Capítulo 3

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Luiza encarou o grande prédio e respirou funfo, o coração batia como o louco e sua vontade era voltar. Não teria problemas, visto que ainda nem havia entrado, mas o rompante de coragem lhe fez dar os passos necessários para adentrar o lugar.
Se aproximou do balcão de atendimento tão nervosa que não passou despercebido pela moça que fazia os atendimentos. Era segunda de manhã e ela aproveitou que Cecília estava na escola para não ter que ter aquela conversa na casa das Albuquerque.

- Bom dia! Eu gostaria de falar com a Valentina Albuquerque. Eu sou Luiza Campos. - Sua voz estava um tanto quanto rouca pela força que fazia para falar. A moça a encarou rapidamente e lhe deu um sorriso ensaiado.

- Ok... Luiza Campos... Você acaso tem horário marcado? Ela não atende ninguém sem um horário. - Luiza sentiu uma certa rispidez por parte da moça, apesar do sorriso ensaiado nos lábios, mas apenas calou os próprios pensamentos antes de responder.

- Não tenho hora marcada, mas tenho certeza que se você disser meu nome a ela, ela irá me atender. - Tentou manter a calma, mas não dava... Estava com os nervos a flor da pela. Nem sabia mesmo se Valentina a atenderia, talvez fosse até um pouco petulância de sua parte dizer algo como aquilo, no entanto era movida pela ansiedade em resolver o problema que tinha arrumado para sua própria vida.

A moça não respondeu de pronto, apenas pegou o telefone sobre o balcão, discou algumas teclas e esperou. Luiza olhava tudo ao redor e segurava a alça de sua bolsa como se sua vida dependesse disso. Depois de alguns segundos a mulher chamou Luiza.

- A senhora Albuquerque lhe aguarda em sua sala. Aquela moça ali vai te acompanhar até lá. Bom dia! - Outro sorriso ensaiado e Luiza concordou com a cabeça, virou-se para a moça que a aguardava próximo ao elevador.

No pequeno trajeto até a sala de Valentina, Luiza pensou em desistir muitas vezes, mas não tinha mais volta. Era preciso ser uma mulher e encarar seus problemas de frente, não poderia simplesmente fingir que nada aconteceu, logo não poderia ser tão irresponsável ao ponto de apenas sumir de suas responsabilidades, apesar de todo o desconforto da situação, ser alguém que foge de seus conflitos não combinava com ela. Respirou fundo outra vez depois que a moça lhe encaminhou até a porta da sala de Valentina, a encarou e demorou um tempo tomando a coragem necessária para bater. Dois toques na porta e logo ouviu um entre, respirou fundo e tentou relaxar, Valentina não era um monstro, muito pelo contrário... Achava aquela mulher tão extraordinária, e era isso que deixava tudo tão mais caótico, se ela fosse uma megera seria fácil não gostar dela.

- Oi... - Sua voz saiu quase num sussurro e se praguejou internamente. Valentina levantou da cadeira atrás de sua mesa e suspirou ao encarar o rosto ruborizado de Luiza.

- Oi, Luiza... - Valentina disse suavemente e observou Luiza se aproximar enquanto segurava a bolsa em frente ao corpo. Claramente nervosa.

- Eu... eu não queria te atrapalhar.

- Você não está, não se preocupe. - Valentina foi para a frente de sua mesa e se apoiou na mesma, quase sentando nela. Puxou a cadeira que ficava em frente a mesa e apontou para que Luiza se sentasse e assim ela fez.

- Tudo bem... - Respirou fundo tomando coragem e olhou nos olhos de Valentina. Seu coração estava disparado. - Bom, eu queria... Queria começar te pedindo desculpas pelo que aconteceu. Eu fui totalmente inconsequente e não deveria... É... Não deveria ter te... hum.. você sabe.

- Me beijado... Entendi. - Valentina segurava nas bordas da mesa, Luiza não soube definir como ela estava bonita naquele vestido social branco totalmente colado em seu corpo, mas ela estava tão incrível e muito, muito sexy... Se viu jogada numa cena em que possuía a mulher ali sobre aquela mesa, sua mente traiçoeira lhe pregava peças o tempo todo. Luiza balançou a cabeça para espantar aqueles pensamentos nada puros que teve.

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