Perigo

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Na manhã ensolarada, o quarto estava envolto em uma luz suave que dançava nas paredes. Lidia estava sentada na beirada da cama, com um olhar distante e preocupado. Seus dedos nervosos brincavam com as pontas dos cabelos, enquanto ela falava sobre Jackson. "Ele está agindo de forma estranha, sabe? Ontem à noite, enquanto assistíamos ao filme, ele não parava de me olhar. Mas não era um olhar carinhoso; parecia mais como se ele estivesse lutando contra algo dentro dele. Estou preocupada que tenha algo errado."

Eu a escutei com atenção, percebendo a inquietação em sua voz. "Talvez ele esteja passando por alguma coisa que não quer compartilhar. Às vezes, as pessoas têm dificuldades que não sabemos como ajudar," eu respondi, tentando oferecer conforto.

"Você acha que deveria perguntar a ele?" Lidia perguntou, a ansiedade evidente em seu tom.

"Vamos tomar um café e relaxar um pouco. Quem sabe isso ajude a clarear sua mente," sugeri, levantando-me para pegar as chaves.

Saímos do quarto e o ar fresco da manhã nos envolveu. O aroma do café fresco da cafeteria nos atraiu como um ímã. Assim que entramos, o barulho das conversas e risadas encheu nossos ouvidos, e a vibração calorosa do lugar parecia afastar um pouco as preocupações de Lidia.

Enquanto esperávamos nossos pedidos, avistei Alex entrando pela porta. Ele tinha um jeito descontraído, com seu sorriso encantador iluminando o ambiente. Nossos olhares se cruzaram e, por um momento, o mundo ao nosso redor desapareceu. Um sorriso tímido brotou em meu rosto; era impossível ignorar a química entre nós.

Enquanto Alex conversava com alguns amigos na mesa ao lado, eu não conseguia evitar de furtar olhares em sua direção. Era como se estivéssemos flertando em uma dança silenciosa – sorrisos sutis e olhares prolongados que diziam mais do que palavras poderiam expressar. Lidia percebeu e deu uma risadinha, tentando me provocar.

Após algum tempo no café, decidi que era hora de voltar para o alojamento em Cornell. O caminho parecia mais longo do que o normal; uma sensação estranha começou a crescer dentro de mim. Era como se uma sombra estivesse me seguindo.

Assim que saí da cafeteria, o ar fresco ficou pesado e uma sensação de ser observada tomou conta de mim. Olhei para trás várias vezes, mas não vi nada além das pessoas passando apressadas.

Quando finalmente olhei por cima do ombro novamente, quase congelei ao ver Jackson parado atrás de mim. Seu rosto estava marcado – um olho roxo e inchado parecia contar uma história de dor e confusão. O coração disparou no meu peito e minha mente começou a correr com perguntas sem respostas.

"Jackson?" minha voz saiu trêmula, repleta de preocupação e medo ao mesmo tempo. Ele me encarou com um olhar vazio e distante, como se estivesse preso entre a realidade e algum pesadelo que não conseguia entender.

O silêncio entre nós se tornava opressivo; eu queria saber o que havia acontecido com ele, mas as palavras pareciam travadas na minha garganta...
Jackson, com seu olhar intenso e o rosto marcado pelo hematoma, quebrou o gelo.

"Como vai o romance com seu namoradinho misterioso?" ele perguntou, um sorriso sarcástico brincando em seus lábios.

Fiquei sem palavras por um momento, minha preocupação com ele tomando conta da minha mente. "O que você quer dizer? O que aconteceu com seu olho?" eu respondi, tentando desviar o foco da conversa.

Jackson deu de ombros, como se aquilo não fosse um grande problema. "Sempre achei que você fosse só uma garota inocente," ele disse, inclinando-se levemente para frente, seu olhar penetrante fixo em mim.

"O que você está deduzindo?" eu respondi, tentando manter a firmeza na minha voz, mesmo que meu coração estivesse disparado.

Ele respirou fundo antes de responder: "Você está em um jogo perigoso." Sua expressão era séria, e havia uma preocupação genuína em seus olhos.

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