Prólogo

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ÉTERNELS



Praia de Suna, Tokyo.

15 anos atrás.

O verão japonês embora fosse desagradável na maior parte da estação, compensava com o vento fresco da noite. A praia se tornava um aconchego trazendo como benefício a brisa marítima e o cheiro refrescante da água salgada. A areia já não estava tão quente, o barulho do mar moldava as pegadas deixadas e ao longe, o som alegre da música e das risadas vindas da festa na praia preenchia o ar, mas o casal presente sentados sob uma manta estendida na areia, estavam afastados, buscando um momento a sós. A lua cheia brilhava no céu, refletindo sua luz prateada sobre as ondas tranquilas, deixando aquela atmosfera mágica de filme ao redor deles.

Varais de lâmpadas penduradas entre as árvores e barracas iluminavam o ambiente com um brilho suave,  destacando as silhuetas dos jovens que dançavam e se divertiam perto da fogueira, no entanto, o casal estava alheio a tudo isso. Para eles, o mundo parecia girar em uma velocidade diferente, mais lenta, permitindo que cada segundo fosse saboreado com intensidade.

Eles estavam de frente para o mar, os dedos entrelaçados, sentindo a segurança e o conforto que só o toque do outro poderia proporcionar.

— Naruto! — gritou ela, protestando de dor depois que ele mordeu sua orelha, quase arrancando o brinco dourado. — Eu já disse que não gosto quando faz isso!

Ele riu das bochechas vermelhas.

— Desculpa! Desculpa! é que você é irresistível — falou, distribuindo beijos no pescoço dela, fazendo-a rir.

— Hm, você disse isso a um mês atrás e agora eu tenho que lidar com um pai surtando com a filha grávida aos dezessete anos, prestes a se formar no ensino médio. — Suspirou. — Pelo menos daqui a três meses eu faço dezoito, né.

E a morena de cabelos longos soltou um suspiro longo e entediado. O sorriso se desfazendo em meio ao fôlego sôfrego, arrancando também o sorriso do loiro que até um segundo atrás, sorria com comentário dela.

— Achei que não se importasse com a opinião do seu pai. — comentou ele, meio incerto.

— E não me importo — afirmou, desviando o olhar para as mãos entrelaçadas. — Tudo está indo bem graças à minha mãe e aos seus pais por estarem nos apoiando. Essa foi a nossa sorte.

— Esse foi o nosso amor, Hina. — corrigiu, tirando dela o sorriso que ele amava admirar.

Estava aflita mas no fundo sabia que apesar dos 18 anos e meio, ele estava determinado a ser o melhor pai que jamais imaginou. Vindo de uma família rica e influente, tinha recursos e o apoio necessário para garantir que nada faltasse para aquela criança. Recursos que ela não possuía mas pretendia buscar futuramente com seus próprios esforços.

Os pais dele eram incrivelmente amorosos e compreensivos. Desde o início, apoiaram o relacionamento dos dois, vendo o quanto ela fazia o filho deles feliz. Quando souberam da gravidez, o apoio foi imediato e inabalável.

Ao contrário do seu pai, Hiashi, que não reagiu da mesma maneira. Seu pai sempre fora severo, especialmente em relação ao relacionamento dela com aquele "loiro espevitado" era assim que seu pai o chamava. Para ele, o jovem Uzumaki representava tudo o que ele temia: imprevisível, com um futuro incerto, e, em sua visão, não era o par ideal que ele imaginava para sua filha. A notícia de que a filha estava grávida só piorou as coisas. Ele era frio e distante, deixando claro que desaprovava totalmente a situação. Isso fazia com que ela se sentisse ainda mais isolada e insegura.

— Ei, Lírio da Lua... — a chamou, com o apelido único e delicado, destinado a ela pelo mesmo emblema. Linda, única e inacreditável, como um lírio crescendo na lua. — Vai dar tudo certo. Estamos juntos, lembra?

Ela hesitou a responder algo, e finalmente, ergueu os olhos para encará-lo.

— Tenho medo que esse bebê atrapalhe nossos planos. Eu o quero mais que tudo mas... não quero que essa gravidez pare as nossas vidas.

— Nossas vidas vão continuar, juntas e com ele — Tocou a barriga dela, ainda sem nenhum sinal dos meses avançados.

Era convincente, o amor dele era puro e sincero. Ela podia sentir a força daquele sentimento tocar seu corpo apenas com as palavras, e no entanto, seu coração ainda pedia por alívio .

E ele tinha planos para mostrar para ela que apesar de qualquer coisa que pudesse surgir, nada desmoronaria. Ele tinha reunido coragem a dias, montado um esquema para tudo ser perfeito, mas não estava contando em ser naquele exato momento. Acontece que seu coração partia ao vê-la tão insegura e aflita.

Queria fazer uma surpresa quando ela acordasse mas já que o destino fazia as ordens e não ele...

— Hina, fecha os olhos — pediu.

Ela riu sem entender.

— Pra quê?

— Só fecha os olhos! — assim ela o fez. — Agora estende a mão.

Continuou seguindo os comandos dele, e então sentiu ele colocar algo pequeno na palma de sua mão. Era leve e aveludado. Permaneceu inerte até que o namorado falasse algo.

— O que você está aprontando, Naruto?

— Tá, pode abrir.

Devagar ela ergueu as pálpebras e se assustou ao encontrar uma caixa minúscula, tão escura quanto o céu forrado de estrelas em cima deles. Seu sorriso esboçou com ternura e alegria.

Ele abriu a caixinha ainda sobre a mão dela, revelando um lindo anel de prata com um pequeno diamante que não podia se comparar ao tamanho do seu brilho.

Os olhos cintilando, junto às batidas daquele coração que era só dela.

— Hinata Hyuga... Quer casar comigo?

Estática e sem conter o sorriso, a voz dela precisou de um certo esforço para sair.

— Naruto, eu... Seu pai vai matar você se casar antes de terminar a faculdade.

Ele deu de ombros.

— A vontade que ele tem de me matar não é maior que meu amor por você — ela não conteve a risada. Seus olhos brilhando mais do que o comum. — E além disso, tenho certeza que quando esse bebê nascer, ele vai ser o avô mais babão do mundo. E então... você aceita ser minha eterna companhia?

Ela sorriu, entremeou o olhar do anel na caixinha para os olhos daquele de quem ela tinha certeza que amava incondicionalmente desde o início da sua adolescência.

— Já éramos eternos muito antes de nosso primeiro beijo — falou, quase sussurrando. Ele encostou a testa na dela, beijando a ponta do seu nariz. — Eu aceito.

Ambos sorriram após um selinho demorado. Os corações batendo forte com as palavras de amor e confiança. Sentiam-se felizes e seguros como se naquele momento nada pudesse separá-los.

Ele inclinou-se, tocando suavemente os lábios dela com os seus novamente, em um beijo terno que parecia selar aquela noite perfeita. A conexão entre eles era palpável, quase tangível, como se nada pudesse quebrar o laço que compartilhavam.

— Eu te amo, Naruto — sussurrou ela, seus olhos distintamente claros, fixos nos dele, repletos de uma certeza inabalável.

E ele sentiu uma onda de emoção atravessar seu corpo, sabendo que aquelas palavras eram sinceras.

— Eu te amo mais meu Lírio da Lua. — respondeu, sua voz um pouco trêmula, mas cheia de convicção.

Envoltos no calor do amor mútuo, o som das ondas quebrando suavemente na praia e a música distante servindo de trilha sonora para aquele momento. Sob a luz da lua cheia e das lâmpadas penduradas, naquele cenário perfeito, Hinata e Naruto acreditavam com todo o coração que o amor que sentiam um pelo outro era eterno. Eles eram jovens, apaixonados e certos de que, juntos, poderiam enfrentar qualquer coisa que o futuro lhes reservassem.

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