O sumiço.

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Parece que a brisa gelada já virou rotina, percorrendo minha espinha.

Antes, era tão bom sentir o vento nos refrescando, mas desta vez, algo parecia diferente.

Havia uma barreira, um incômodo que eu não conseguia ignorar.

Talvez fosse pelo fato de o Documento ter sumido sem avisar.

Isso estava martelando na minha cabeça, e eu não sabia como lidar com a situação.

As últimas palavras que dirigi a ele foram ásperas, e agora, me corroía a dúvida: será que ele foi embora por minha culpa?

Que droga.

Em questão de minutos, já estávamos estacionados numa rua antes da praia. Todos exibiam sorrisos largos, enquanto o máximo que eu conseguia era forçar um sorriso amarelo. A preocupação não me deixava relaxar e aproveitar o momento.

Tudo bem, ele pode ser um desgraçado, mas eu não queria que ele deixasse de curtir a viagem por minha causa.

— Alô? Terra chamando a Bella? - As meninas balançaram as mãos diante do meu rosto, me tirando do transe. Todos já haviam saído do carro, e logo depois, eu também saí, sendo puxada por elas.

— Vamos! Tá chateadinha porque o namoradinho sumiu? - Duda provocou, e eu a encarei. — Calma, foi só uma brincadeira.  Ele deve ter ido caçar outra por aí. — Tentou amenizar, mas eu só dei de ombros. — Pouco me importa. - Respondi, seguindo para estender um pano na areia com as coisas que trouxemos.

— Até agora, não entendi como essa garota veio parar aqui. - Lucca disse, intrigado, e eu expliquei.

— Ela viu algumas fotos que postamos e perguntou onde estávamos. Eu respondi, ai a vagabunda mal amada apareceu como uma pedra no nosso sapato. - Falei calmamente enquanto terminava de forrar a areia.

— Parece que ela não se enxerga. - Lucca comentou, e eu não disse mais nada. - Vamos para o mar, Bella! - Antonella chamou, e eu me levantei rapidamente, mas parei ao ouvir risadinhas atrás de mim. — A Isabella? Nadar? Ela mal sabe. É capaz de se afogar. — Duda zombou, rindo. — Mas vai ser bom, lugar de baleia é no mar.

— Você não cansa de ser inconveniente? — Meu irmão passou ao lado dela, esbarrando de propósito, enquanto eu ignorei e segui meu caminho. Eu realmente não entendia por que Duda insistia em nos seguir apenas para me fazer sentir mal. Ou pelo menos, tentar.

Ela é tão bonita! O que estraga é essa personalidade de merda. Ela sempre encontra uma brecha para tentar me afetar, sempre. Mas antes, não era assim. Ela sempre me ajudava em tudo. Não fico triste pelo que ela faz comigo; fico desapontada com o que ela se tornou. Ela era tão cheia de luz.

Gustavo Ribeiro.

A primeira frase que ela soltou ao entrar na casa foi algo sobre pincéis.

Ela queria pintar, e claro, eu iria atrás disso para ela.

Não importava quanto tempo levasse, o que realmente importava era ver o sorriso no rosto dela ao receber.

E aqui estou eu, diante de uma prateleira cheia de pincéis, escolhendo alguns para minha garota. Tudo bem, eu peguei trânsito e demorei três horas para chegar aqui, mas isso não importava mais. — Ela gosta de vermelho e preto, vou pegar todos nesses tons. - Murmurei para mim mesmo, até que uma vendedora se aproximou.

— Olá, como posso ajudar? - Ela perguntou, sorrindo.

— Quero todos os pincéis pretos e vermelhos que você tiver na loja. - Disse, cruzando os braços, esperando sua resposta.

Entre luxos e simplicidade.Onde histórias criam vida. Descubra agora