhor caminho. Ele só queria chegar logo ao dormitório e fazer Deku se limpar e comer algo. Olhou para o amigo, que exibia uma expressão desolada. Seu coração se apertou; ele sabia o que passava pela mente de Izuku. Era óbvio que ele falaria em voltar para as ruas. Katsuki deu um passo à frente quando sua paciência se esgotou; não iria permitir isso, mas Izuku o segurou pela mão, impedindo-o. Então, Katsuki permaneceu ao seu lado.

Os professores tentaram argumentar, mas os extremistas estavam alterados. Poucos tentavam contra-argumentar que era seguro, mas o medo consumia a maioria. Uraraka percebeu que era hora de intervir também. Virou-se para Izuku e disse: "Está tudo bem." Seus amigos tornaram isso possível, Katsuki tornou isso possível. Ela sabia que Izuku ouviria seu amigo de infância. O herói número três ainda tentava acalmar os ânimos, mas sem sucesso. Os civis gritavam palavras de ordem para que expulsassem Deku da fortaleza. O caos e o medo se espalharam rapidamente entre todos, a sensação de insegurança pairando sobre eles.

Uraraka pegou o amplificador de Present Mic e usou sua individualidade para flutuar sobre todos. Foi ao ponto mais alto para falar: "O De... O Izuku tem um poder especial," ela começou, sua voz sendo amplificada para todos ouvirem. Um dos civis gritou de volta: "Por isso mesmo! Ele não pode vir aqui descansar só porque deu na telha!"

"Não é isso! Ele foi embora porque não queria que ninguém se machucasse. Nós é que o trouxemos de volta! Seu poder é especial porque ele pode derrotar o All for One. E é por isso que estão atrás dele, por isso ele sentiu que precisava ir embora. E olhem bem para o estado em que ele ficou depois disso!" Todos se voltaram para encarar o garoto em farrapos. "Essa é a aparência daquele que mais quer reverter essa situação e que continuou a seguir em frente, mesmo sabendo o perigo que corria. Conseguem ver?" Izuku estava estático, com os pés presos ao chão. "Ter um poder especial não faz dele uma pessoa especial."

Bakugou colocou a mão na base da coluna de Izuku para sustentá-lo, depois que ele deu um cambalear incerto, e disse sério ao amigo: "Mesmo protegidos com todo o sistema de segurança, eles ainda cederam ao desespero." Deku olhou para seu velho amigo, que continuou: "Você não pode resolver tudo sozinho. Então, vamos te ajudar."

Uraraka continuava seu discurso, pedindo para que todos pudessem ajudar, permitindo que ele ficasse para descansar e, depois, eles iriam sair da escola. Mesmo após muitos serem tocados pelas palavras da heroína, a incerteza pairava no ar. Izuku não conseguiu conter as lágrimas que caíam pelo rosto; caiu de joelhos e chorou desolado. Seus amigos o olhavam. Katsuki conteve o impulso de ir até ele e ampará-lo, sabendo que não era a hora de interferir. Haveria tempo para cuidar dele depois que tudo estivesse resolvido.

Cabia à população dar o próximo passo para mudar isso. Em meio à multidão, aqueles que foram salvos pelo herói Deku se adiantaram até ele. Kouta se aproximou para consolar o herói, mas também chorava: "Maninho Midoriya! Me desculpa, eu fiquei com muito medo e não conseguia me mexer. Me desculpa! Mas, quando ouvi aquela garota falar, eu senti que deveria correr até você. E agora eu tô aqui. Não precisa mais chorar, tá tudo bem!" Midoriya, ainda com lágrimas, o olhou: "Kouta..." Nesse momento, outra civil que havia se aproximado o ajudou a ficar em pé. "Então você é aluno da U.A. Tentei ir a vários abrigos, mas não me aceitaram por ser mutante. Aqui acabou sendo minha única opção. Obrigada por ter me protegido, senhor herói chorão." Ela dizia sorrindo em meio às lágrimas. Ambos o envolveram em um abraço apertado. Os civis que assistiam à cena enfim compreenderam a real situação. E, depois de garantir a segurança deles, e de Deku dizer que fariam tudo voltar ao normal, foi permitida a permanência do jovem herói.

Corações unidos Onde histórias criam vida. Descubra agora