Capítulo 5 : Primeiros Traços

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                                                           ꧁༺ Hinata Hyuga ༻꧂

Duas semanas haviam se passado desde o dia em que descobri sobre o meu casamento e o encontro que tive com Itachi. meu pé melhorou por completo, embora eu tenha sentido o dobro de dor por ter corrido atrás do carro de itachi. Fiquei surpresa com como a adrenalina pode nos fazer ignorar a dor física, talvez seja um reflexo de como estamos habituados a ignorar a dor emocional.


Por dias, fiquei chateada com meus pais. A ficha demorou a cair. Chorei muitas noites, me perguntei por que meu pai insiste em me transformar em uma peça de um jogo que eu nunca quis jogar. Maldita hora em que nasci nessa família. Aos poucos, as coisas começaram a fazer sentido para mim. Busquei sobre a vida de Itachi, tentando entender quem ele é, mas ele é ainda mais reservado do que eu imaginava. Suas redes sociais são privadas, com poucos seguidores, ao contrário das minhas que não escondo nada.


Daqui a uma semana é o meu aniversario de 21 anos, e meu pai planeja fazer uma grande festa, e finalmente eu e itachi aparecer pela primeira vez em publico como a porra de um maldito casal, eu não fazia ideia dessa festa até a entrevista que meu pai e o senhor Fugaku deram para um jornal local confirmando o nosso "romance,"


   A  chegada do meu aniversario sempre me trás uma lembrança especial de um alguém que mudou minha vida. Eu nunca imaginei que o vazio que eu senti pudesse ser preenchido de uma forma tão intensa e ao mesmo tempo tão secreta. Neji chegou à minha vida quando eu tinha 14 anos, numa época em que me sentia mais sozinha do que nunca. Após a morte do meu tio, meu pai decidiu acolher Neji em nossa casa. Foi estranho no começo, ter alguém tão próximo de mim em laços familiares, mas ao mesmo tempo, tão distante em tudo o mais.


Ele tinha um olhar penetrante, uma presença que não podia ser ignorada. Aos poucos, percebi que o silêncio entre nós era confortável, que a sua companhia era algo pelo qual eu ansiava, mesmo sem perceber. Aos 16, aquele laço que deveria ser apenas familiar se transformou em algo mais. Começamos um romance às escondidas, furtivos como se estivéssemos cometendo um crime, mas naqueles momentos, a dor da solidão e o abandono que eu senti por parte dos meus pais desapareciam.


Neji era a primeira pessoa que me fazia sentir vista, importante, como se eu não fosse apenas uma extensão da imagem que meu pai queria projetar. Com ele, eu era apenas Hinata. Ele tirou o peso que carregava em meus ombros e me mostrou um mundo onde eu poderia ser amada pelo que sou, e não pelo que represento. Mas essa felicidade foi arrancada de mim quando meu pai descobriu nosso romance.


Hiashi, sempre controlando meu destino, Tirou Neji de mim e decidiu meu futuro sem pensar duas vezes. O que restou foi a dor de uma perda que nunca foi reconhecida, o vazio deixado por alguém que foi tão especial para mim e que meu coração nunca conseguiu esquecer.


                                                      ꧁༺Hinata Hyuga ༻꧂

7 anos atrás...

        Eu estava parada na entrada da sala de estar, tentando não fazer barulho enquanto observava Neji. Ele estava sentado perto da janela, os olhos concentrados na paisagem do lado de fora, o lápis deslizando pelo papel com uma precisão quase mágica. Nunca o tinha visto tão de perto antes, e era fascinante a forma como ele parecia tão sereno, tão diferente de todos os outros na nossa casa.
Eu não queria interrompê-lo, mas não conseguia desviar o olhar. Ele era tão diferente de mim, tão seguro, tão cheio de uma confiança que eu só podia sonhar em ter. Fiquei ali, imóvel, pensando em como ele parecia em paz com o mundo, enquanto eu mal conseguia encontrar um lugar para mim dentro de minha própria casa.


De repente, ele parou de desenhar e levantou os olhos na minha direção. Meu coração deu um salto, e eu congelei no lugar, sem saber o que fazer. Seus olhos se encontraram com os meus, e por um instante, não havia nada além daquele olhar. Era como se ele pudesse ver direto através de mim, ver o quanto eu me sentia perdida e sozinha.


— Por que está me olhando assim? — ele perguntou, a voz calma, mas com um tom de curiosidade. — Pare de ser estranha.


Senti o rosto esquentar de vergonha. Eu estava prestes a pedir desculpas e sair correndo, mas algo no seu olhar me manteve ali. Era a primeira vez que alguém na minha casa me olhava de verdade, como se quisesse entender quem eu era, e não apenas o que eu representava

.
— Eu... só estava curiosa — murmurei, sentindo as palavras saírem sem que eu pudesse controlá-las. — Desculpe, não queria incomodar.

Neji apenas me olhou por mais um segundo antes de voltar sua atenção para o desenho. Mas aquele segundo foi o suficiente para mudar algo dentro de mim. Eu sabia que ele tinha me notado, e de alguma forma, isso fez o peso da solidão que sempre carreguei parecer um pouco mais leve. Não era apenas curiosidade que me fazia espiá-lo. Era algo mais profundo, algo que eu só iria compreender completamente muito tempo depois.
Ainda meio envergonhada, decidi que seria melhor sair dali antes que a situação ficasse mais estranha. Mas enquanto eu me virava para ir embora, ouvi a voz de Neji me chamar de novo.

— Você não precisa sair — ele disse, sem levantar os olhos do desenho. — Se quiser, pode ficar.


Parei no meio do movimento, surpresa. Não esperava que ele quisesse minha companhia, especialmente depois de me chamar de estranha. Mas havia algo em seu tom que me fez acreditar que ele realmente estava me convidando para ficar, não apenas por educação.
Voltei a me aproximar, agora com mais cautela. Me sentei em uma poltrona próxima, observando enquanto ele continuava a desenhar. O silêncio entre nós era confortável, quase reconfortante. Eu podia ouvir o som do lápis riscando o papel, e de alguma forma, isso me fazia sentir menos sozinha. Era como se, por um breve momento, alguém estivesse compartilhando um pouco do mundo comigo.


— Você desenha muito bem — arrisquei dizer, tentando não quebrar a paz que pairava no ar. Ele levantou os olhos para mim de novo, e dessa vez, havia um leve sorriso em seus lábios.


— Obrigado — respondeu, voltando sua atenção para o papel. — É só um passatempo.


— Passatempo? — perguntei, inclinando-me um pouco para ver melhor o que ele estava desenhando. — Parece mais que você nasceu pra isso.


Ele deu de ombros, mas eu podia ver que ele estava gostando do elogio, mesmo que tentasse esconder. Continuei a observá-lo em silêncio, fascinada pela forma como ele parecia tão em sintonia com o que estava fazendo. Havia uma calma em Neji, algo que contrastava profundamente com a agitação constante que eu sentia dentro de mim. Era como se ele tivesse encontrado seu lugar no mundo, enquanto eu ainda estava procurando pelo meu.

— Você gosta de desenhar? — ele perguntou de repente, quebrando o silêncio.

Fui pega de surpresa pela pergunta. Nunca ninguém havia me perguntado o que eu gostava de fazer, e por um momento, não soube o que responder.

— Eu... eu nunca tentei — admiti, sentindo uma pontada de vergonha por não ter algo para compartilhar. — Mas gosto de ver o que as pessoas fazem. É bonito.

Neji olhou para mim, seus olhos buscando os meus novamente. Senti como se ele estivesse tentando decifrar algo em mim, como se quisesse entender quem eu era por dentro.


— Talvez você devesse tentar — ele sugeriu, voltando a desenhar. — Nunca se sabe, pode acabar gostando.

Não respondi, mas as palavras dele ficaram ecoando na minha mente. Pela primeira vez, alguém estava me incentivando a tentar algo novo, algo que eu nunca tinha considerado antes. Havia uma sensação de que, de alguma forma, Neji via mais em mim do que eu mesma via.
Depois daquele dia, não consegui tirar Neji da minha cabeça. Ele era diferente de tudo o que eu conhecia, um enigma que eu queria desvendar, mas que também me deixava nervosa. A cada vez que o via, sentia uma mistura de ansiedade e excitação, como se estivesse prestes a descobrir algo novo sobre ele, sobre mim mesma.


Eu comecei a procurá-lo pela casa sem que ele percebesse, tentando entender o que o fazia ser tão especial para mim. Observava-o enquanto ele lia na biblioteca, ou desenhava no jardim. Parecia que ele sempre estava imerso em algo profundo, distante do caos que muitas vezes tomava conta da casa dos Hyuga. Eu o admirava por isso, por sua capacidade de se desligar do mundo ao seu redor e se concentrar no que realmente importava para ele.




Notas Finais
:)

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⏰ Última atualização: Aug 19, 2024 ⏰

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