Era madrugada, e o Largo Grimmauld estava silencioso, exceto pelo som suave do vento do lado de fora e pelos estalos ocasionais da velha madeira da casa. A maioria dos ocupantes estava dormindo, mas Astraea, que estava acostumada a ficar acordada até tarde, se levantou da cama, sentindo que precisava de um pouco de ar e um momento sozinha para organizar os pensamentos. Ao descer as escadas, ela percebeu uma silhueta familiar sentada nos degraus abaixo, envolta pela penumbra.
Harry estava sentado ali, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça baixa, parecendo perdido em seus pensamentos. Ele sequer percebeu a aproximação de Astraea até que ela se sentou ao seu lado, em silêncio.
-Não consegui dormir também? - ela perguntou suavemente, olhando de lado para ele, tentando avaliar seu estado.
Harry demorou um momento para responder, mas finalmente ergueu o olhar na direção dela.
-Não é bem isso - ele murmurou - Só... não consigo parar de pensar - Astraea o observou por um instante antes de se recostar contra o corrimão.
-Quer falar sobre isso? - ela perguntou, deixando a oferta no ar.
Harry ficou em silêncio por alguns segundos, mas parecia estar ponderando a questão. Finalmente, ele suspirou profundamente e passou as mãos pelo rosto, como se quisesse afastar um cansaço que não era apenas físico.
-Eu e os outros... Nós ouvimos uma conversa entre os membros da Ordem, no St. Mungus - começou ele, a voz mais baixa do que o usual, como se ele temesse ser ouvido mesmo no silêncio da casa -Eles estavam falando sobre mim. Moody disse algo sobre... Sobre eu estar possuído.
Astraea franziu o cenho, surpresa, mas não disse nada, dando espaço para que ele continuasse.
-Desde então, as coisas mudaram com os outros. Eles não dizem nada, mas eu posso ver nos olhos deles... É como se estivessem com medo de mim - Harry continuou, sua voz vacilando ligeiramente - Eu tento agir como se não ligasse, mas a verdade é que... Eu estou com medo também.
-Com medo de quê, Harry - ela perguntou, a voz cheia de gentileza.
Com medo de que eles estejam certos. Com medo de que, de alguma forma, Voldemort esteja realmente me controlando. Eu... eu sinto coisas, vejo coisas que não deveria ver. E se eu acabar atacando alguém? E se eu machucar alguém que eu amo? Como eu poderia viver com isso? - Harry mordeu o lábio, hesitante, antes de desviar o olhar - Eu não quero machucar mais ninguém, Astraea.
-Harry - ela disse, com firmeza, mas também com uma doçura reconfortante - Eu entendo que seja assustador e que, às vezes, as coisas pareçam fora do nosso controle. Mas você não está sozinho nisso. Você tem pessoas que se importam com você, que vão estar do seu lado, mesmo quando as coisas parecem sombrias - ela pausou - Eu vi o quanto você se preocupa com os outros - continuou ela - O fato de estar com tanto medo de machucar alguém só prova que você jamais faria isso deliberadamente. Voldemort pode tentar usar suas fraquezas contra você, mas ele não conhece o seu coração, Harry. Ele não conhece a força que você tem para resistir. E quanto aos seus amigos... Eles só estão preocupados. Eles te amam. E, no fundo, sabem que você é mais forte do que qualquer influência que Voldemort possa tentar exercer.
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𝕀𝕟 𝕥𝕙𝕖 𝕋𝕣𝕒𝕚𝕝 𝕠𝕗 𝕥𝕙𝕖 𝕊𝕥𝕒𝕣𝕤
FantastikAos 18 anos, Astraea LeBlanc é um prodígio da magia que se destaca como professora de Defesa Contra Artes das Trevas na renomada escola de magia CasteloBruxo, no Brasil. Formada aos 15 anos através do prestigiado programa de prodígios da escola Ilve...