CAPÍTULO 14

9 3 2
                                    


Afrodite abriu os olhos lentamente, sentindo uma estranha umidade ao seu redor. Ela estava presa em um lugar que parecia uma caverna, mas as paredes não eram rochosas como as que conhecia. Eram feitas de pedra lisa e fria, esculpidas de maneira quase sobrenatural. À medida que seus olhos se ajustavam à penumbra, ela percebeu que o local estava repleto de estátuas—figuras imponentes e austeras de deuses que ela não reconhecia.

No centro da caverna, havia um altar de pedra, simples, mas imponente. Era rodeado por essas estátuas, cada uma posicionada com uma postura de poder e reverência. Afrodite olhou ao redor, tentando compreender onde estava e, mais importante, como sair dali. Ela parou de repente, seu olhar fixo em uma das estátuas perto do trono de pedra.

A estátua parecia... Thales. Ele estava representado segurando um relógio com uma mão e, na outra, uma espada. Algo nela parecia fora do lugar, e o medo começou a tomar conta de Afrodite. "O que isso significa?" ela se perguntou, enquanto se virava rapidamente, sentindo a presença de alguém atrás dela.

O homem encapuzado estava lá, observando-a calmamente. Sua figura imponente, envolta em sombras, fazia com que até mesmo Afrodite, uma deusa, se sentisse pequena e vulnerável.

"O que é este lugar?" Afrodite perguntou, tentando manter a compostura, embora seu tom traísse um leve tremor.

O homem riu, um som baixo e enigmático que ecoou pelas paredes da caverna. "Este é um lugar onde deuses como você não são bem-vindos," respondeu ele, sua voz firme e cheia de autoridade. "Este é o Santuário dos Deuses do Equilíbrio."

Afrodite sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela havia ouvido falar desse lugar apenas em lendas, boatos sussurrados pelos deuses mais antigos. Para ela, sempre pareceu uma história inventada, um conto de fadas criado para assustar os deuses mais jovens.

"Quem é você? É um deus também?" Ela perguntou, tentando esconder o medo que crescia dentro dela.

O homem não respondeu de imediato. Em vez disso, caminhou em direção ao trono de pedra no centro da caverna. Com uma graça que parecia sobrenatural, ele se sentou no trono, suas mãos repousando sobre os braços da cadeira esculpida. Assim que ele se acomodou, as estátuas ao redor começaram a brilhar levemente, uma após a outra, como se estivessem despertando de um longo sono.

Cada estátua começou a projetar uma imagem, uma visão da essência e das habilidades de cada deus que representavam. Afrodite viu um deus que controlava o tempo, outro que dominava os sonhos, outro ainda que detinha o poder sobre as memórias, e um que governava a própria vida. Mas a última visão fez seu coração parar: a imagem de um deus com olhos que pareciam poços sem fundo, envolto em sombras escuras e profundas, que sussurravam segredos antigos e terríveis.

"O Rei das Sombras," murmurou Afrodite, sem se dar conta de que falava em voz alta. O título parecia ecoar no ar, como se a própria caverna reconhecesse a importância daquele ser.

O homem encapuzado permaneceu em silêncio por um momento, antes de finalmente responder, sua voz reverberando pela caverna. "Sou aquele que equilibra as trevas e a luz, que guia os perdidos entre os reinos. E você, Afrodite, entrou em um lugar onde não tem poder. Aqui, seus truques e seduções não terão efeito. Este é o fim do seu caminho."

Afrodite tentou lutar, mas as sombras ao redor dela se apertaram, restringindo seus movimentos. Ela nunca tinha se sentido tão impotente. "Por que você está fazendo isso? O que você quer de mim?"

O homem apenas sorriu sob o capuz, suas palavras envoltas em mistério e ameaça. "Eu não quero nada de você. Apenas equilíbrio. E isso começa com sua ausência."

O Eclipse do Rei SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora