Coisas de amigas

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S/n Point Of View
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Assim que o treino termina, caminho até meu pai, que estava concentrado em gravar tudo com um sorriso orgulhoso no rosto. Eu sempre amei o jeito como ele me apoiava incondicionalmente. Ao lado dele, meu irmão Henri estava igualmente entusiasmado, gritando e aplaudindo a cada movimento meu. Sinto uma onda de gratidão e vou abraçar os dois, sentindo o calor e o apoio deles me envolver.

Logo, meu pai organiza todo mundo no carro para ajudar com a mudança para minha nova casa. Henri está sentado no colo de Rebeca, enquanto Jade se acomoda no colo de Lorrane, e Flávia se ajeita no colo de Julia. Dirijo cuidadosamente pelas ruas movimentadas, até chegarmos ao condomínio onde vou morar.

- Caraí, papai Kriston, você não dá um desconto, né? - Lorrane brinca, arrancando risadas de todos.

- Esse nem é o mais luxuoso - brinco de volta, enquanto estaciono o carro e todos começam a se ajeitar para descer.

- Kriston! - Um homem se aproxima para cumprimentar meu pai.

- E aí, Erick. A S/N vai morar lá em cima agora. Fica de olho caso algo estranho aconteça, tá? - Meu pai avisa o porteiro, que acena concordando.

- Que coisa estranha? - Flávia pergunta, mas eu disfarço, puxando as garotas para o elevador.

- Certinho, só cabe oito pessoas - Julia observa assim que entramos na caixa de metal que nos levaria ao topo.

- Vocês são doidinhas - meu irmão comenta, segurando minha mochila com firmeza.

- É a Julia que fugiu do manicômio - provoco, vendo Julia arregalar os olhos em fingida indignação.

- Inclusive, sua mãe e eu fomos grandes amigas lá dentro - ela responde, provocando outra onda de risadas enquanto o elevador nos leva ao 24º andar, o último da torre.

Ao sairmos, Julia corre até o sofá, jogando-se com um suspiro dramático.

- Meu Deus! Já tô imaginando a gente louconas aqui, e no dia seguinte uma família feliz cozinhando miojo - ela comenta, arrancando mais risadas.

- Parece que tá tudo arrumado - Henri diz, subindo para verificar os quartos.

- Pai?! Vem cá - ele grita, e sigo meu pai rapidamente.

Chegamos ao meu quarto, que é três vezes maior que o antigo, e já era enorme. No canto, notamos algo estranho.

- Aqui tem câmera, como assim? - Henri aponta, surpreso.

- Sua mãe não tem jeito - meu pai murmura, puxando os fios e a câmera do lugar. Ele rapidamente disca um número no telefone.

- Amanhã vai vir um homem verificar se não tem mais câmeras escondidas, tá bom, papai? - Sorrio com o apelido e o abraço com força, sentindo-me grata.

- Acho que vou embora hoje. A Dani disse que não tá conseguindo dormir - Henri faz um bico, recebendo um abraço em seguida.

- Domingo marcamos um almoço aqui, que tal? Aí eu trago o Caio pra você conhecer - concordo, acompanhando-os até o andar debaixo.

- Não tem compra, vamos no mercado - meu pai ri, sentando-se no sofá e chamando um carro pelo aplicativo.

- Podem ir. Quando nós sairmos, eu encosto a porta. A chave reserva tá debaixo do vaso de planta aí fora - concordo, e logo saímos para o estacionamento novamente. Julia e Jade discutem sobre quem vai no banco da frente, mas Flávia rapidamente ocupa o lugar.

- Esse é meu lugar, Flávia. Você que não encontre o seu - Julia cruza os braços, fingindo raiva.

- Entrem logo - digo, enquanto as outras se apertam no banco de trás.

- Já pensou a gente tá aqui, sua mãe chega e vê a gente bebendo? - Lorrane comenta pelo retrovisor.

- Tá doida? Hoje é segunda - respondo, rindo.

- E daí? A gente bebe cedo e dorme cedo, consequentemente acorda cedo - Julia diz, sempre prática.

- Eu não vou poder ficar. Hoje eu disse que iria ajudar minha mãe com umas coisinhas. Pode me deixar em casa, S/N? - Rebeca pergunta, e concordo, dirigindo até sua casa.

Após deixá-la, seguimos para o mercado. Cada uma pega um carrinho e nos dividimos pelos corredores.

- Se dividam entre setores - digo, e logo corremos em direções opostas. No corredor de limpeza, pego tudo o que já conheço e algumas novidades também. Ao sair, vejo Julia com um carrinho cheio de bebidas.

- Que foi? Já ameniza nossa ida até a adega. Até gelo de coco eu peguei - ela diz, rindo, e eu balanço a cabeça.

Provavelmente seria minha primeira compra realmente grande sendo independente. Abro o aplicativo do banco e me surpreendo. Nunca tinha checado quanto dinheiro tinha. Se há algo em que minha mãe nunca interferiu, foi nas minhas finanças. Meu dinheiro sempre foi meu, e meu pai, um dos advogados mais renomados de São Paulo, sempre garantiu isso.

- Tá olhando o que aí? Tá porra - Julia se aproxima, espiando a tela.

- Divide aí um pouco - ela brinca, e seguimos para o caixa. As pessoas nos olham enquanto passamos com cinco carrinhos lotados. Eu sabia que estava comprando demais para alguém que ia morar sozinha, mas quem se importa? Estava me sentindo livre pela primeira vez.

- Lá tem geladeira o suficiente? - Lorrane pergunta.

- Tem duas na cozinha, duas na área aberta e mini coolers nos quartos - respondo, contando nos dedos.

- Qualquer coisa, vocês levam metade pra casa - digo, enquanto terminamos de passar tudo. A atendente nos agradece por atingirmos sua meta de vendas.

- Caraí, 15 mil em compra, tá doido - Lorrane diz, incrédula.

- Só 10, foi o tanto de bebida que a Julia pegou - rimos juntas.

Saímos dali, todas carregando sacolas e empurrando o carrinho. Não calculamos direito quantas coisas caberiam no carro, então as meninas acabam segurando metade das sacolas no banco de trás.

De volta ao apartamento, nos dividimos para guardar tudo. Eu e Jade ficamos na cozinha, enquanto as outras organizam o resto da casa.

- A Julia me contou o que aconteceu na sua casa ontem, está tudo bem? - Jade pergunta, enquanto guardo as coisas na geladeira.

- Tirando o fato de que ainda acho que minha mãe é uma louca? Tá tudo ótimo - respondo, pegando outra sacola.

- É complicado, mas sempre que precisar, estou aqui para conversar, desabafar e ajudar - Jade diz, e sorrio, abraçando-a.

- Obrigada, Jade - digo, sentindo-me grata por sua amizade.

Flávia entra na cozinha com um monte de sacolas, me olhando com os olhos semicerrados, e sinto um arrepio. Provavelmente eu estaria encrencada.

- Tive uma ideia - Julia aparece, já separada de Jade.

- Vamos assistir Crepúsculo. Cada vez que a Bella for cringe, a gente bebe - ela sugere, rindo, e a ideia parece perfeita para encerrar o dia.

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Frio do diabo do carai, vcs morar em sp? eu amava o frio, era louquinha por frio, até eu ter que levantar da minha cama pra fazer coisas de adulto, si fudekkkk que raivaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Duelo - Flávia Saraiva/YouOnde histórias criam vida. Descubra agora