Capítulo 6

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Em agosto de 1993 eu aceitei a melhor proposta da minha carreira que ia me dar o prêmio Oscar de melhor atriz coadjuvante no ano seguinte.

Eu estava no auge dos meus vinte anos, no auge da minha juventude mas eu estava me sentindo tão solitária. Desde Joe, eu havia saído com apenas uma pessoa, uma mulher, Lucy.

Me descobri bissexual quando nos encontramos em uma festa, foi a melhor semana da minha vida até aquele momento. Ela me entendia, ela cuidava de mim e com ela não usei nenhuma droga.

- Eu quero ser sua namorada. - Disse deitada em seu peitoral.

- Você sabe que não podemos fazer isso, Har. - Olhou-me nos olhos.

- Por que não? - Sentei-me na cama, meu cabelo estava completamente desarrumado.

- Porque eu não namoro mulheres.

- Mas então porque estamos aqui? Juntas. - Apontei para nós duas antes de prender meu cabelo em um coque frouxo.

- Harper, isso aqui é diversão. No final do dia eu vou estar casada com um homem e você também. - Ela não estava mentindo sobre eu me casar com um homem, mas naquele momento eu queria ela.

- Lucy, por favor.

- Harper, você é carente e não me quer como sua namorada pra valer porque eu não te quero como namorada. - Vi-a levantar, meu coração estava acelerado - Lembre-se de mim com alegria, lembre-se da nossa semana divertida e siga a sua vida.

Eu senti meu coração despedaçado. Como se nada fosse curar aquele rombo  que foi feito por Lucy. Ao invés de ir até os meus pais para que eles pudessem me ajudar, eu achei que podia lidar com aquilo sozinha.

O maior erro da minha vida foi achar que morar sozinha me dava a condição de resolver minhas situações emocionais sem meus pais. Foi naquele momento em que eu me afundei nas drogas. Ao invés de chegar para a minha mãe falando sobre Joe, eu menti. Ao invés de pedir ajuda para o meu pai, eu achei que era suficiente.

Nunca fui suficiente, eu sempre fui fraca. Na primeira oportunidade de estar livre de profissionais que me controlavam, eu estraguei tudo.

As drogas depois do meu primeiro coração partido foram o meu ponto de paz, mas cinco minutos depois eu me sentia uma merda.

No filme que eu gravei, a minha personagem usava drogas, que coincidência engraçada do destino. Foi ali, em outubro de 1993 que eu conheci uma pessoa muito importante para minha vida, que me salvou das drogas.

- Merda. - Reclamei colocando as mãos no meu rosto.

- O que aconteceu? - Um homem que parecia ter a minha idade apareceu do meu lado.

- Eu estou tentando ir até o meu carro mas tem uma porção de paparazzis na frente. - Olhei-o, ele era muito bonito - Esse é o preço, não é mesmo?

- O meu carro está na garagem do estúdio. Quer uma carona?

- E o meu carro? - Perguntei olhando para o lado de fora.

- Amanhã você vem buscar já que não tem gravação. - Esticou a mão para me cumprimentar - Eu sou Brian, novo operador de câmera.

- Muito prazer, Brian. Eu sou...

- Harper Young, todos te conhecem. - Ele me interrompeu enquanto segurava minha mão de maneira firme - A namoradinha dos Estados Unidos da América.

- Eu sou a nova namoradinha dos EUA? - Olhei-o confusa - Não leio revistas, muito menos assisto programas de televisão.

- Venha, eu vou te mostrar.

Não sei porque eu fui atrás de Brian, ele poderia ser um stalker, um assassino em série ou um... deixa pra lá. Mas algo nele me passava confiança, algo nele me passava carinho.

A Misteriosa Vida de Harper YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora