O Ataque ao Metrô

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- Aysha, algo terrível está acontecendo! - exclama Tavin, correndo em minha direção com uma expressão de aflição, estampada em seu rosto pálido. Ele segura um tablet em uma das mãos e uma na apostila na outra. Tavin é um caçador habilidoso e dedicado, raramente se aventura em missões, pois sua perícia reside na modificação e criação de armas. Ele é o meu melhor amigo desde que nos conhecemos na academia dos Enviados da Morte, uma organização secreta que combate os imortais que ameaçam a humanidade.

- Calma, Tavin, acalme-se primeiro. Isso tem a ver com a Equipe que foi enviada? - pergunto, meus olhos se arregalando de preocupação.
- Sim, a equipe que enviamos para o metrô para investigar a possível atividade imortal foi atacada por uma criatura desconhecida. Você precisa ver isso Aysha, é horrível. Veja as imagens - ele disse mostrando o tablet para mim

Eu peguei o tablet e vi as cenas terríveis. Era a Equipe 6 que era composta por quatro caçadores novatos, que tinham sido treinados por mim. Eles estavam armados com pistolas, facas e granadas de ferro puro, o metal que mais causa dano em um imortal. Eles entraram no metrô com cautela, seguindo as instruções de Elsie Williams, a líder da Equipe que coordenava a missão à distância. Mas logo eles foram surpreendidos por um vulto escuro, que saltou sobre eles com uma velocidade impressionante. Era um licantropo, um imortal que podia se transformar em lobo. Ele rasgou a garganta de um dos caçadores com seus dentes afiados, e arrancou o coração de outro com suas garras. Os outros dois tentaram reagir, mas foram rapidamente dominados pelo monstro, que os dilacera sem piedade.

- Maldição! - exclamei, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. - Quem deu ordens para enviar a equipe 6? Eles são apenas novatos, sem experiência de combate! Os reforços foram enviados?
- A Equipe 6 foi enviada a pedido da senhorita Williams, eu avisei ao Baylor, e ele mandou a Equipe 2 para lá. Mas já se passaram 30 minutos e não recebemos nenhuma resposta! - Tevin disse, preocupado.
- Mas que droga! - Exasperada com a situação, encaminho-me para o laboratório onde nos reunimos em momentos de crise. Tavin me segue de perto. O laboratório é o centro de operações dos Enviados da Morte, onde monitoramos as atividades dos imortais e planejamos nossas missões. Lá também ficam guardadas as armas e os equipamentos que usamos em nossas caçadas. Ao chegarmos no laboratório, deparamo-nos com Baylor, o Chefe dos Enviados da Morte, envolvido em uma acalorada discussão com alguns membros da equipe. Baylor é um homem alto e musculoso, com cabelos grisalhos e olhos azuis. Ele é um veterano na guerra contra os imortais, e tem total confiança do meu pai, Lordon, o Líder dos humanos, mas também é um tirano que impõe suas ordens sem questionamentos. Ele me odeia desde que eu fui encontrada por Lordon quando meu pai biológico Cassius e o resto da minha família foram mortos em uma emboscada de lobisomens há doze anos. Cassius era um dos poucos humanos que podiam usar magia, e Baylor tinha medo que eu também possuísse esse dom.

- Qual é o problema de vocês? Desobedeceram minhas ordens e ainda enviaram uma equipe inexperiente para uma missão tão arriscada - respira fundo, Baylor continua - É impressionante como vocês só me decepcionam a cada dia que passa. - Ele olha para nós com desprezo e acrescenta: - E vocês dois, o que estão fazendo aqui? Não deveriam estar no treinamento?
- Com sua licença, chefe, o que aconteceu com a equipe que foi enviada? - me aproximei cautelosamente, ignorando sua provocação. Eu sabia que ele não gostava que eu me envolvesse nos assuntos dos enviados da morte, mas eu não podia ficar calada diante daquela tragédia.

-- Foram mortos - Baylor disse, jogando algumas fotos sobre a mesa. Eram as mesmas imagens que Tevin tinha me mostrado, mas em maior resolução. Elas mostravam os corpos mutilados dos caçadores, com o sangue espalhado pelo chão do metrô.

- Todos eles. E os reforços também. Nenhum sobrevivente.
Pego uma das fotos e sinto um nó na garganta. Eu reconheço o rosto de um dos caçadores, que tinha sido meu aluno. Ele era um rapaz simpático, tinha quase a minha idade, que tinha um sonho de se tornar um grande caçador. Agora ele estava morto, com o peito aberto e o pescoço dilacerado, o rosto quase irreconhecível.

-Que tipo de imortal está no metrô? - pergunto, colocando as mãos sobre a mesa, apoiando meu corpo. Eu já sabia a resposta, mas queria ouvir da boca de Baylor.
Havia apenas uma espécie de imortal capaz de causar tamanha carnificina: os licantropos, os lobisomens. Eles eram os mais ferozes e sanguinários dos imortais, que se transformavam em bestas selvagens na lua cheia. Eles também eram os meus maiores inimigos, pois foram eles que mataram a minha família

-- Licantropo - um dos membros da equipe respondeu, confirmado a minha suspeita. Era uma mulher morena e magra, que tinha uma cicatriz no rosto. Ela era a líder da Equipe 2, que tinha sido enviada como reforço.

- Conseguimos captar essa imagem de uma das câmeras de segurança do metrô. É ele o responsável pelos assassinatos - disse um dos analistas do laboratório, responsável por identificar as espécies dos imortais. - Ele aponta para um monitor, onde se vê uma imagem de um lobo gigante com olhos vermelhos. - Ele é o alfa da matilha.

- Você sabia disso e mesmo assim não enviou minha equipe? - Eu pergunto com a voz alterada. Eu sou a melhor caçadora de licantropos da organização, e eu tenho uma razão pessoal para odiá-los.

- Modere esse tom de voz ao se dirigir a mim, mocinha - Baylor disse, com autoridade. - O fato de você ser filha de London não te dá direito algum. Eu continuo sendo o chefe aqui, eu fui claro? - Ele expressa sua autoridade, batendo a mão na mesa. Ele me olha com ódio e desprezo.

- Você não passa de uma garota mimada e arrogante, que acha que pode fazer o que quiser. Você não tem experiência nem habilidade para enfrentar um licantropo alfa. Você só iria atrapalhar a missão e colocar em risco a vida dos seus companheiros

- Você mesmo disse que a espécie no metrô não havia sido identificada - digo, com uma veia saltando em meu pescoço. - Eu sou a mais experiente e bem treinada dos enviados da morte. E a minha Equipe é especializada em caçar licantropos, pois temos as armas e as técnicas adequadas para isso.
Eu sabia que Baylor tinha mentido para mim, para impedir que eu fosse para a missão.

- Eu sei, Aysha, me desculpe. Se eu dissesse a verdade, você teria ignorado minhas ordens e talvez uma das pessoas nessas fotos poderia ser você. Só quero te proteger -, sua voz fica suave e sua expressão se endurece.

Ele tenta me convencer de que estava agindo pelo meu bem, mas eu não acredito em uma palavra do que ele diz. Ele não se importa comigo, ele só tem medo do que eu posso fazer. Ele sabe que eu posso ter o dom de usar magia, assim como o meu pai biológico Cassius. Ele sabe que eu sou a única que pode derrotar o licantropo alfa. Ele sabe que eu sou a única que pode tomar o seu lugar como líder dos enviados da morte se eu quiser.

- Mentira! Você só quer se proteger porque sabe que, se algo acontecer comigo, meu pai te mataria. - Saí do laboratório, deixando Baylor constrangido diante dos outros membros.
Minhas palavras feriram seu orgulho, mas eu não recuaria. A missão era minha responsabilidade, e eu estava determinada a enfrentar o licantropo alfa, independentemente das mentiras e das intenções obscuras de Baylor.

Negociando Com a MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora