Despierta

Capítulo 1

Ela nunca ouviu minhas palavras naquele rádio, nossa última conversa foi exatamente um dia antes da sua viagem e já se passaram quase três anos. Quando pensei que não suportaria ficar afastada dela, me vi ligando e quebrando com a minha palavra! Mas o que realmente acabou quebrado foi meu coração ao saber que ela não queria falar comigo e ainda recordo exatamente o que ouvi naquele dia saindo da boca de sua mãe a mando dela.

"Ela não quer falar com você, Khun Nueng. Desculpa!"

Praticamente não tive reação e sentir um nó se formando em minha garganta logo em seguida.

"Pediu que você parasse de mandar mensagem e disse que se continuar insistindo ela mudará de número"

Ouvir isso foi o que faltou para quebrar meu coração de uma vez e as lágrimas já insistiam em cair.

"Tudo bem" – Foi a única coisa que conseguir falar antes de desligar de uma vez a ligação.

Desde então, quase três anos se passaram e eu não tinha nenhuma notícia. Até o dia de hoje, quando vi Chet entrar no meu palácio com um semblante de cansaço e preocupação que me intrigou. Ver ele ascendeu um alerta em meu coração e que fez com que eu levantasse em um salto daquela poltrona e deixasse de lado o que estava resolvendo.

- Khun Nueng – Cumprimenta e eu faço o mesmo.

- Chet – Me limito apenas a isso. Desde que Anueng foi embora não havíamos nos encontrado, o que eu dei graças por isso, afinal, a culpa de termos nos separado era dele e eu ainda mantinha um ressentimento imenso por isso – O que faz aqui? - Questiono – Já faz muito tempo que não nos falamos.

Ele assente e solta um suspiro um pouco pesado.

- Sei que eu sou a última pessoa que você quer ver depois do que aconteceu – Fala e eu solto um riso forçado, irônico – E tem todo direito de sentir ressentimento ou raiva por mim, reconheço que hoje eu sei o quão mal eu fiz pra você e principalmente pra minha filha – Sua voz embarga ao mencionar Anueng.

- Antes tarde do que nunca reconhecer o que fez – Não consigo conter – Veio aqui pra isso? Por que se arrependeu? Não acha que está tarde pra isso, Chet? Se passaram quase três anos e muita coisa aconteceu – Engulo em seco. Lembrando das tentativas falhas de mim comunicar com Anueng e de todas serem frustrada por sua magoa. E em nenhum momento a culpei por isso, afinal de contas, quebrei com a minha promessa de lutar ao lado dela contra qualquer um que se metesse em nosso caminho. Fiz tudo que prometi não fazer, não fiquei do seu lado e deixei ela ir pensando que não a amava. 

Ele desvia o olhar do meu, provavelmente envergonhado.

- Queria poder ter a chance da fazer diferente, Khun Nueng! - Me olha – Mas infelizmente, não posso! - Seu tom de voz foi pesaroso – Afetei a vida da minha filha de forma irreparável, deixei meu preconceito e acredito que minha inveja dela ter conseguido chegar no seu coração – Admite e aquilo me deixou desconfortável – Não tinha direito de fazer o que fiz, ela já era adulta o suficiente para tomar suas decisões e tiramos dela isso.

Suspiro.

- De certa forma também fez isso com ela – Digo – Invalidei o que ela queria e ... - Ele me interrompe.

- Fez isso porque praticamente mandamos você fazer – Diz – Fah e eu exigimos de você que se afastasse! - Me olha – Achávamos que estaríamos fazendo o certo pela Anuneg, só que ficar longe de você a mudou – Semicerrei os olhos – Trouxe um lado totalmente obscuro e sem controle que não conseguimos conter – Cada vez que ele falava algo em mim ficava em alerta – Anueng se tornou o oposto de tudo que conhecemos – Aquilo me causou um espanto – Não era mais alegre, não era mais a menina doce e obediente – Conta – Estava rebelde, sem controle, todos os dias saia para beber com os amigos que tinha feito na faculdade e quando se dava o trabalho de ir pra casa já era de madrugada – Aquilo fez meu coração doer – Não era mais ela! - Repete – Literalmente a quebramos! - Meus batimentos começaram a ficar mais acelerado, estava ficando nervosa – Quando Fah chegou a mencionar seu nome algumas vezes  como uma tentativa de ver aquela Anueng de antes, ela gritava e impedia que seu nome fosse lembrado. E jogava na cara da mãe que ela não tinha direito algum de mencionar você, já que parte da culpa de vocês não estarem mais juntas era dela.