Capítulo Vinte e Três.

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Celine

— Você disse o que?
— Disse ao William que estou grávida!
— Por que fez isso, Celine? — Margot questiona.
— William está distante e tirou algumas coisas dele de casa, e Denis... ele ouviu William conversando com Natalie a respeito do fim de nosso contrato de casamento. — Margot me analisa e faz um gesto de negação. — Deduzi que ele fosse me pedir o divórcio e inventei a gravidez.
— Eu nunca vou te entender, Celine. Não acha que prendeu William a você por tempo de mais?
— Meu pai me mataria se William pedisse o divórcio faltando alguns meses para a corrida eleitoral, papai quer mostrar uma imagem de família sólida e quer que William o apoie publicamente.
— Está bem e o que quer que eu faça? — Margot parece disposta a me ajudar.
— Você só precisa arrumar alguns exames falsos. — Ela me olha com desaprovação. — Temos só até quinta-feira!
— Quinta feira?! — Seus olhos saltam. — Você é maluca. Isso é fraude, posso ir presa e...
— Não é fraude se eu vou engravidar de verdade de verdade! — A interrompo.
— Como pretende fazer isso?... se ele nem tem ficado em casa nos últimos tempos.
— Não sei! — Respondo de maneira firme. — Eu vou dar um jeito, nem que eu engravide de outro cara!
— Não posso fazer isso!
— Margot, precisa me ajudar! — Imploro e ela me lança um olhar preocupação.
— Quando foi a última vez que transaram?
— Não sei... tem um pouco menos de cinco meses!
— Isso tudo! — Ela me fita boquiaberta. — Ele vai descobrir e vai pedir um DNA, mesmo que você engravide as semanas não batem com a última vez que vocês ficaram juntos.
— Eu posso embebedar ele e fingir que transamos. William é fraco quando o assunto é álcool.
— Isso seria muito cruel... você sabe que ele tem tentado ficar longe do álcool à um tempo... — Margot faz uma pausa enquanto pensa em algo.
— Eu não me importo... só preciso resolver o meu problema!
— Alguns meses atrás William fez alguns exames...
— E daí...
— Posso pegar as amostras de esperma que ele cedeu para os exames. — Minha esperança se renova após a afirmação de Margot.
— Faria Isso?
— Faço... por você! — Ela responde. — Mas não podemos contar isso para ninguém, Celine. William não é doador de esperma e eu não posso usar o material genético dele para nada além de exames ou pesquisas, se descobrirem que inseminei em você eu posso perder o direito de exercer a medicina.
— Tudo bem! — Salto de alegria enquanto tomo Margot em um abraço. — Quando vamos fazer a inseminação?
— Primeiro temos que saber se está ovulando. Caso não esteja, vamos estimular através de hormônios, após essa etapa vamos inseminar os espermatozoides do Will em seu óvulo. — Margot conclui como se isso tudo fosse algo muito simples.
— Vamos fazer isso o quanto antes, não sei por quanto tempo vou conseguir enganar o Will .
— Talvez não precise... — Ela comenta pensativa. — Posso atender você em meu consultório ainda essa semana, eu invento um desculpa e digo que não estou conseguindo ouvir os batimentos do bebê...
— Não entendo. — Comento.
— Você "perde" esse bebê e depois que enganar o Will e "dormir" com ele vai estar grávida de novo, mas dessa vez de verdade e dele! — Margot explica e seu plano é perfeito. Impossível que William desconfie de mim.
— Então eu posso ir para a consulta ainda nesta semana?
— Sim! — Ela responde enquanto sua bolsa. — Vou indo... Traga o Will na consulta que temos marcada essa semana.

***

Espero os dias passarem enquanto William não voltar para casa e enquanto isso tento me desfazer da possibilidade de perder William. Foram longos anos até nosso relacionamento evoluir para o que somos hoje e bastou poucos meses para regredir tudo novamente. Foram muitas noites ouvindo ele implorar por outra, foram anos até termos uma vida sexual como um casal, William ainda não consegue me olhar nos olhos durante o ato mas eu posso ignorar esse fato. Agora finalmente estou me sentindo mais próxima a ele.
Linda limpa a garganta e chama minha atenção. — O que devo preparar para o jantar?
— Prepare uma lasanha vegana de berinjela!
— Will se juntará a nós?
— Não, Linda, prepare mesa só para nós três, Will está fora da cidade. — Faço um gesto com a mão para que Linda saia do meu campo de visão, depois tomo meu celular em mãos. Me preparo para ligar para William mas sou interrompida pela ligação de Denis.
— O que você quer?... Eu já não disse que não para me ligar durante o dia!
— Da próxima vez eu deixo você se foder sua idiota, esnobe! — Denis responde em baixo tom como se falasse ao telefone escondido de alguém.
— O que é tão importante?
— A casa caiu, Celine! — Agora Denis parece apreensivo. — O furacão Malie chegou a Nova York!
— A mesma garota da Viagem de formatura?
— Claro que é essa Malie ou tem outra por quem seu marido seja apaixonado? — Ele responde impaciente.
— O que quer que eu faça, Denis?
Eu realmente estou disposta a tudo para deixar William longe dessa mulher e proteger o meu casamento.
— Precisamos por um fim nela o quanto antes, Celine!
— Denis.. você quer matá-la? — Pergunto desacreditada. Pensei que nunca precisaríamos chegar a esse ponto.
— Tem ideia melhor?... se ela decidir abrir a boca, eu estou fodido!
— Acho melhor falar com ela... não sei se tenho coragem...
— Eu quase matei ela, se ela levar isso a diante eu vou ser condenado a prisão perpétua e você pode dar adeus ao seu casamento de mentirinha!
— Tudo bem. Vou conversar a respeito com o meu pai e ele vai me indicar a pessoa certa para o serviço.
— Faça isso o quanto antes, Celine, por que se eu cair você cai junto! William vai adorar descobri que você sabia que ele tinha um filho com a Malie e escondeu isso dele esse tempo todo! — Denis encerra a ligação me deixando em um completo silêncio. As palavras ainda martelam intensamente em minha mente. Essa mulher tinha que retornar justo agora?!.

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