De Volta para Nós

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Estou tirando as malas do carro, quando sinto sua presença

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Estou tirando as malas do carro, quando sinto sua presença. Sei que, ao me virar, vou vê-la ali, me esperando como sempre prometeu que estaria. Mesmo assim, um frio percorreu minha espinha. Muitos anos se passaram desde que nos vimos pela última vez, desde que ela disse que me amava e acariciou meu cabelo até eu conseguir dormir naquela noite.

Apesar do turbilhão de lembranças me assombrando, consigo me virar e encontro seus olhos cor de mel brilhantes. Posso jurar que vi uma lágrima escorrer por sua bochecha. Ela sorri, e o vento espalha seu cabelo marrom ondulado de um jeito hipnotizante. Fico sem ar; se não me recompor, o próximo a chorar serei eu, e desta vez não sei se ela estará ali para me consolar.

Ela se aproxima com passos vacilantes, direcionando um olhar que percebo ser para a mala que seguro e eu a solto no mesmo instante. Fixo meu olhar no seu, torcendo para que retribua minhas emoções. Ela está ainda mais linda do que da última vez, e isso me orgulha. De alguma forma, imaginei a encontrar mal por conta da minha partida, uma parte horrível de mim esperava por isso. Mas ela está ótima; definitivamente, deixei de me acostumar com sua beleza.

Me senti teletransportado para a época que éramos adolescentes e tínhamos acabado de nos conhecer; eu mal conseguia trocar uma palavra com ela sem tremer de nervoso. Mas agora, não era mais apenas nervosismo juvenil. Havia uma tensão diferente, uma mistura de medo de que tudo pudesse desmoronar e esperança de que talvez pudéssemos começar de novo.

Sem contar que agora que ela se aproximou, consegui sentir aquele mesmo perfume doce que ela sempre usava. Preciso me segurar para não correr em sua direção e envolvê-la num abraço apertado. Não a soltaria nunca mais, não até recuperar o tempo perdido.

— Oi — ela diz e sorri, sem mostrar os dentes. Começo a lembrar de todas às vezes em que fez isso, estou ficando louco.

— Oi — respondo fraco, o ar preso na garganta. Reparo que se eu esticasse o braço, já poderia tocá-la.

— Você voltou.

— Eu voltei.

Noto seu nervosismo também. Ela mexe compulsivamente nos anéis, um hábito que ela tem para se acalmar. Me dói vê-la fazendo isso por minha causa.

— Não tinha certeza se você voltaria — ela diz sem emoção, o que parte meu coração em centenas de pedaços.

Nosso combinado foi cortar contato; não sabíamos que rumo as coisas tomariam, e isso seria melhor para os dois. Pelo menos era o que achávamos.

— Mas eu voltei — respondo, com um tom de esperança. Eu ainda a amava, nunca deixei de amar. Acho que ela percebeu isso.

Queria poder expressar o quanto me arrependi por ter ido embora. Mas mesmo eu estando aqui agora, não muda o fato de que ela pode muito bem ter encontrado outra pessoa para amar.

— Como você está? — pergunto, diante do silêncio. Tinha medo do que ela poderia me contar, mas precisava tentar aliviar o clima.

Com mais um passo, ela se aproxima, e posso observar suas sardas de perto, como elas se espalham pelo seu rosto e colo. O vestido que ela usa me permite ver seus ombros, também coberto de sardas. Sua boca brilha com o gloss de cereja, que já me pediu para comprar muitas vezes, e algo se revira dentro de mim.

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