Raul
O disparo ainda ecoava pelo escritório e tudo parecia estar em câmera lenta. Olhei para baixo e vi Angelina desabando devagar em meus braços.
— Anjo! — gritei, desesperado.
Matilde se jogou ao nosso lado, em choque.
— Menina... meu Deus... — murmurava entre soluços.
Segurei o rosto de Angelina com as mãos, seus olhos estavam semiabertos e a sua respiração curta.
Não, não, não.
— Fica comigo, amor... Não faça isso comigo — sussurrei. — Olhe para mim, eu imploro...
Enquanto pedia, senti o desespero e a raiva crescer dentro de mim, parecia uma tempestade que começava a se força.
Levantei o rosto devagar e sério, as minhas lágrimas ainda caíam. Teresa ainda segurava a arma com a mão estendida e os olhos vidrados no sangue pelo chão.
Me levantei rápido e fui até ela que não esboçou nenhuma reação quando tomei a arma de suas mãos.
— VOCÊ ATIROU NA MINHA MULHER! — rugi. — SUA DESGRAÇADA!
— Eu... eu não queria... — murmurou, cambaleando para trás. — A culpa é sua!
— Maldita! — avancei, apontando a arma para o rosto dela. — Eu vou matar você!
— Larga a arma! — Mário disse, enquanto apontava sua própria arma para mim.
— Acha mesmo que vão escapar? — retruquei, com a respiração pesada. — Esse era o plano, degraçado?
— O plano era matar você e sair daqui sem ninguém ver, mas essa merda deu errado! — respondeu. — E eu não vim aqui para acabar na cadeia, ouviu?
Ele começou a engatilhar a arma, mas eu não podia deixar que isso acontecesse, e com um movimento rápido, apontei a arma que havia tomado de Teresa para ele.
— Solte a arma, Mário! — gritei.
Ele balançou a cabeça lentamente com um sorriso cínico nos lábios.
— Isso não vai acontecer.
Ele moveu a arma lentamente em direção a Angelina, que ainda estava caída no chão, inconsciente.
— Larga essa porra! Não vou avisar de novo!
Ele riu. Uma risada seca, doentia.
— Você fala demais. — respondeu, e eu vi o dedo dele começando a pressionar o gatilho.
E então, antes que ele pudesse terminar o movimento, eu disparei.
O som do tiro reverberou no pequeno espaço, e o corpo de Mário balançou para trás, caindo no chão com um baque. O sangue começou a se espalhar rapidamente pelo carpete, criando uma poça escura sob seu corpo.
Mário estava morto.
Eu havia matado ele.
Teresa, que antes estava paralisada, agora parecia ter despertado e gritou, um som primal de dor e desespero.
Ela correu e se ajoelhou ao lado dele, agarrando seu rosto e gritando seu nome, como se suas palavras pudessem trazê-lo de volta à vida.
— MÁRIO! — se lançou ao chão, puxando o rosto dele para o colo. — Meu sobrinho... não... você não pode...
Ela segurava a cabeça dele contra o peito, balançando para frente e para trás, o desespero estampado em cada traço de seu rosto.
Corri até a mesa e agarrei o telefone com mãos sujas de sangue. Meus dedos tremiam, o coração quase explodindo no peito.
— Vamos, atende, atende... — murmurei.
— Emergência, qual a ocorrência?
— Minha mulher... ela levou um tiro! Está sangrando muito! — gritei. — Mandem uma ambulância, AGORA!
— Preciso do endereço, senhor.
Passei tudo o mais rápido que consegui, sem conseguir respirar direito.
— A equipe está a caminho. Mantenha a calma, e...
Larguei o telefone e corri de volta para ela.
Matilde ainda pressionava o ferimento, o rosto banhado em lágrimas.
— Ela está gelada... muito pálida... — murmurou. — E se ela morrer... — falou com os olhos arregalados.
— Cala a boca, Matilde! — respondi, num rompante. — Desculpa… desculpa… só… só não fale isso, Angelina não irá morrer...
Tentamos estancar o sangue com pedaços de pano, improvisando bandagens.
— Vai ficar tudo bem, meu amor... — segurei sua mão. — Só aguenta mais um pouco.
Ela não respondia, e o som de sua respiração era cada vez mais fraco.
Teresa gritava ao fundo, mas eu não conseguia me concentrar em nada além de Angelina.
Finalmente, ouvi o som distante de sirenes.
Graças a Deus!
Eles estavam chegando e meu anjo viveria.
"Ela irá viver, ela irá viver...", implorei.
— Eles estão vindo, Angelina. — murmurei, segurando sua mão com força, como se minha própria vida dependesse disso. — Só mais um pouco, amor...
— Alguém? — uma voz gritou do corredor.
— Aqui! — gritei de volta, desesperado. — Ela foi baleada!
Fui puxado para o lado, mas não soltei a mão de Angelina.
— Senhor, precisamos de espaço! — disse um paramédico, firme. — Deixe a gente trabalhar!
— Por favor… salvem ela… — implorei, soltando-a com relutância. — Façam qualquer coisa… só não deixem ela morrer!
Eles se jogaram sobre ela com velocidade. Um deles já preparava a maca. Outro abria o kit de primeiros socorros. Matilde se afastou, completamente em choque, com as mãos ainda cobertas de sangue.
— Pressão caindo! — avisou uma socorrista. — Pulso fraco!
— Aumentem o oxigênio! Precisamos estabilizar antes de mover!
Outro paramédico se aproximou de mim.
— O senhor está bem?
— Ela… ela precisa viver. — murmurei, sem conseguir tirar os olhos do corpo frágil de Angelina.

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Comprada pelo Fazendeiro Milionário
RomanceRaul Duarte Faria tem 43 anos e é dono de quase toda Campo Lindo, pequena cidadezinha no sul do país. Possuidor de terras, gados e várias empresas, tem o poder de controlar tudo e todos. Bom, quase tudo. Angelina é uma jovem humilde de 24 anos, que...