A manhã seguinte chegou rápida demais. Mesmo assim, levantei antes do despertador, meu corpo agindo por conta própria. Ao descer para o café, encontrei Penha já acordada, com uma expressão cansada, mas determinada. Minha mãe estava na cozinha, preparando algo simples para o café da manhã.
- Dormiu bem? - perguntei, tentando soar despreocupada, mas meu olhar se fixou nas olheiras dela.
- Mais ou menos. Não é fácil esquecer tudo o que aconteceu - respondeu Penha, forçando um sorriso.
- Se precisar de mais tempo, você pode ficar aqui o quanto for necessário, viu? - minha mãe disse, com um tom acolhedor.
Penha assentiu, mas percebi que ela estava ansiosa para seguir em frente, para retomar a vida, mesmo com tudo o que aconteceu.
Terminamos o café em silêncio, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. A caminho da escola, comecei a pensar melhor sobre a realidade da situação. Penha não era o tipo de pessoa que se abria facilmente sobre os próprios problemas, e eu sabia que o peso de tudo isso estava caindo sobre ela de uma forma que talvez ninguém pudesse realmente entender.
Quando chegamos, Vitória e Milena já estavam esperando na entrada. Elas vieram até nós com aquele olhar que dizia tudo sem precisar falar. Mas, claro, falar era exatamente o que íamos fazer.
- E aí, como foi a noite? - Vitória perguntou, com a preocupação estampada no rosto.
- Foi ok - Penha respondeu, meio encolhida, mas tentando parecer forte.
Milena olhou para ela com carinho.
- Conseguiu dormir? Você tá melhor?
- Dormi... - Penha deu de ombros. - Mas ainda tô tentando entender tudo e me acostumar com a ideia.
Eu dei um leve empurrão no braço dela, de leve, só pra quebrar o clima.
- Vai melhorar, Penha. A gente tá aqui.
Ela sorriu, meio sem jeito, e eu vi o alívio que ela sentia em ter a gente ali.
Passamos o dia inteiro assim, meio que num ritmo mais lento, mas juntas. Eu nem pensei no Gabriel ou no Erick. Parecia que todo o resto não importava tanto quanto estar ali pra Penha.
No intervalo, o Gabriel tentou falar comigo de novo. Ele veio com aquela cara de impaciência, mas eu nem tinha cabeça pra isso.
- Raquel, a gente precisa conversar - ele começou, já com aquele tom irritante.
Eu só balancei a cabeça e falei de forma rápida:
- Gabriel, eu tô ocupada, a gente tá resolvendo um negócio aqui, depois a gente conversa. Desculpa, tá?
Ele ficou me olhando, meio que sem entender, mas não insistiu, ainda bem.
Depois das aulas, voltamos pra casa. Estávamos exaustas, mas a sensação era diferente. Tinha um alívio ali, uma sensação de que, mesmo cansadas, as coisas podiam melhorar.
Mais tarde, quando finalmente peguei meu celular, vi que a notificação com mensagens do Erick.
**Erick:** Oi, Raquel, o que aconteceu? Você não apareceu mais
**Erick:** Não gostou do que aconteceu entre a gente?
**Erick:** Eu fiz algo errado?Meu Deus, como eu esqueci do Erick? O pior era imaginar que ele ainda estava pensando que fez algo de errado.
Imediatamente eu iniciei uma chamada, esperando ansiosa que ele atendesse. Mil pensamentos rolaram pela minha cabeça naquele instante.
- Como eu pude fazer isso... - murmurei pra mim mesma, enquanto ouvia o som de chamada.
E, com o coração acelerado, esperei ele atender.
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Entre Ódio e Desejo
RomanceRaquel se muda do interior para a cidade e começa a estudar com Milena, uma garota popular e carismática. No entanto, Raquel se vê atraída por Erick, o namorado dela. Enquanto Erick usa Milena para satisfazer seus próprios desejos e alimentar seu eg...