A pedido de St44rb0y
Eu não gosto de nada do que eu mostrei para ela, mas eu amo ela.
Eu levo flores para ela todos os dias que vou vê-la. Nos nossos encontros sempre vou com a roupa mais social possível, se ela quiser eu até coloco uma gravata. Eu passei dias aprendendo sobre vinhos para impressionar ela e compensou muito pelo olhar dela.
Estamos juntos há quase um ano e eu nunca falhei com a máscara que uso para fazer ela gostar de mim.
Entretanto, eu cometi um deslize não previsto.
Eu saí para beber com meus amigos em um bar longe do centro da cidade. Falei a ela que iria para a cama mais cedo. Eu precisava sair do papel de "namorado perfeito" que criei.
Mas em todo o tempo que estamos juntos eu nunca sonhei em ver ela entrando nessa casinha de bebida boa e barata, com mesas de sinuca em cada canto e música alta.
Ela estava ali.
Uma calça jeans, camiseta branca e uma jaqueta de couro. É a primeira vez que a vejo com algo que não é colorido e nem chamativo.
Onze meses de namoro e ela não parece a garota que eu conheço, mas eu me apaixonei.
Ela estava bebendo cerveja. Repito cerveja. Bebida que ela nunca bebeu quando estava comigo por dizer que não gostava. Estava jogando sinuca do outro lado do bar enquanto cantava todas as músicas que saía da caixa de som. Comendo petiscos com uns amigos e bebendo cerveja.
Eu não conheço minha namorada ou aquilo é só uma fachada para se enturmar melhor com o grupo?
Mas não consegui pensar numa resposta para isso até nossos olhos se cruzarem e foi aí que tudo ficou quieto.
A música não tocava mais, a conversa se encerrou, o bilhar já não tinha mais graça e as luzes daquele lugar já estavam muito fracas.
Eu só conseguia prestar atenção no sorriso dela sumindo e sendo substituído pela apreensão. O rosto empalidecido, o olhar amedrontado, a boca dela pareceu seca mais seca do que a minha estava.
Deixei minha bebida na mesa e a segui rumo fora do bar.
— S/N, espera! — Pedi correndo pela rua até segurar o corpo dela e a fazer olhar para mim.
— Desculpa, eu...
— Eu que devo me desculpar, querida. Eu menti para você. — Disse segurando o rosto choroso.
— Eu também menti... Eu...
— Você gosta de cerveja?
Ela ficou quieta por um segundo antes de assentir.
— E sabe jogar sinuca?
— Sei...
— E usa couro?
Ela ficou tímida. Abaixou o olhar e fitou qualquer coisa que não fosse eu.
— Você não pode me julgar tanto. Eu nunca imaginei que você fosse estar nesse tipo de bar!
— Eu que devia dizer isso!
— Você disse que ia dormir mais cedo.
— Desculpa... S/N, eu te amo.
Admiti antes de selar meus lábios no dela e senti um gosto diferente das últimas vezes.
— Eu te pago uma cerveja, que tal?