O pai da minha melhor amiga é meu companheiro

Capítulo 1- Formatura peculiar

Eu estava radiante enquanto pisava no palco do auditório da faculdade, com o diploma na mão e um sorriso que não conseguia se apagar. Ao meu lado, Lilian me observava com orgulho, ao dissertar meu discurso arduamente concluído.

Ser oradora da turma, não passou pela minha cabeça, mas por dentro sentia êxtase em representar toda a classe, inspirando com palavras de motivação, insistindo que teríamos um futuro de muito trabalho, contudo, recompensador ao colhermos o fruto do nosso esforço. Assim que encerrei, as palmas estouraram em aplausos enquanto a multidão se unia em celebração. Eu sorri em resposta. Com um pequeno passo para o lado, joguei o adorno que cobria meus cabelos.

— Conseguiu, Belladona! — gritou Lilian, que posteriormente me abraçou com entusiasmo.

— Não poderia ter feito isso sem você, Lilian. — Respondi, apertando minha amiga contra meu peito. — Vamos comemorar essa noite!

Quando o sol se pôs e as luzes da cidade começaram a piscar, a mansão de Lilian se transformou em um reduto de festa. A música estava alta, e o ritmo das batidas misturava-se com o burburinho animado dos alunos. Eu nunca tinha visitado minha amiga, justamente por morar em um local de difícil acesso, no topo do monte Belmont. A casa é a mais bela que avistei. Traz uma vista linda para a cidade iluminada de Aroma, na Itália.

Voltei ser o centro das atenções quando pisei na sala principal. Não sabia se era o vestido vermelho com uma bela fenda ao meio das coxas, que chamava a atenção. Modéstia a parte, eu sou uma das mais belas da universidade, os homens beijam os meus pés, ofertando tudo o que possuem. Eu não entendo isso. Sou uma simples garota recém formada, tímida, de cabelos pretos escorridos e pequenas sardas a bochechas. Não sei o que vêem em mim. Subi os ombros.

Garrafas de bebidas estavam espalhadas por todos os lados, e a atmosfera estava carregada de energia juvenil e libertina. Eu estava animada, minha mente estava leve e despreocupada. Com um copo na mão, eu circulava pela sala, conversando com conhecidos e amigos. Minha risada era a mais alta entre todas. O calor da festa e o efeito da bebida a fizeram perder a noção do tempo.

Meus olhos percorriam o ambiente, onde colegas riam e brindavam, mas algo, ou alguém, parecia estar faltando. Quando decidi pegar mais uma taça de champanhe, senti um arrepio na espinha. Me virei lentamente e encontrei um homem observando-me do outro lado do salão.

Ele era alto, vestia um terno negro impecável, e seus olhos, profundos e escuros me encontraram como se me conhecessem há muito tempo. Aparentemente ele era alguns anos mais velho que eu, mas isso não impedia em nada a sua beleza, pelo contrário, destacava o contorno desenhado que só o tempo poderia trazer. Meu coração disparou, não de medo, mas de uma estranha atração que não conseguia explicar.

O homem atravessou o salão com passos firmes, e quando finalmente parou diante de mim, senti o mundo ao meu redor diminuir, como se só existissem nós dois. Ele não disse nada por um momento, apenas sorriu de lado, um sorriso que prometia segredos e desejos inconfessáveis.

— Parabéns, Belladona — disse ele, com uma voz que soou como um sussurro mesmo em meio ao burburinho da festa. — Advogada é uma profissão admirável.

— Obrigada... — Eu tentei me lembrar se o conhecia, mas a minha mente estava estranhamente em branco. — Quem é você?

— Eu sou alguém que tem observado seu crescimento, sua força e... sua beleza — ele continuou, aproximando-se mais um pouco. — Esta noite, você merece celebrar sua vitória. E, talvez, se desejar, uma nova descoberta.

Juntei as sobrancelhas, tentando interpretar o sentido das suas falas. Estava realmente me cativando somente pelo olhar? Algo naquele cara estava estranho. Ao mesmo modo em que eu me sentia encantada, envolta pela sua voz e destreza, eu percebia que no fundo do seu olhar trazia algo indecifrável.