Amaury POV
— De jeito nenhum. Não. Não. Eu não vou fazer isso mesmo.
— Isso vai pagar quatrocentos reais por semana. Por um ou dois dias, Amaury! Você seria um idiota se deixasse essa chance passar.
Porra é muito dinheiro. Mas não, de jeito nenhum.
— Eu não posso, Samuel! O que porra meus pais pensariam se eles um dia descobrirem?! Hein? Sério, pense nisso por um minuto. Eles ficariam muito putos e... Não.
Samuel suspirou, frustração escapando por sua respiração curta.
— Amaury, não é uma carreira que eu estou propondo. É apenas uma sessão de fotos, talvez algumas. Vai te ajudar a pagar suas dívidas. Porra, cara, você vem me implorando por um trabalho e aqui estou eu praticamente te dando um. Por quatrocentos reais, porra! Eu queria poder posar minha carinha linda por uma hora e ter esse dinheiro — ele esperneou, jogando seus braços no ar. — Se você não pegar esse trabalho, você é um idiota.
— Eu não vou pegar o trabalho.
— Você é um idiota.
— Okay, então. Eu sou um idiota! Eu não me importo! — meu tom é tão estridente e se a briga não tivesse durando pelo menos trinta minutos agora, eu estaria tentado a sair correndo do meu próprio apartamento. Mas, felizmente para Samuel, argumentar não é uma das minhas coisas favoritas e isso está me irritando.
— Oh, meu Deus — ele percebeu. — Amaury, o que tem de errado com você? Você não vai deixar passar essa porra, eu não vou deixar. Você vai fazer esse trabalho.
Nós ficamos em silêncio, apenas olhando um ao outro, sabendo que um de nós cederia se o outro conseguisse segurar o olhar por mais uns segundos. Quando meus olhos caíram, eu sabia que tinha perdido.
— Tá, eu farei. Mas se for estranho, ou minha mãe sequer der pistas que ela sabe disso, eu caio fora.
— Beleza — ele disse, sorrindo vitorioso.
— Beleza — respondi, mantendo minha pose.
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Como caralhos três semanas passaram tão rápido? Eu não faço ideia. Eu estava temendo esse dia por tanto tempo, que finalmente eu consegui colocar esse pensamento no fundo da minha mente. E se não fosse por Samuel ligando pro meu celular, talvez eu nem tivesse levantado da cama.
Mas aqui estou eu, em pé na frente do espelho, olhando para essa figura distorcida que parece com um monstro feito pelo meu reflexo. Pouco tempo depois o espelho desembaçou o vapor do banho quente que eu tomei, e eu continuo parado e olhando, algo que eu tenho feito muito ultimamente.
Desci o olhar para meu peitoral, é bom ver que estou em forma, eu acho. Foi bom eu ter comprado esses halteres também, antes de todo meu dinheiro ter ido pelo ralo. Que seja, eu já passei por essa fase de culpa antes e eu não estou no clima de passar de novo. Não hoje, pelo menos. Talvez eu afogue minhas tristezas em cerveja hoje à noite... Isso se eu encontrar alguns trocados embaixo do sofá ou algo assim.
Talvez eu esteja exagerando, mas não é como se eu estivesse acostumado, a viver assim, eu digo. Ser um modelo masculino já teve suas regalias, que desapareceram junto com a maior parte do meu dinheiro, um pouco da dignidade... do orgulho...
Tem um doloroso buraco no fundo do meu estômago, antes de eu ter que me jogar pra fora do meu apartamento. O estúdio não é tão longe, então eu poderia ir andando. Eu só espero que o fotógrafo não fique muito puto se eu aparecer um tanto suado.
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Smile For The Camera | Dimaury
FanfictionAmaury e Diego são dois modelos héteros que vão trabalhar para uma revista gay. O quão longe isso pode ir? O quão confuso isso pode ficar? Se era errado ou certo eles não sabiam, eles apenas gostavam. Essa obra foi escrita originalmente em inglês po...