𝐈. 𝐀𝐥𝐞𝐤𝐬𝐚𝐧𝐝𝐫 𝐕𝐨𝐥𝐤𝐨𝐯

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Paz. Algo que Aleksandr Pavlovich nunca havia sentido em sua escassa vida, pobre de dinheiro e afeto. Crescendo em um bairro miserável comandado pela Bratva, onde os homens de preto e casacos pesados de pele se esgueiravam pelas paredes cheias de limo como sombras, carregando bolsas e corpos pelo ar frio, lançando olhares que demandavam um silêncio escancarado.

Um pai inacessível emocionalmente e fisicamente abusivo; uma mãe bêbada que nunca estava consciente o suficiente para sequer preparar uma refeição quentinha para o pequeno Sasha de 8 anos, nunca se compadecendo de seus grandes olhos azuis, seu menininho, seu pequeno milagre.

Os velhos Pavlovich simplesmente não estavam aptos a vida de amor e carinho que Aleksandr tanto desejava, ocupados demais afundando na própria merda e mijo. Essa era sua história. Podre e esquecida demais para ser contada.

Um acidente de trânsito levou seu pai quando ele completou 13 anos. Primeiro ele até sentiu alívio, conseguiu liberar aquele ar espesso e denso como lodo dos pulmões, achando que tudo melhoraria agora que ele ajudaria nas despesas, seria o homem da casa, sua mãe pararia de beber e lhe daria beijinhos orgulhosos em sua bochecha quando ele saísse para trabalhar todas as manhãs, o abençoando para trazer suas mais trabalhosas provisões.

Mas ela apenas se afundou ainda mais. Bebendo até vomitar durante a noite em frente à televisão enquanto dormia durante todo o dia.

Foi inevitável um dia, quando o Aleksandr de pouco mais de 16 anos saiu para espairecer a mente, para ter um momento de silêncio de sua cabeça e casa barulhentas na varanda coberta de gelo fedorento nos degraus e viu os homens de preto do outro lado da rua, fumando a fumaça densa daqueles charutos caros e importados com gosto de hortelã e uísque suíco, muito diferentes de seus cigarros com gosto de miséria comprados no mercadinho da esquina.

O pequeno Sasha deixou de ser um menino naquele dia, quando os homens de preto colocaram mãos grandes em seu ombro e o acolheram, rindo profundamente de seu jeito desajeitado, os ombros largos curvados pelo peso da vida que ele carregava ainda na adolescência. Aqueles homens grandes como armários, com cicatrizes espalhadas pelas mãos e rostos, sorrisos marcados em suas faces profundas protegiam o obediente menino de olhos azuis, endurecido demais para sua pouca idade.

Pouco depois, ele próprio ganhou seu grande casaco escuro de pele. E junto uma grande tatuagem de um urso ameaçador em seu peito, ficando ainda maior a cada respiração do agora adulto Aleksandr. Ele estava pronto. Ele se tornaria um brat.

Nesse mesmo dia ele foi levado até Ivan. Ivan Volkov. O grande homem de preto. O patrão. Este mesmo homem o observou como um falcão atento, avaliando suas características e personalidade fechada. Ele o tomou como o próprio filho. Sasha viu-se recebendo um amor - obscuro e violentamente bom - de seu tutor, um que nunca recebera antes e estava desabituado a entender. Ivan o ensinou a andar com novas pernas, a ser um verdadeiro homem, a ver, viver e enxergar de acordo em um mundo onde muitas coisas se resolviam com alguns dedos sendo decepados e línguas cortadas.

Até o dia de seu batismo. Ele recebeu armas e algumas facas. E quando retornou, com um corte profundo partindo a sobrancelha em duas e as mãos enluvadas e a camisa escura cobertas de sangue, segurando uma mala com alguns dedos tatuados e dois olhos de um "probleminha inconveniente" de Ivan, ele se tornou Aleksandr Pavlovich Volkov.

Desde então, ele esteve ao lado de Ivan como um filho fiel; alguém que ele poderia confiar e deixar a Bratva em suas mãos leais quando partisse, alguém a quem poderia prover de todo o bom e do melhor que o mundo da máfia poderia oferecer. E em troca, Aleksandr dava toda a sua gratidão e obediência ao homem que se tornou o pai que ele nunca teve.

Aleksandr nunca se sentiu tão abençoado.

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⏰ Última atualização: Aug 24 ⏰

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𝐘𝐨𝐮 𝐜𝐚𝐧 𝐛𝐞 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐨𝐬𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora