Capítulo 3

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Ayla Dubois

O vento frio penetra pela janela. Encolho na cama, e suspiro pelo arrepio que ronda meu corpo, pela friagem que adentra meu quarto, afirmando as palavras de minha tia o quão frio alguns dias aqui são. Ainda mais que cheguei em janeiro, e pelas minhas pesquisas, chega abaixo de zero. Eu, como uma boa apreciadora do sol, as energias fogem do meu corpo, exigindo que eu fique na cama assistindo algum seriado. 

No entanto, as lembranças da madrugada me invadem, e certamente não foi nenhum sonho, pois tenho a certeza do que vi. Os questionamentos de Dalia. Minha tia a interrompendo. Aqueles dois lobos em frente ao meu tio, no tipo de submissão, sendo que eu nunca soube que eles tinham dois lobos. Se é que aquele tamanho poderia ser considerado de um lobo normal. Estou tentando ser inteligente, mas isso foge da minha compreensão lógica. Perguntar na mesa de café, me fará ser estranha? Provavelmente. Apesar disso, preciso de respostas. 

Pulo da cama, faço a minha higiene pessoal, trocando meu pijama, pelo meu bom jeans escuro, uma blusa preta de mangas, moletom da mesma cor e calço meu tênis branco. Deixo meus cabelos soltos, e saio do quarto ouvindo vozes baixas, vindo do primeiro andar. Vou na direção das vozes, os encontrando na cozinha. Minha tia no fogão, Haris e Dalia sentados na pequena mesa se deliciando de ovos e bacon. Provavelmente ela fez tentando me agradar.

— Estava agora falando com sua tia, que deveria vir mais vezes. Essa mesa farta é apenas para você. — Ele conta animado e olho para a mesa, vendo suco, queijo, bolinhos fazendo minha barriga roncar. 

— Haris da forma que fala, parece que te deixo com fome.

— Jamais amor. Mas convenhamos que Adele te ajuda bastante. — Implica e minha tia estreita os olhos na direção do marido que desvia, voltando a comer. 

Me sento ao lado de Dalia, com minha tia me servindo em seguida de ovos e bacon bem quentinhos. Respiro fundo e começo.

— Pode ser estranho o que vou falar, mas ontem de madrugada, quando fui a janela, notei dois lobos em frente a casa. Eles se curvavam em frente ao meu tio e depois saíram. Eu não quero ficar bisbilhotando. Porém, foi inevitável e ouvi a senhora com a Dalia. 

Termino de falar vendo-os me analisar e se entreolhar, como se decidissem, falar ou não.

— Eu, eu nem sei por onde começar. — Balbucia respirando fundo.

— Mãe, acho que está na hora de Ayla saber o que somos. — Dalia expressa e minha tia acaba deligando o fogo, e vindo se sentar a mesa.

— Seu pai deveria ter dito. Ele me fez prometer ficar calada. — Fala ficando irritada, apertando as mãos sobre a mesa.

— Antes de você pensar em vim para a Lituânia, conversei com Heitor que isso não deveria ser um segredo. Que é errado, ele escolher isso por você. Mas ele teimoso como é não quis ouvir. — Haris diz indignado.

Minha cabeça começa a fervilhar, sabendo que o que ouvirei, provavelmente pode mudar tudo.

— Meu Deus, falem logo!

— Somos lobisomens! — Dalia fala alto essa informação, pegando os pais desprevenidos e a mim. — Da realeza de nossa espécie. Meu pai é o Alfa da matilha.

Lobisomem, realeza, espécie e Alfa da matilha. Eles estão de brincadeira. Eles acham que tenho o quê? Cinco anos.

— Gente, isso é sério? Olha, eu estava preparada para tudo. Qualquer absurdo. Mas isso ultrapassa a minha insanidade. Após adulta, vocês querem que eu acredite em mitologias? Se não querem dizer o que está havendo, eu compreendo. — Disparo com as palavras saindo da minha boca. Eles me encaram seriamente.

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