A face da escuridão
"Quem, com monstros luta, deve ver que não se torne um deles" Friedrich Nietzsche em Além do bem e do mal
Os dias que seguiram foram envoltos em uma névoa de incertezas e delírios. As vozes do passado ainda ecoavam, mas agora eram acompanhadas por algo novo... uma presença que se manifestava nas sombras, como se o próprio abismo tivesse tomado forma e viesse até mim. Esse ser não falava, mas sua simples existência fazia com que o ar ao meu redor se tornasse denso e opressivo. Eu sabia, no fundo de minha alma, que estava prestes a enfrentar algo além da compreensão humana.
Cada noite era uma batalha contra essa escuridão crescente. Sonhos e pesadelos se misturavam, me arrastando para um lugar onde tempo e espaço não tinham significado. Eu me via em cenários distorcidos, onde o presente colidia com o passado, e o futuro parecia uma sombra ameaçadora que se aproximava rapidamente. A presença, essa entidade que agora me seguia, se aproximava mais a cada noite, como se estivesse esperando o momento certo para revelar sua verdadeira natureza.
Durante o dia, tentava me agarrar a qualquer resquício de normalidade. Mas o mundo que eu conhecia estava se desfazendo diante dos meus olhos. As pessoas que antes faziam parte da minha vida agora me olhavam com desconfiança, medo ou total indiferença. Eu me sentia cada vez mais desconectado da realidade, como se estivesse à beira de um precipício, prestes a cair em um vazio sem fim.
Foi em uma dessas noites de tormento que a presença finalmente se revelou. Em um sonho, fui levado a um lugar que parecia ao mesmo tempo familiar e completamente alienígena. As paredes eram feitas de sombras vivas, pulsando com uma energia sinistra. No centro desse lugar, eu vi a mim mesmo, mas não era o eu que conhecia. Era uma versão distorcida, um reflexo da escuridão que havia crescido dentro de mim.
A entidade tomou a forma desse reflexo sombrio, e foi então que compreendi a verdade. A presença era uma manifestação da parte de mim que havia sucumbido ao poder, ao abismo. Era o vilão que eu havia me tornado, personificado em uma forma que eu não podia ignorar. Ele me encarou com olhos vazios, mas cheios de uma malícia silenciosa. E foi ali, diante dessa face da escuridão, que percebi que a batalha que eu precisava travar não era contra uma força externa, mas contra mim mesmo.
No momento seguinte, fui consumido por uma sensação de desespero profundo. Eu sabia que não poderia escapar desse confronto, e que o resultado dessa batalha definiria não apenas meu destino, mas o destino de tudo ao meu redor. O eu sombrio começou a se mover em minha direção, e eu, embora apavorado, senti uma estranha determinação crescer dentro de mim. Era chegada a hora de decidir abraçar completamente a escuridão ou lutar para retomar o controle sobre minha alma.
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A rota do desespero
Science FictionA história segue um protagonista comum que, ao descobrir novos e poderosos poderes, acredita inicialmente que pode usá-los para o bem. No entanto, à medida que seus poderes se manifestam, ele começa a ser atormentado por vozes sombrias que o levam a...