33

11.2K 756 21
                                        

Raul

O disparo ainda ecoava pelo escritório e tudo parecia estar em câmera lenta. Olhei para baixo e vi Angelina desabando devagar em meus braços.

— Anjo! — gritei, desesperado.

Matilde se jogou ao nosso lado, em choque.

— Menina... meu Deus... — murmurava entre soluços.

Segurei o rosto de Angelina com as mãos, seus olhos estavam semiabertos e a sua respiração curta.

Não, não, não.

— Fica comigo, amor... Não faça isso comigo — sussurrei. — Olhe para mim, eu imploro...

Enquanto pedia, senti o desespero e a raiva crescer dentro de mim, parecia uma tempestade que começava a se força.

Levantei o rosto devagar e sério, as minhas lágrimas ainda caíam. Teresa ainda segurava a arma com a mão estendida e os olhos vidrados no sangue pelo chão.

Me levantei rápido e fui até ela que não esboçou nenhuma reação quando tomei a arma de suas mãos.

— VOCÊ ATIROU NA MINHA MULHER! — rugi. — SUA DESGRAÇADA!

— Eu... eu não queria... — murmurou, cambaleando para trás. — A culpa é sua!

— Maldita! — avancei, apontando a arma para o rosto dela. — Eu vou matar você!

— Larga a arma! — Mário disse, enquanto apontava sua própria arma para mim.

— Acha mesmo que vão escapar? — retruquei, com a respiração pesada. — Esse era o plano, degraçado?

— O plano era matar você e sair daqui sem ninguém ver, mas essa merda deu errado! — respondeu. — E eu não vim aqui para acabar na cadeia, ouviu?

Ele começou a engatilhar a arma, mas eu não podia deixar que isso acontecesse, e com um movimento rápido, apontei a arma que havia tomado de Teresa para ele.

— Solte a arma, Mário! — gritei.

Ele balançou a cabeça lentamente com um sorriso cínico nos lábios.

— Isso não vai acontecer.

Ele moveu a arma lentamente em direção a Angelina, que ainda estava caída no chão, inconsciente.

— Larga essa porra! Não vou avisar de novo!

Ele riu. Uma risada seca, doentia.

— Você fala demais. — respondeu, e eu vi o dedo dele começando a pressionar o gatilho.

E então, antes que ele pudesse terminar o movimento, eu disparei.

O som do tiro reverberou no pequeno espaço, e o corpo de Mário balançou para trás, caindo no chão com um baque. O sangue começou a se espalhar rapidamente pelo carpete, criando uma poça escura sob seu corpo.

Mário estava morto.

Eu havia matado ele.

Teresa, que antes estava paralisada, agora parecia ter despertado e gritou, um som primal de dor e desespero.

Ela correu e se ajoelhou ao lado dele, agarrando seu rosto e gritando seu nome, como se suas palavras pudessem trazê-lo de volta à vida.

— MÁRIO! — se lançou ao chão, puxando o rosto dele para o colo. — Meu sobrinho... não... você não pode...

Ela segurava a cabeça dele contra o peito, balançando para frente e para trás, o desespero estampado em cada traço de seu rosto.

Corri até a mesa e agarrei o telefone com mãos sujas de sangue. Meus dedos tremiam, o coração quase explodindo no peito.

— Vamos, atende, atende... — murmurei.

— Emergência, qual a ocorrência?

— Minha mulher... ela levou um tiro! Está sangrando muito! — gritei. — Mandem uma ambulância, AGORA!

— Preciso do endereço, senhor.

Passei tudo o mais rápido que consegui, sem conseguir respirar direito.

— A equipe está a caminho. Mantenha a calma, e...

Larguei o telefone e corri de volta para ela.

Matilde ainda pressionava o ferimento, o rosto banhado em lágrimas.

— Ela está gelada... muito pálida... — murmurou. — E se ela morrer... — falou com os olhos arregalados.

— Cala a boca, Matilde! — respondi, num rompante. — Desculpa… desculpa… só… só não fale isso, Angelina não irá morrer...

Tentamos estancar o sangue com pedaços de pano, improvisando bandagens.

— Vai ficar tudo bem, meu amor... — segurei sua mão. — Só aguenta mais um pouco.

Ela não respondia, e o som de sua respiração era cada vez mais fraco.

Teresa gritava ao fundo, mas eu não conseguia me concentrar em nada além de Angelina.

Finalmente, ouvi o som distante de sirenes.

Graças a Deus!

Eles estavam chegando e meu anjo viveria.

"Ela irá viver, ela irá viver...", implorei.

— Eles estão vindo, Angelina. — murmurei, segurando sua mão com força, como se minha própria vida dependesse disso. — Só mais um pouco, amor...

— Alguém? — uma voz gritou do corredor.

— Aqui! — gritei de volta, desesperado. — Ela foi baleada!

Fui puxado para o lado, mas não soltei a mão de Angelina.

— Senhor, precisamos de espaço! — disse um paramédico, firme. — Deixe a gente trabalhar!

— Por favor… salvem ela… — implorei, soltando-a com relutância. — Façam qualquer coisa… só não deixem ela morrer!

Eles se jogaram sobre ela com velocidade. Um deles já preparava a maca. Outro abria o kit de primeiros socorros. Matilde se afastou, completamente em choque, com as mãos ainda cobertas de sangue.

— Pressão caindo! — avisou uma socorrista. — Pulso fraco!

— Aumentem o oxigênio! Precisamos estabilizar antes de mover!

Outro paramédico se aproximou de mim.

— O senhor está bem?

— Ela… ela precisa viver. — murmurei, sem conseguir tirar os olhos do corpo frágil de Angelina.

Comprada pelo Fazendeiro MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora