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Helena

Caminhei até a porta da casa que deu o endereço que Sophia havia me mandado. Heloísa e Marina vieram mais cedo, eu acabei me empenhando com um book de última hora e acabei atrasando. Toquei a campainha enquanto escutava a música alta lá dentro, e em instantes a porta foi aberta, me fazendo rolar os olhos ao vê-lo ali.

── Tô entrando. — Falei passando rápido por Medina, porém senti sua mão segurar de leve meu pulso, me fazendo virar com raiva na mesma hora e ele a soltar em seguida. ── O que foi?

── Eu acho que você não ia vir. — Falou encarando meus olhos.

── Para a sua infelicidade, a sua irmã é minha amiga então sim, eu vim. — Forcei um sorriso.

── Infelicidade? Eu diria sorte. — Respondeu com um sorriso de canto. ── Para, eu sei que eu vacilei mas precisa me castigar desse jeito? Tô com saudade!

── Castigar? Acha que eu tô te castigando? — Cruzei os braços e ele deu de ombros.

── Você ficou com outro na minha frente, ignorou qualquer tentativa de contato minha... Eu acho que sim! — Falou mexendo na corrente e se aproximando.

Foi então que um sorriso se fez presente em meus lábios e Gabriel arqueou as sobrancelhas, com um misto de confusão e esperança no rosto.

── Tá falando do Ríos?

── É, eu tô falando do Richard sim. — Fechou a cara.

── Ele é só meu amigo. — Falei me afastando e notei ele travar o maxilar. ── Cadê a Sophia?

── Segundo andar, primeira porta à esquerda. — respondeu sem ânimo.

Fui me enfiando pelo meio das pessoas e notei um grupo de mulher que eu não conhecia me encarando, mas provavelmente é coisa da minha cabeça, ignorei e subi as escadas, abri a porta e adentrei o quarto que Gabriel havia me indicado e uma feição de confusão se fez presente em meu rosto após ver que ele estava vazio e tinha uma decoração neutra, nada feminina. Ouvi o barulho da chave e me amaldiçoei mentalmente por ter caído nessa.

── Gostou? Era meu quarto quando eu morava aqui. — Falou encostado na porta enquanto eu me virava. ── Conversa comigo, deixa eu esclarecer as coisas com você, não quero te perder assim. — Pediu mais sério enquanto encarava meus olhos e eu respirei fundo.

── Fala, Gabriel! — Resmunguei de braços cruzados, encarando sua feição.

── Eu aprendi da pior forma possível que diálogo é o melhor caminho sempre. — Falou se sentando na cadeira em frente a escrivaninha. ── Eu... Eu deduzi na minha cabeça que você não ficava só comigo, eu não menti quando disse que tenho sentimentos por você porque eles existem e são reais, eu sou a prova viva, eu não iria insistir tanto se eu não sentisse tanto também. Olha minha tatuagem nova! — Apontou para o braço com um João frango desenhado e eu fiz uma cara de confusão pela mudança repentina de assunto. ── Foi por sua causa!

── Que? Primeiro, por que você tatuou um João Frango? Segundo, o que eu tenho a ver com isso? Terceiro, o que isso tem com a nossa conversa?

── Foi uma aposta que eu fiz com o Pedro quando eu te conheci, ele falou que eu iria me apaixonar e eu bati o pé dizendo que não iria mas... Lá no fundo, eu sabia que eu já estava, foi tudo muito rápido, muito intenso. — Falou levantando e vindo até mim. ── Foi uma aposta bem idiota, se eu me apaixonasse por você, eu tatuava um João Frango. Eu cumpri a aposta no último sábado, que foi quando eu tive a certeza de que estava sentindo algo, eu precisei te perder para ver o valor que você tinha para mim. E foi tudo por falta de diálogo, se eu soubesse que você não ficava com mais ninguém, eu também não teria ficado.

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora