Hugo forçou uma tosse, chamando minha atenção enquanto apertava o volante.
— Sabe, você não deveria sair engolindo a porra de qualquer um por aí — disse ele, limpando a garganta em seguida. — Sem pelo menos, tipo, um teste de HIV antes.
Olhei para seu rosto quando ele virou para entrar com o carro na próxima rua. Um sorriso beirando meus lábios.
— Você não tem cara de ter HIV — afirmei, o que o ocasionou um riso nasalado.
— E Jeffrey Dahmer não tinha cara de um canibal — me encarou de canto de olho.
Levei as mãos aos lábios, escondendo meu sorriso enquanto virava a cabeça para fugir de seu olhar. Não queria que ele achasse que era engraçado.
— Eu não engulo... A porra de qualquer um — minha voz saiu rouca pela vontade de rir.
— Eu espero que não, pela sua própria saúde. Qualquer feridinha na boca já pode dar merda.
Ao estacionar em frente ao portão de minha casa, virou-se para mim, apoiando o braço no banco de passageiro enquanto eu ajustava a alça da minha bolsa no ombro.
Abri um sorriso tímido.
— Obrigada pela carona...
— De nada. Se você ir no café por esse horário todos os dias, não me importo de te dar carona.
— Mas esse nem é o caminho de seu apartamento.
— Não tem problema — respondeu com a voz firme.
Não pude evitar meu sorriso de boba apaixonada, junto com o coração se enchendo de empolgação.
— Eu tenho um gato, — lancei as palavras rapidamente antes que as engolisse — ele se chama Gargamel. Quer conhecer ele? Minha tia não está em casa.
Quase me arrependi por minha fala ao notar suas feições se desenhando pela surpresa, pingando o choque pelos seus olhos arregalados. Ele entendeu a sugestão do meu convite.
Logo meu peito relaxou quando sua expressão se desfez em um sorriso.
— Não... — Respondeu baixinho, seus dedos brincando com uma mecha do meu cabelo. — Quero te levar em um encontro descente antes de ter a honra de conhecer Gargamel, ok?
Suspirei, num misto de frustração e encantamento.
Não consigo entender exatamente. Um lado meu se
— Tá bom...
Sorriu, se curvando em minha direção para selar minha testa com um breve encostar de lábios.
— Vou te mandar mensagem hoje mais tarde para marcamos. Boa noite, Rafa.
— Boa noite.
E me retirei do carro. Já dentro do meu pátio, abanei a mão ao trancar o portão e ele deu partida no carro.
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Doce Como Café Preto
RomanceFadada a conhecer caras sem vergonhas e garotas ilusionais, Rafaela estava para desistir de conhecer alguém legal quando um raio a acertou: Hugo. Um garçom simpático de uma das cafeterias mais famosas de Porto Alegre. Oferecendo um simples café em u...