30. Alianças Em Driftmark

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Capítulo 30

Alianças Em Driftmark

O quarto de Visenya estava mergulhado em sombras, com a luz do sol se esvaindo pelas pesadas cortinas nas janelas, quase sufocando a beleza de um dia que lá fora, sem dúvida, resplandecia em azul e dourado. O crepitar das chamas na lareira, um som contínuo e quase hipnótico, era o único barulho constante, contrastando com a melodia melancólica que um jovem músico arrancava delicadamente de sua harpa.

Sentada no meio da cama, Visenya observava o quarto com um olhar vazio, suas costas estavam pressionadas contra a cabeceira de madeira escura, coberta por mantos de seda, que embora luxuosas, faziam pouco para aquecer o gelo que parecia ter tomado seu coração. A taça de vinho em suas mãos era sua única companhia fiel, um consolo amargo que não trazia alívio, mas era melhor que o vazio.

O músico jovem, com feições marcadas pelo nervosismo, dedilhava sua harpa com dedos trêmulos. A melodia suave e melancólica parecia refletir cada pedaço da dor que Visenya sentia. Já havia passado horas, e ele repetia a mesma canção, sem se atrever a questionar as ordens da princesa. Desde que Daemon havia partido, cada dia arrastava-se como uma eternidade, e o silêncio se tornara insuportável.

Ela esperou durante todos os dias, ansiosamente, por qualquer sinal dele, uma carta, uma mensagem, uma palavra que demonstrasse que ele ainda se importava, mas o silêncio que recebeu em troca foi ensurdecedor, e então, o golpe final: Meistre Mellos, com a ordem cruel de Viserys, trazendo-lhe o Chá da Lua. Era como se todos os seus desejos, todos os seus sonhos, tivessem sido varridos como folhas secas no vento.

O som da harpa preenchia o ar, o músico cantava uma canção que falava de promessas quebradas e corações despedaçados. Cada nota parecia penetrar em seu coração, como uma lâmina afiada, revivendo a dor de ter sido enganada por alguém que ela julgava conhecer tão bem. Sua mente estava repleta de perguntas sem respostas, de sentimentos que se debatiam entre a raiva e o desespero.

—— De novo, mas mais triste dessa vez. —— ordenou ela, a voz carregada de uma amargura quando o jovem terminou a música.

O rapaz hesitou, seus olhos encontrando os dela por um breve momento, onde encontrou um olhar mortal, cheio de expectativa impaciente.

—— O que você está esperando? —— ela questionou, a impaciência clara em seu tom —— Comece a tocar.

O músico rapidamente começou a tocar, mas foi abruptamente interrompido quando as portas do quarto se abriram com um rangido pesado. Viserys entrou, o semblante severo suavizando-se brevemente ao ver a condição da irmã. O rei parecia mais cansado do que o habitual, com os ombros caídos e as linhas de preocupação profundamente marcadas em seu rosto.

—— Majestade. —— disse o músico, levantando-se apressadamente, curvando-se em respeito.

—— Você pode ir. —— Viserys ordenou, sua voz autoritária, mas sem a usual dureza.

O jovem músico se retirou em passos rápidos, aliviado por deixar o quarto sufocante e a tristeza da princesa para trás. A porta se fechou com um clique, deixando os dois irmãos sozinhos. Visenya, no entanto, manteve o olhar fixo em sua taça de vinho, girando o líquido vermelho como se esperasse encontrar respostas ali, nas profundezas daquele líquido rubro que tanto consumia.

—— Levante-se e se arrume, vamos a Driftmark. —— ordenou o rei, sua voz impregnada de uma falsa calma que não escondia a urgência por trás de suas palavras —— Lorde Corlys não respondeu nenhum dos corvos, então, vamos até ele.

—— Você pode ir sozinho, não precisa de mim. —— rebateu, sua voz baixa e desinteressada, como se as palavras mal tivessem energia para serem ditas.

The Rise Of The Queen - House Of The Dragons Onde histórias criam vida. Descubra agora