A CASA E SEUS VENTOS💨

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  No alto da colina com a vegetação rasteira, quase sem árvores havia uma casa. Ao olhar de longe, já lhe reparava, sua estrutura de madeira escura com poucas janelas e pequenos degraus na frente de sua porta, uma lamparina a base de vela era vista de longe por iluminar a porta e uma cadeira de balanço ao lado dela. Nunca nenhuma outra casa me trouxe tal sensação.
Passou-se uns dias, e eu à espreita da casa apenas observando. Quanto mais a olhava, tinha mais certeza que teria sido feita para mim, entretanto, após uns anos vagando em florestas desconhecidas tudo nos faz pensar que há um perigo na esquina, mas não ali e eu já estava cansada de ficar passando noites frias deitada sobre as árvores, naquela escuridão.
Sem exitar por mais dias, entrei na casa ainda com medo daquilo que não vejo e não havia nada, nem ninguém, era apenas eu e ela, acendi algumas velas e acabei dormindo no sofá. No dia seguinte acordei bem cedo, o lugar era calmo e claro, tudo estava limpo, guardado e cheiroso portanto não demorei muito para começar a passar um café, assim que ficou pronto fui me sentar na cadeira de balanço do lado de fora, contemplei aquela vista percebendo cada centímetro daquela paisagem, havia a grama verde, as flores tinham de todas as cores, o sol brilhava e ao longe se ouvia os pássaros cantando. Ainda havia aquela floresta, ela era densa e escura com suas arvores de troncos grossos, sua vegetação era úmida e fria, lá o dia apenas se diferenciava da noite pela neblina acinzentada, pois o sol não passava por entre as folhas daquela floresta.
    Por muitos meses trilhei aqueles caminhos, com medo, frio e incertezas, as noites eram longas e deprimentes, lá o tempo não parecia passar fazendo me sentir como se nunca fosse sair de lá. O medo estava sinalizando em minha mente quando sai do devaneio, percebendo que havia lembrado de mais dos tempos sombrios, mas agora eu estava segura em meu lar, entrei em casa e acendi a lareira para aquecer a casa pois o vento sinalizava que a noite seria fria, fiz o jantar e fui me deitar, entretanto, no meio da noite o vento estava violento fazendo com que voasse galhos e pedras em direção à casa, levantei em meio a um estrondoso barulho na varanda e fui checar se nada estaria estragado, tinha a cadeira jogada no chão e a lamparina apagada com seu vidro quebrado próximo à ela. Chorei naquela noite, tomada pelo medo da casa se render as ventanias, porém ao amanhecer tudo tinha passado deixando apenas algumas bagunças.
     Eu arrumei aquilo, e arrumaria mais um milhão de vezes, não há vento forte o suficiente que me faça deixar esta casa, haja granizo ou sol, eu estarei nela para concerta-la e repara-la quando precisar. Esta casa é meu lar, meu abrigo e agora tudo que eu consigo imaginar é minha vida nela, não passaria um dia sem os estelares da madeira na noite, não aguentaria minha vida longe dos ventos do anoitecer e nem sem a brisa fresca da manhã.

A casa é seus ventosOnde histórias criam vida. Descubra agora