Capitulo 1 - A Festa universitária

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—  ☾ Luna ☾   — 


— Luna, você está no mundo da Lua de novo, não é?

A voz indignada do Lucas me tirou de um transe particular. Eu estava com meus fones de ouvido, escutando alguma música melancólica, enquanto observava os faxineiros da universidade furiosos com a quantidade de bitucas jogadas no pátio. Pareciam estar acusando os alunos sentados ali por perto.

— Desculpa, hã... O que era mesmo?

Tirei os fones o mais rápido que pude, mas não foi possível fugir da enorme revirada de olhos que Lucas lançou.

Sério, ele deve ter observado o interior da própria cabeça por alguns segundos.

— Ah, foi mal. — Escapou um sorriso sem graça dos meus lábios. Ele se rendeu a esse sorriso meia-boca.

— Ai, Luna, você sempre faz isso! — suspirou, mas sorria e acabou levando isso de forma leve. Em seguida, ele pegou seu celular, abriu em algum grupo de WhatsApp com um nome bem questionável.

Algo como: "Bota fora, Bicharada!"

Sério? O que era aquilo? Nem perguntei, pois em poucos segundos um banner muito mal feito estava diante dos meus olhos, com esse exato título genérico e alguns elementos visuais bem exagerados. Um legítimo banner de festa universitária.

— Vaaamos?! Vai ser tudo! Nossa primeira festa universitária.

— Já fomos na festa de boas-vindas, foi semana passada. — Retruquei.

Mas, no fundo, sabia que aquela festa foi nada mais do que uma coisinha organizada pela diretoria da universidade para postar fotos no Instagram. Os alunos pareciam estar engessados e desanimados por não ter uma gota de álcool para beber. Foi tudo muito robótico.

— Amiga, aquela não conta! Essa é a VERDADEIRA festa universitária, organizada pelas atléticas... com bebida, música e muita gente bonita pra beijar! — Ele estava tão empolgado que seu sorriso quase não cabia no rosto.

— Pior ainda, eu já odiei a última. Imagina essa.

— Ah, para de ser chata!

— Você sabe que eu não gosto desses lugares cheios de gente, Lucas.

Voltei a olhar para o pátio e percebi que os faxineiros já haviam saído. No final, eu nunca saberia se aqueles senhores acharam seus culpados. 

Me senti um pouco chateada.

— Por favorzinho! Amiga, eu não conheço ninguém nessa cidade além de você. Vai ser legal, você precisa sair dessa sua caverna, vamos?

Era verdade. Lucas e eu éramos dois paulistas da cidade cinza, vindo morar no litoral para estudar. Ele é meu amigo de infância, estava eufórico por finalmente estudar moda e dividir um apartamento. Se sentia vivendo uma de suas séries adolescentes.

Admito que era divertido; difícil mesmo era lidar com toda a empolgação de calouro vindo dele diariamente. 

Lucas sempre foi uma estrela.

O Eclipse entre nós duas | SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora