o Segredo do Professor Kim

capítulo 1

No dia a dia, sempre nos deparamos com situações que perturbam a rotina, abalam-nos emocionalmente, balançam nossa “estrutura”. Neste sentido, a transformação passa a ser um estado de metamorfose, um processo de modificação interior e diferencial para a vivência.

Pois, vivenciar mudanças requer esforços, sacrifícios, renúncias, doação, entrega, e equilíbrio. Neste caso, o equilíbrio é o ponto crucial para esse assunto.

A vida é consequentemente curiosa, nos prega uma peça, e muita das vezes é sempre cheia de surpresas, sejam elas boas ou não.

Eram essas as palavras finais que estavam grifadas logo ao final da lousa, com acompanhamento de um suspiro pesado, entregando o cansaço do professor Kim, que se sentou em sua cadeira enquanto ajeitava seus óculos em seu rosto – perfeitamente – belo.

A sala, que era gigantesca, estava em uma completa mudez, e as únicas coisas audíveis naquele instante eram as teclas do notebook do professor, sendo seguidos por suspiros de alunas toscas que praticamente babavam enquanto o observavam. – Patéticas, eu diria.

Bufei irritada enquanto busquei me comunicar com Suzy, que estava concentrada demais para perceber isso.

Estava sendo difícil ter que aguentar aquilo. Tudo bem, ele é gatíssimo, charmoso, sedutor, delicioso… Espera, não! Ele é apenas o meu professor de biologia, nada mais do que isso.

Batuquei o lápis com força sobre o caderno, chamando atenção da morena entretida ao meu lado.

– Dá pra parar com essa porra? – Sussurrou um pouco alto.– Tô tentando me concentrar!

– Foi mal. – Suspirei.

– O que foi, hein? Você não para de olhar para o gostosão de biologia desde que terminou. – Semi-cerrou os olhos, me olhando com um sorriso maroto nos lábios.– Tô te sacando, garota.

– O que? Suzy, não! Eu não sou como essas aí, ele é o meu professor! – Exclamei num sussurro, vendo-a dar de ombros.

– E daí? Não sabia que uma pessoa adulta não poderia ficar com outra pessoa adulta. – Me olhou, irônica.– Não sei porquê ainda insiste em negar, Yuna.

– Esse não é o caso. – Desviei o olhar, constrangida.

– Ah, não? E qual seria, então?

– Não importa agora. – Disse baixo. – Apenas esqueça isso.

– Não sei por que ainda continua com essa frase de esquecer. Comigo não funciona, e você sabe. – Me olhou de canto, me fazendo bufar e concordar. – E outra, tenho certeza de que esse professor aí, tem motivos.

– Como assim, motivos?

– Quis dizer que ele tem segredos, mulher. Pelos céus, você é tão cringe! – Fez careta.

– Que seja, Suzy. Por mim tanto faz o que ele certamente 'esconde'. – Apoiei o rosto em uma de minhas mãos, encarando profundamente o homem que estava a poucos metros de mim. Ele parecia sereno, focado, e ocupado demais para ligar para baboseiras inoportunas.

É, eu com certeza estava certa.

[...]

– Qual é? Vamos, por favor! Nunca te pedi nada, vai! – Choramingou Suzy, fazendo um biquinho ridículo com a intenção de me convencer.

– Não.

– Mas por que? – Perguntou com manha. – Eu juro que dessa vez vai ser legal e menos constrangedor.