Taibon

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"Diga-me, se puder: meu remédio já está pronto?"

Exatamente uma vez por dia, Maomao tinha permissão para sair do quarto em que estava confinada para ser levada, sob guarda, para Shenmei. O quarto de Shenmei era tão luxuoso que ninguém acreditaria que estava no meio de uma fortaleza. O chão estava coberto por um tapete grosso de fabricação estrangeira, e a mobília era igualmente exótica. Aromas de chá, flores e mel flutuavam no ar.

A dona do quarto estava reclinada em uma poltrona, uma dama de companhia pintava suas unhas da mão esquerda. Um jovem ajoelhado perto, massageava-lhe os pés. O quarto estava impregnado com o cheiro de incenso. Atrás de Shenmei havia uma cama grande na qual algumas mulheres rolavam e riam. Havia outro odor no ar também: álcool. O quarto cheirava a pura decadência.

Maomao fungou audivelmente. É algum tipo de mistura, ela pensou. Uma base de água de almísca misturada com vários outros ingredientes.

As mulheres descansando na cama pareciam estranhamente letárgicas — difícil dizer se era embriaguez ou outra coisa. Loulan estava atrás de Shenmei, mastigando um lanche. Suirei estava penteando o cabelo dela. Em algum outro cenário, elas poderiam parecer duas irmãs compartilhando um momento doce. Aqui, elas pareciam apenas mestre e serva.

"Acredito que vai demorar um pouco mais." Maomao respondeu.

"Oh céus... É mesmo?" Com um aceno de seu leque, Shenmei mandou Maomao sair da sala.

Assim que ela estava segura, de volta ao corredor, Maomao respirou fundo. Então ela viu um rosto familiar olhando em sua direção.

"Ei, apotecária." Aquele tom sapeca — era Kyou-u. (Ela nunca havia dito especificamente seu nome, e ele não tinha sido apresentado a ela, por isso ele simplesmente a chamou de "apotecária.") Atrás dele estava uma dama de companhia que ela considerou ser sua cuidadora, junto com outros quatro garotos.

"Sim? Como posso ajudar?" Ela perguntou educadamente.

O que ela queria dizer era: O que foi, seu merdinha? Mas essa não era a hora nem o lugar. Até Maomao tinha um senso de autopreservação, e com a dama de companhia — e seu guarda corpulento — presentes, ela não podia se dar ao luxo de insultá-lo.

"Eca, assustador!" Ele exclamou.

Eu quero muito bater nele. Maomao prometeu a si mesma que da próxima vez que estivessem sozinhos, ela lhe daria o cascudo da vida dele. Embora, infelizmente, não parecesse que ela teria essa chance tão cedo.

"Se você não precisa de nada de mim, senhor, eu gostaria de voltar para o meu quarto." A situação de Maomao estava longe de ser ideal, mas ela não se opôs ao que estava realmente fazendo. Ela recebeu um suprimento de medicamentos que teriam servido admiravelmente até mesmo em um consultório médico adequado — mesmo que muitos deles estivessem ficando velhos. E ela estava emocionada por ter tantos materiais escritos para trabalhar. Quem quer que tenha sido o apotecário antes dela, ele era muito talentoso.

"Ei, havia alguma outra mulher lá?"

"Sim, senhor."

Quer dizer, pelo o que eu vi, né. Elas não estavam em um estado muito bom para serem vistas por uma criança. Aquela cena degradante não era para os olhos de meninos. É verdade que, quando ela tinha a idade de Kyou-u, Maomao estava mais familiarizada com a cópula entre homens e mulheres do que com a de, digamos, gatos ou cachorros, e qualquer chance de ela ruborizar de constrangimento com o pensamento já havia desaparecido. Mas aquilo era diferente.

"Então, uh, minha mãe está lá. Ela parecia bem? Eu sei que ela estava ocupada com o trabalho..."

Depois de um segundo, Maomao respondeu: "Acho que não posso te dizer. Não sei de qual das mulheres você está falando."

Diários de uma Apotecária (Kusuriya no Hitorigoto) Light Novel 4Onde histórias criam vida. Descubra agora