Desde que eu me lembro, ela sempre esteve lá. Ela era uma parte constante da minha vida, como o sol que nasce todos os dias.
Era impossível ignorá-la, com aquele sorriso que iluminava até os cantos mais sombrios de Tóquio. Eu a conheci quando éramos crianças. Seu nome era (seu nome), e lembro-me claramente do dia em que nossos caminhos se cruzaram pela primeira vez.
Eu tinha sete anos, e ela, seis. Estávamos no parque, e eu, como sempre, me metia em encrenca. Um garoto mais velho entrou em uma briga comigo, e eu, teimoso, logo parti para a briga, porem não imaginava que o garoto era tão forte, eu o subestimei demais.
No meio da confusão, (seu nome) apareceu, com uma coragem surpreendente para alguém tão pequena, e enfrentou o garoto. "para de bater nele seu idiota" ela gritou, sem hesitar, o empurrando fortemente e logo após agarrando minha mão para me puxar dali. Foi a primeira vez que alguém me defendeu, e desde então, ficamos inseparáveis.
Crescemos juntos, brincando pelas ruas estreitas e agitadas de Tóquio. À medida que os anos passavam, nossas brincadeiras mudaram. Começamos a compartilhar segredos, sonhos e medos.
Eu a levava para ver os motociclistas na estrada, o vento batendo no rosto dela enquanto ela ria de algo bobo que eu dizia. Ela sempre dizia que queria voar, e eu prometi que um dia a levaria para ver o mundo de cima.
Com o tempo, me envolvi com a Tokyo Manji, uma gangue que se tornou minha segunda família. Eu cresci, fiquei mais alto, mais forte, mais temido. Mas (seu nome) sempre foi a mesma, com aquela doçura inabalável. Ela nunca me julgou, nem tentou me afastar desse caminho. Pelo contrário, sempre acreditou que havia algo de bom em mim, mesmo quando eu mesmo não acreditava.
Houve um momento, não muito tempo atrás, em que percebi o quanto ela significava para mim. Estávamos sentados no telhado de um prédio abandonado, vendo as luzes da cidade piscando à distância. Ela falava sobre as estrelas, sobre como elas pareciam tão distantes, mas ao mesmo tempo tão próximas.
E então, eu a olhei de verdade. Seu rosto iluminado pela lua, seus olhos refletindo a luz suave do céu. Naquele instante, senti uma onda de calor e uma pressão no peito que eu nunca tinha sentido antes. Era amor. Eu a amava, e de alguma forma, sempre a amei.
Mas nunca disse isso a ela. O medo de perder o que tínhamos, a covardia de não querer mudar nossa amizade, me impediu. Eu continuava sendo o Draken, forte e indestrutível por fora, mas frágil e inseguro por dentro.
Até que um dia, tudo mudou. Recebi uma ligação inesperada. (seu nome) tinha sido atropelada enquanto atravessava a rua. Um acidente, disseram "Um motorista distraído". Corri para o hospital, mas era tarde demais. Ela já tinha partido.
Senti meu mundo desmoronar. Tudo o que restou foram as memórias, aquelas lembranças que agora eram tanto meu refúgio quanto minha tortura. Eu a via em cada esquina, ouvia sua risada ecoando em minha mente. O arrependimento me consumia. Eu nunca disse a ela o quanto a amava, o quanto ela significava para mim.
você levou um pedaço de mim, juro que queria deixar sua alma partir em paz, porem, seria mentira dizer que não sinto saudades de você, que não amo mais, meu peito ainda bate por ti.
Agora, sentado sozinho, olhando para o céu estrelado que ela tanto amava, tudo o que posso fazer é sussurrar seu nome no vento e esperar que, de alguma forma, ela possa ouvir. Eu a amei, (seu nome), mais do que qualquer outra coisa. E sempre a amarei, mesmo que agora tudo o que tenha restado sejam as memórias.