Rua De Lagrimas

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Querido diário, na manhã em que acordei, ainda sentia o braço dolorido do acidente. O movimento era difícil, mas eu estava determinada a não deixar que isso me impedisse de seguir em frente.

Levantei e fui até o espelho. Ao me olhar, vi que o ferimento já estava um pouco melhor, embora ainda houvesse um roxo visível.
Enquanto me arrumava, meu olhar caiu sobre meu celular na mesa. A foto com meu pai me encarava, e uma onda de saudade tomou conta de mim.
Quando finalmente cheguei ao auditório, percebi que a palestra já havia começado. O coração disparou e um frio na barriga me acompanhou enquanto eu buscava um lugar para me sentar. Sem perceber, esbarrei em um fotógrafo que estava concentrado em capturar o momento perfeito.

"Me desculpa!" exclamei, um pouco assustada.

Ele se virou abruptamente, sua expressão carregada de irritação.

"Você pode dar licença? Estou tentando trabalhar aqui!" disparou, com um tom grosseiro que me deixou um pouco envergonhada.

Olhei para frente e vi uma roda de pessoas, todos com olhos fixos em Alex e seu pai, que estavam no centro da cena. Os flashes das câmeras estouravam como fogos de artifício, iluminando o ambiente e refletindo a excitação da multidão. Alex estava vestido com uma camisa casual, mas seu olhar denunciava desconforto; ele claramente não se sentia à vontade sob os holofotes.

Antes que eu pudesse me afastar e desaparecer na multidão, Alex me avistou. Com um movimento ágil, ele se aproximou e intercedeu.

"Acho que você já acabou por aqui!" disse ele ao fotógrafo, sua voz firme como um trovão. Ele se virou para mim, puxando-me para perto dele enquanto os flashes continuavam a estourar ao nosso redor, quase ofuscando minha visão. O calor da sua presença era reconfortante em meio à confusão.

"Por que estão tirando fotos suas?" perguntei, intrigada e tentando entender a situação.

"Pra campanha de tecnologia. Meu pai é um grande investidor. E parece que eles gostam que eu fique pousando junto a ele" respondeu Alex, com um jeito debochado e um toque de irritação na voz. O desconforto em seu olhar era evidente; ele não gostava dos holofotes.

Enquanto falava, observei como seus cabelos castanho-escuros dançavam levemente com a brisa e como suas sobrancelhas franzidas revelavam seu descontentamento. Havia algo incrivelmente autêntico nele que me fazia sentir à vontade.

"Isso parece interessante!" disse eu, tentando manter o clima leve com um sorriso sincero. A ideia de uma campanha de tecnologia despertou minha curiosidade; eu adorava inovação e tudo o que envolvia criatividade.

Alex hesitou por um momento antes de responder, seus olhos brilhando com uma mistura de cansaço e determinação:
"Podemos nos encontrar mais tarde. Agora preciso acabar isso aqui... até California."

Enquanto falava, ele apertou meu queixo com um gesto carinhoso que fez meu coração acelerar. A intensidade daquele toque simples parecia prometer algo muito mais do que apenas uma conversa casual; era como se houvesse uma faísca no ar entre nós.
"Claro!" respondi, tentando esconder o quanto estava animada. O pensamento de vê-lo novamente me deixava ansiosa e esperançosa.
Se precisar de mais alguma alteração ou ajuda com qualquer outra coisa, é só avisar!

Depois de me despedir de Alex, fui correndo para o meu quarto. A adrenalina ainda pulsava em minhas veias enquanto escolhia uma roupa que me fizesse sentir confiante. Optei por um vestido leve e descontraído, perfeito para um café. Após me arrumar, peguei as chaves do carro e segui em direção ao café que tanto gostava.

Ao chegar, o aroma do café fresco envolveu-me como um abraço caloroso. O gentil garçom me cumprimentou com um sorriso.
"Um cappuccino, por favor," pedi, tentando manter a calma enquanto observava o ambiente acolhedor ao meu redor.

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