𝗥𝗜𝗩𝗔𝗟𝗜𝗗𝗔𝗗𝗘𝗦 , 𝘳𝘰𝘥𝘳𝘪𝘨𝘰 𝘮𝘰𝘳𝘢.

𝟬𝟳.

𝗿𝗼𝗱𝗿𝗶𝗴𝗼 𝗺𝗼𝗿𝗮 𝗽𝗼𝗶𝗻𝘁 𝗼𝗳 𝘃𝗶𝗲𝘄.

olho para todos os lugares do estádio, a procura-la. finalmente encontrei-a. sorri e fui a correr até ela.

— "primeiro de tudo, e começamos já mal, não sei o que o rodrigo mora faz no banco da equipa principal.
como já referi em programas anteriores, é um miúdo, que ainda não têm o devido potencial" - digo a susurrar, para não levantar suspeitas e para mais ninguém ouvir, só ela.

— decoraste isso? que fã. - ela faz o mesmo, susurrou. ri-me.

— consegui minutos, se marcar, posso apontar para ti? - perguntei, e vejo-a completamente tímida. solto um risinho. ela olha para as câmaras. estamos focados para o estádio inteiro.

— faz um m, para a câmara. é melhor não apontares. - disse ela, eu acenei com a cabeça, sorri e voltei para o balneário. deus, ela é deslumbrante.
foco-me apenas nela, por uns segundos. e depois penso como é que vou marcar em dez minutos. okay rodrigo vamos lá, visto o colete de suplente e entro no estádio, direito ao banco, sentando-me ao lado do sousa. e ele sorri para mim, quando eu sorri.

— já sabes como vais marcar em dez minutos? - pergunta ele a estender as pernas. grito baixo, a meter as mãos á cara. ele ri-se.

— não. mas vou tentar. - digo a olhar para ela, que está a fazer poses, enquanto a maria lhe tira fotos. sorri. volto a focar-me no jogo. a bola começa a rolar, e foco-me apenas em como é que vou meter a bola na merda da baliza, em apenas dez minutos. okay, rodrigo, tu vais conseguir.

𝗺𝗮𝗱𝗮𝗹𝗲𝗻𝗮 𝗯𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗽𝗼𝗶𝗻𝘁 𝗼𝗳 𝘃𝗶𝗲𝘄.

o jogo já começou. e só consigo olhar para o banco. porque a única razão de estar aqui, está aí. depois que ele olha para mim, eu desvio o olhar e fingi que estava a olhar para o jogo.
e depois vejo-o de relance a morder o lábio.  e a olhar para o campo.
a primeira parte foi uma seca, a maria é portista de sangue e já gritou dois golos, eu permaneci no sítio que estava. no intervalo vejo miúdas a falar do meu miúdo.

— ainda é virgem, né? - uma pergunta. maria olha para mim, e eu já estava a ouvir a conversa. mas fingi que não. ela percebeu e sorriu.

— se ele me conhecesse, já não era de certeza. ele é tão giro. jesus. - maria concentra-se para não se rir. assim como eu. a conversa está a ir longe demais. levanto-me e grito.

— ei, 86. - gritei e ele vira o rosto para mim. sorrindo. — liga-me. - digo e ele abana a cabeça a sorrir. e depois chuta a bola. estão a aquecer para a segunda parte, nunca tive tão entusiasmada. elas fecharam logo a matraca. ah pois é, bebé. o porto não
marca á bastante tempo, são setenta e oito minutos e vejo o rodrigo a trocar de camisola. estou derretida por dentro. sobe o pequeno monte que está entre o banco e o campo, e mete-se na linha lateral do campo, olhando para mim, sorrindo. mete a camisola dentro dos calções. e alonga o corpo, uma última vez.
um colega de equipa bate-lhe na nuca e ele corre para dentro do campo. rezo para que marque.

a bola está a rolar, novamente.
e rodrigo está com a bola no pé.
consegue passar por dois adversários e cai no chão, o lema deste clube. sinceramente. o jogador adversário acabou de receber um amarelo. amarelo bem dado.
o livre é lançado e rodrigo não marca. o pontapé de baliza é dado, rodrigo consegue a bola e corre até á baliza. e consegue marcar. sorri para mim, enquanto desliza os joelhos no chão. vira-se para a câmara e faz um m. assim como prometeu. eu sorri. e ele sorri de volta. não damos mais suspeitas, e ele volta para o campo. ainda a olhar para mim. suspirei fundo e deito a cabeça do ombro da maria.