Rosamaria Montibeller.

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Seus olhos estavam praticamente penetrados no telão em que mostrava o placar dos pontos do jogo e você quase conseguiu sentir seu coração despedaçar ao ver a pontuação final. 3x2 para os Estados Unidos. Por um instante, a gritaria ao seu redor ficou distante, parecia que tudo estava girando e aquela cadeira completamente desconfortável onde estava sentada não ajudava em nada. E foi apenas quando uma mão pesada repousou sobre o seu ombro que você conseguiu tirar os olhos daquele telão, olhando para o lado e vendo seu pai com um semblante indiferente, mas você sabia bem como ele estava se sentindo naquele momento.

Zé Roberto abriu um pequeno, e quase imperceptível, sorriso em sua direção e apontou com a cabeça para onde as jogadoras estavam, — Vai lá falar com elas, acho que vão precisar de você.

Você olhou de relance para os bancos, avistando Thaísa, Rosamaria e Gabi sentadas com uma distância considerável. Tainara estava abraçando Júlia, que estava com o rosto vermelho por conta do choro. Carol, Roberta, Ana Cristina e Nyeme estavam sentadas no outro banco ao lado, com Natinha, Diana, Lorenne e Macris sentadas no chão. Seu olhar voltou para o homem que permanecia ao seu lado, e você decidiu se levantar e ir até elas, mas não sem antes dar um abraço apertado em seu pai.

Você chegou no banco da direita, atrás de Thaísa e Rosa, tocando no ombro da loira mais velha, chamando a atenção dela, — Ei... — Ela olhou rapidamente para você, abrindo um pouco de espaço juntamente com Rosa e deixando que você sentasse no meio delas duas. Thaísa deitou a cabeça em seu ombro enquanto você passava o braço pelas costas dela. Você virou a cabeça para o outro lado, percebendo que Rosa já olhava em sua direção, um pequeno sorriso simpático abriu em seu rosto e sua mão se estendeu para ela, que entrelaçou os dedos dela nos seus e deixou a cabeça descansar no seu ombro esquerdo. Depois você avistou Gabi, que parecia estar concentrada em algum ponto fixo na quadra, com os cotovelos apoiados nos joelhos. Gabriela apenas virou a cabeça quando notou seu olhar pesar sobre ela, e ela logo soltou um suspiro, vendo você apontar para o chão com a cabeça, pegando o recado. Gabi sentou no chão entre suas pernas, deixando as costas apoiadas no banco. E, de pouco a pouco, as meninas olhavam para o lugar onde você estava e se juntavam – algumas no chão, outras no banco –, tentando dar apoio umas as outras.

Seus olhos oscilavam por várias câmeras apontadas para o grupo que havia se formado ao seu redor, mas depois você percebeu a gritaria que a plateia do seu país fazia para todas elas e abriu um sorriso com aquilo. Por mais que estivessem ali para conseguir o tão sonhado ouro, elas ainda poderiam ganhar o bronze, e fariam isso, porque você sabia do potencial e da dedicação delas. Sem medalha elas com certeza não sairiam daquelas Olimpíadas.

Mais tarde, naquele mesmo dia, você estava sentada no sofá do hotel em que se hospedava junto com o resto das jogadoras e técnicos. Rosa estava com a cabeça deitada em seu colo enquanto você passava os dedos pelos fios do cabelo loiro dela, Gabi sentava ao seu lado, concentrada escutando o discurso que Zé falava para elas, comentando que hoje não foi como esperavam, mas que no próximo jogo elas seriam melhores e ganhariam aquela medalha. Júlia estava sentada no chão entre suas pernas, Carol e Roberta ficaram em ambos braços do sofá enquanto as outras meninas estavam espalhadas pela sala, tanto nas poltronas quanto no chão. Todas escutando atentamente tudo o que Zé contava.

Rosamaria levantou o olhar para encontrar o seu, sorrindo quando você olhou para ela com o mesmo sorriso caloroso de sempre, seus dedos nunca deixando de alisar o cabelo dela. Você era praticamente adotada pelo time desde o primeiro jogo delas que seu pai levou você para assistir. Todas adquiriram um carinho e amor enorme por você, e seus sentimentos por elas não eram nada diferentes. Mas havia uma pessoa em específico que parecia agarrar todo o seu foco e atenção quando estava por perto, o que era quase sempre. Você não era alguém muito apegada sentimentalmente com qualquer coisa que fosse, por isso, sempre que conseguia, ajudava elas da forma que queriam quando tinham algum problema. Você já ajudou Gabi quando ela estava com problemas para focar nos jogos, descobrindo que seu único problema era sua vida mais íntima – depois daquela noite ela nunca se sentiu tão viva. Ajudou Júlia quando ela estava com problemas de insônia por conta de um hiperfoco que ela passava no momento – acabou que ela apenas precisava relaxar o corpo para poder descansar. Houve uma noite em que Natinha bateu na porta do seu quarto, dizendo que estava com problemas e se sentindo muito preocupada e insegura em relação ao jogo, e naquela noite você fez exatamente o que ela pediu e deixou o corpo dela totalmente relaxado e despreocupado para o outro dia, o que realmente funcionou.

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