❛ Himari sempre se sentiu sufocada, pressionada pela sombra esmagadora de ter nascido em um dos três grandes clãs. Enojada pela sujeira que era jogada para debaixo do tapete quando ninguém estava olhando, no ponto cego da sociedade jujutsu. Desolada...
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O jujutsu surgiu para proteger os mais vulneráveis.
Se você nasceu com habilidades sobrenaturais que te permitem ser forte e com vantagens contra o mal do mundo, por que não lutar por aqueles que não podem? É assim que deve ser, essa é a ordem natural da vida.
Ou deveria ser.
A ganância e a sede por poder, dinheiro e principalmente, ter o ego acariciado corromperam lentamente os heróis, distorcendo os lados. Foi assim também nos três grandes clãs, que às escondidas cometem atrocidades desprezíveis enquanto sob a luz do sol são reverenciados como heróis. Nem mesmo suas próprias famílias eram capazes de escapar de suas garras.
A sociedade jujutsu faria tudo para controlar o maior poder possível em suas mãos imundas. Mesmo que isso implicasse sacrificar vidas inocentes.
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As espadas de madeira chocam-se uma contra a outra, produzindo um estalo alto, movimentos rápidos e claramente tão desproporcionais quanto injustos para um dos lados. A pobre criança tenta acompanhar os movimentos de seu instrutor, mas não importa o quanto se esforce, no final ele sempre a golpeia na barriga com força, jogando-a para trás. Como se não fosse um homem adulto e feito contra uma menina de cinco anos.
Lágrimas escorrem pelo rosto arranhado de Himari enquanto ela se esforça para se levantar do chão de terra, sua força parece ter se esvaído e seus braços não respondem aos comandos. Suas mãos sangram e doem como se estivessem sendo queimadas pelo fogo do próprio inferno.
Era demais, ela não aguentava mais passar por isso todos os dias. A pequena Kamo sequer entendia por que precisava fazer isso.
— Levante-se, o treinamento ainda não acabou, pirralha. — a voz grossa e intimidadora do homem bradou alta, fazendo o pequeno corpo de Himari tremer até os ossos. Depois de tantos meses assim, ela já sabia que se não obedecesse, só apanharia mais.
Mordendo o lábio para tentar não chorar alto pela dor, ela se apoia para se ajoelhar no chão e só depois se colocar de pé. Ela não estava firme, longe disso. Seu corpo estava magro e tão frágil que até um sopro a derrubaria.
— Você parece só estar ficando mais fraca a cada dia. Estou perdendo meu tempo treinando uma pirralha inútil dessas — disse com desgosto — Mulheres da sua idade deveriam estar aprendendo bordado e boas maneiras para cuidar dos maridos.
O pequeno punho de Himari se apertou enquanto o sangue pingava no chão, a pele infantil tão calejada que estava na carne. Ela estava brava. Muito brava. Ela não queria estar fazendo coisas tão entediantes como bordar, mas também não é como se ela quisesse estar ali. Ver a decepção nos olhos daquele homem só a enfurecia, ela não estava escolhendo estar ali.
Himari apenas queria poder brincar de bonecas com Hina e Nara, talvez durante a tarde observar peixinhos no lago com Noritoshi, mas nunca estar tão machucada a ponto de não conseguir falar direito.
