"Tem medo de nada
Gosta do perigo
Gosta de saber que vai me ter no escondido
Vai acabar comigo."
Carolina é uma jovem que está no segundo semestre de medicina na faculdade da USP. De personalidade forte e inteligente, sempre lutou para conquistar o...
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carolina pimenta ~ Caralho, a faculdade de medicina só está no início e eu sinto que estou prestes a surtar. Saio do prédio em que estudo com a cabeça doendo de tanto estudar as mesmas coisas há uma semana sem parar. As aulas mudam, mas tudo gira em torno de uma mesma parada. Eu amo meu curso, amo ter conseguido chegar aqui, mas estou cansada, confesso. Estou prestes a atravessar a rua pra pegar meu ônibus sagrado (ou maldito) e escuto uma buzina alta. Quem é o filho da puta? Olho para a direção e vejo aquela mandíbula marcada e um boné preto escondendo a feição, mas eu sei quem é, reconheço de imediato. Me aproximo aos poucos e paro na janela.
– E aí, Carol - Veiga diz, percebo mais três homens no seu carro. - esses aqui são Piquerez, Richard Ríos e Anibal.
Fico meio impressionada com a trivialidade que ele me apresenta os colegas de trabalho. A normalidade que ele me mostra os jogadores do Palmeiras.
– É... e ai, gente - Sorrio meio sem jeito.
Há alguns anos eu estaria surtando.
– Fala, moça - Richard dá um alô.
– E aí - Piquerez só mexe a cabeça.
Eu nem escuto a voz de Aníbal, ele apenas acena.
– Veiga... desculpa, não tô entendendo - Solto uma risada desesperada. - o que faz aqui perto da USP?
Ele me encara como se eu fosse uma lerda. E eu acho que sou mesmo.
– Ué, vim te buscar - Balança os ombros. - hoje é quinta-feira.
– E?
– E eu sei que você fica até as sete - Diz simples. - na verdade, eu vim por outro motivo também.
Estou sem reação. O cara veio me buscar aqui porque eu fico até mais tarde nas quintas? Só posso estar sonhando ou ficando doida.
– Você veio me buscar? - Questiono ainda chocada.
- Oxe, já disse isso - Sorri. - entra no carro que eu te explico melhor.
Eu observo e o único lugar pra mim é o banco do carona da frente. Abro a porta e me sento, meio sem jeito com aquele carro cheio e também pelo fato de, uma semana da gente jantar, ele aparecer do nada. Por que parece que nossos encontros sempre são do nada?
– E então, vai me contar o por quê me buscou? Eu agradeço demais, porque o ônibus da sete é pior que o das seis e meia e assim... quase perdi meu cabelo aquele dia... bom, você já sabe de tudo. Eu só não estava esperando, entende? Porque eu te conheci de uma forma tão inusitada e...
Raphael Veiga me olha com serenidade. Seus amigos estão quietos e estáticos.
– Calma, Carol - Tem uma breve curva em seus lábios. - você tá bem ansiosa, aconteceu algo?
