Capítulo 29

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O corpo inteiro de Hermione doía.

Esse foi o primeiro pensamento que lhe ocorreu quando a consciência voltou.

Ela doía e suas pálpebras estavam muito, muito pesadas.

Quando Hermione tinha oito anos, ela precisou de tubos colocados em seus ouvidos para ajudar com infecções frequentes. O procedimento inteiro aparentemente levou apenas dez minutos para ser concluído, mas Hermione não se lembrava de nada além da sonolência extrema que sentiu quando a anestesia a puxou para baixo, e da sensação de andar em areia movediça enquanto lutava para acordar depois.

Ela sentiu como se estivesse revivendo aquela experiência. Ela desejou que seus membros se movessem, suas pálpebras se levantassem, mas tudo parecia tão impossivelmente pesado.

Ela não estava morta. Pelo menos isso ela sabia.

A última coisa de que se lembrava era de embalar a bochecha de Draco em sua mão e desejar ter apenas mais alguns segundos com ele. Enquanto se perguntava se ele estava bem, ela lutou contra a tontura ainda mais forte.

"Ei, ei, você está bem, eu estou bem aqui. Você está segura, Hermione." A voz suave de Ginny soou distante. Hermione tentou perguntar se todos estavam seguros, se Draco estava seguro, mas o peso venceu, e Hermione caiu no esquecimento mais uma vez.

~~

Na próxima vez que Hermione acordou, alguém estava esfregando círculos em sua mão. Ela também podia jurar que quem quer que fosse, estava cantarolando. A melodia parecia familiar, mas ela não conseguia identificá-la.

Ela queria perguntar que música era ou mostrar sua apreciação pela beleza dos círculos em sua mão, mas rapidamente percebeu que estava afundando novamente nas profundezas da exaustão.

Enquanto ela estava escorregando, ela se lembrou de onde tinha ouvido a música. Foi tocada no Baile de Inverno. Logo antes de ela sair com Ron, uma valsa tocou para os alunos que permaneceram até tarde da noite. Hermione tinha ido procurar por Viktor, mas não o encontrou. Em sua busca, seus olhos encontraram ninguém menos que Draco Malfoy, que estava girando lentamente na pista de dança com Pansy Parkinson. Hermione odiava pensar que ele estava bonito. Ela estava prestes a se virar, certa de que um sorriso de escárnio estava indo em sua direção, mas isso nunca aconteceu.

Foi algo peculiar.

Eles se encararam pelos últimos momentos restantes da valsa. Hermione tinha se esquecido dela até agora, quando a voz cantarolou fracamente a mesma melodia.

E então tudo ficou quieto novamente.

~~

Na terceira vez que acordou, Hermione pôde ouvir a voz de Ron.

"Eu não gosto de você. Não tenho certeza se algum dia vou gostar de você, mas você a consertou. Você a consertou quando eu nem percebi, ela estava quebrada." Era uma confissão tão honesta e nua que ela não tinha certeza se tinha ouvido corretamente.

Houve silêncio, uma breve pausa que pareceu durar para sempre para Hermione, que sabia que a escuridão não estava longe.

"Eu não a consertei. Ela nunca foi quebrada em primeiro lugar. Eu apenas dei a ela a atenção e o tempo que ela precisava para perceber que, mesmo que ela estivesse quebrada, eu a aceitava." A bela voz de Draco estava calma. Ela queria agarrar cada sílaba, queria pular e gritar: 'Estou aqui! Estou bem!'.

Eles não falaram mais nada depois disso e Hermione voltou a dormir.

~~

Quando Hermione voltou a si, ela sabia que dessa vez era diferente. Ela ainda estava exausta, mas não era a mesma exaustão abrangente que ela havia sentido em seus fugazes momentos de lucidez.

Um casamento na forca - dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora