Capitulo 3

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Nesgas de sol dançavam pela parede e pelo chão do quarto enquanto o sol entrava pela janela entreaberta, a cortina mal fechada balançando suavemente com a brisa fresca da manhã. Katsuki foi o primeiro a acordar quando os raios de sol bateram em seus olhos fechados, gerando desconforto.

A primeira coisa que sua mente sonolenta notou foi o peso e o calor confortável em seus braços; o calor e o perfume familiar o faziam querer continuar dormindo. No entanto, ele abriu os olhos lentamente, adaptando-se à claridade do local e estranhando o cômodo em que se encontrava. Definitivamente, não era seu quarto. Seu olhar vagou até a parede repleta de pôsteres do All Might, e ele piscou, confuso. Flashes da noite anterior vieram à sua memória: o jantar, ele levando Izuko até o quarto, a crise de pânico e o pedido gaguejante para permanecer no local.

Seu coração deu uma frenética batida quando, desajeitadamente, tentou se mexer e sentiu que estava imobilizado. Abaixou o olhar e viu uma massa fofa e verde recostada confortavelmente em seu peito. O perfume dos cabelos de Izuko o atingiu em cheio, assim como a constrangedora posição em que se encontravam. Bakugou ainda estava com os braços firmemente ao redor da cintura de Izuko, que tinha as pernas entrelaçadas com as suas e respirava pesadamente, totalmente alheio ao desespero de Katsuki. Aparentemente, eles haviam passado a noite nessa situação, e Bakugou não conseguia negar que fazia muito tempo que não dormia tão bem quanto na noite passada.

O coração batia tão rápido que Katsuki tinha quase certeza de que seria capaz de acordar Deku, que descansava a cabeça em seu peito, bem acima de seu coração, como se as batidas fortes e constantes o acalmassem. Pesou as opções que tinha naquele momento: tentar sair da cama e inevitavelmente acordar Izuko, o que geraria mais constrangimentos e provavelmente o deixaria ainda mais retraído, ou fechar os olhos e fingir que nada estava acontecendo.

Acalmando o coração, ele se rendeu e optou pela segunda opção. Saber que Izuko estava em segurança o deixava com a guarda baixa, mas ele negaria isso eternamente. Depois de fazer os exercícios respiratórios que havia ensinado ao amigo na noite anterior, ele lentamente se acalmou. Decididamente, ignoraria as grossas pernas entrelaçadas às suas e a mão quente e cheia de cicatrizes em seu abdômen.

Concentrando-se no doce ressoar da respiração do amigo, Katsuki quase conseguiu voltar a dormir, falhando apenas quando Izuko começou a se mexer preguiçosamente, aconchegando-se ainda mais em seu corpo. Katsuki sentiu os músculos de seu corpo se contraírem devido ao pânico, mas permaneceu com os olhos fechados. Izuko levantou a cabeça rapidamente, em um ato inconsciente, pelo susto; havia dormido demais.

Só então percebeu que não estava mais em algum prédio abandonado, onde o frio da noite rastejava por sua pele como um verme sorrateiro, mas sim em seu quarto nos dormitórios da U.A. E mais chocante ainda, com Katsuki o envolvendo em um abraço confortável enquanto dormia tranquilo ao seu lado. Então, lembrou-se do pedido ousado para que seu amigo permanecesse ao seu lado durante a noite. Agora que não estava mais protegido pela penumbra da noite, sentia-se envergonhado, ainda mais quando notou a posição em que se encontravam. Seu rosto queimou de vergonha. Ele lentamente retirou sua perna que estava sobre as de Bakugou e deitou-se ao seu lado, apoiando-se nos cotovelos enquanto encarava o rosto sereno do amigo de infância. Katsuki possuía traços fortes, sobrancelhas bem desenhadas que quase sempre estavam franzidas em uma expressão irritada. Izuko riu baixinho, aproveitando o momento em que podia contemplá-lo tão tranquilamente. Suavemente, passou a mão pelos macios cabelos cor de areia. Izuko não sabia dizer exatamente quando começou a ter sentimentos por Katsuki, mas ousava dizer que eles sempre estiveram lá, desde a mais terna infância.

Katsuki pareceu suspirar em seu sono, e Deku sentiu seu coração acelerar. Estava tão próximo. Tão próximo como jamais ousou sonhar. Com um toque leve como o de uma pluma, traçou o contorno de seu rosto. Apertou carinhosamente a junção das sobrancelhas, que já exibiam um vinco constante e marcado. Tocou levemente seu nariz e, após isso, o maxilar bem desenhado. Tão leve que não parecia sequer real, ele tocou os lábios rosados e finos. Controlou o ímpeto de aproximar seus lábios dos dele ou de afundar o nariz na curva de seu pescoço para sentir o perfume de sua pele. Não seria certo, e, conhecendo seu amigo como conhecia, ganharia apenas uma grande explosão em seu rosto, o que Deku considerou que seria justificado.

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