Capítulo 14

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O último suspiro da esperança

"Eu sou grato mesmo, ao meu sofrimento: foi o que fez de mim quem eu sou." Friedrich Nietzsche em Ecce homo

A escuridão parecia ter se instalado em mim de forma definitiva. Cada vez mais, eu sentia que estava sendo arrastado para um abismo sem fundo, onde a luz se tornava uma lembrança distante, quase como um sonho que lentamente se desfazia. Os dias passavam sem que eu percebesse a diferença entre o amanhecer e o anoitecer. Tudo ao meu redor parecia cinza, sem cor, sem vida.

Mas em meio a esse mar de desolação, algo inesperado aconteceu. Enquanto eu vagava sem rumo por uma cidade que parecia deserta, fui atraído por uma luz fraca, quase imperceptível, que piscava em um beco estreito. Era como se algo – ou alguém – ainda estivesse tentando me alcançar. A curiosidade, misturada com um último resquício de esperança, me levou até aquela luz.

No fim do beco, encontrei uma pequena vela acesa sobre um degrau de pedra, protegida do vento por uma antiga lanterna de vidro. Ao lado dela, havia um pedaço de papel amarelado pelo tempo, com uma única frase escrita: "A luz nunca se apaga, mesmo nas trevas mais profundas." A simplicidade da mensagem me atingiu de forma inesperada, reacendendo algo dentro de mim que eu acreditava ter perdido.

Peguei a lanterna e continuei a caminhar, agora guiado por aquela pequena chama que parecia teimar em não se apagar. O brilho fraco iluminava meu caminho apenas o suficiente para que eu não tropeçasse nas sombras que me cercavam. A cada passo, o eco daquelas palavras ressoava em minha mente, como um mantra que eu repetia para não sucumbir completamente à escuridão.

Mas o caminho adiante não seria fácil. A cada curva, a cada esquina, sentia a presença da escuridão se fechando ao meu redor, como se estivesse esperando o momento certo para atacar. Eu sabia que não poderia escapar dela, que a batalha que se desenrolava dentro de mim ainda estava longe de ser vencida. No entanto, pela primeira vez em muito tempo, senti que não estava completamente sozinho.

Aquela luz, fraca e trêmula, era um lembrete de que a escuridão não era invencível. Ela representava algo que eu havia esquecido – a resistência, a capacidade humana de encontrar luz mesmo nos momentos mais sombrios. E com esse pensamento, continuei a caminhar, decidido a não me render, a continuar lutando contra as trevas que me assombravam.

Ainda assim, a incerteza pairava sobre mim como uma sombra persistente. A jornada estava longe de acabar, e eu sabia que o pior ainda poderia estar por vir. As vozes que antes me atormentavam agora sussurravam de forma sutil, como se estivessem aguardando uma nova oportunidade de me dominar. Eu sentia que algo mais profundo e sombrio estava à espreita, algo que eu ainda não havia enfrentado.

Com a lanterna em mãos e o coração apertado pela incerteza, percebi que o caminho à minha frente era longo e traiçoeiro. A batalha estava apenas começando, e a escuridão dentro de mim ainda não havia desistido. Mas, por ora, eu ainda segurava aquela pequena luz, e enquanto ela estivesse acesa, eu também continuaria a lutar, porque, de alguma forma, eu sabia que a história ainda não havia terminado.

A rota do desesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora