capítulo 7.

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Carla Maraisa
˚.

— Esqueci completamente — disse o desconhecido com a voz hesitante. — Quero dizer, nós dois estávamos enrolados com as provas, e eu só estava tentando sobreviver a todo o estresse, então esqueci
completamente do nosso aniversário de namoro. Ficou claro que ela não tinha esquecido a data quando apareceu com os meus presentes, toda arrumada para um jantar de comemoração, mas eu não havia feito as reservas.

Sorri enquanto o rapaz me contava todos os motivos pelos quais a namorada estava furiosa com ele.

— E o fato de eu ter esquecido o aniversário dela também não ajuda. Na semana anterior, recebi uma carta dizendo que não fui aceito na faculdade de medicina. Aquilo me deixou arrasado, mas, cara... tudo bem, desculpe... vou só levar essas flores.

— Só isso? - perguntei, registrando no caixa a dúzia de rosas vermelhas que o rapaz havia escolhido na tentativa de se desculpar com a namorada por ter esquecido as duas únicas datas que ele tinha a obrigação de lembrar.

— Sim, você acha que é suficiente? - perguntou, nervoso. — Eu realmente estraguei tudo, nem sei como começar a me desculpar.

— Flores são um bom começo. E palavras também ajudam. Mas, no fim, são as suas ações que vão falar mais alto.

Ele me agradeceu, pagou pelas flores e saiu da loja.

— Dou apenas duas semanas para eles terminarem — disse Mari, com um sorriso de deboche nos lábios enquanto aparava algumas tulipas.

— Sra. Otimista. — Eu ri. — Ele está se esforçando.
— Ele está pedindo conselhos a uma desconhecida sobre o relacionamento dele. É um fracassado — respondeu, balançando a cabeça.

— Não entendo. Por que os homens acham que precisam se desculpar depois de terem ferrado com tudo? Se eles simplesmente não estragassem as coisas, não teriam motivos para pedir desculpas. Não é tão difícil ser... bom.

Sorri de leve, observando a agressividade com a qual ela cortava as hastes das flores, seus olhos dominados pela emoção. Mari não admitiria o fato de que estava descontando a própria dor nas belas plantas, mas estava claro que era exatamente isso o que ela fazia.

— Você está... bem? - perguntei.

Ela pegou um punhado de margaridas e as jogou num vaso.

— Estou ótima. Só não entendo como aquele cara pode ser tão insensível, sabe? Por que ele pediu conselhos justamente a você?

— Mari.

— O quê?

— Suas narinas estão dilatadas e você está agitando a tesoura de um lado para o outro como uma louca porque um cara comprou flores para a namorada depois de ter esquecido o aniversário de namoro deles. Você está realmente chateada por causa disso ou tem alguma coisa a ver com a data de hoje? Já que hoje seria o seu..

— Aniversário de sete anos de casamento? - Ela cortou duas rosas em vários pedacinhos.

— Ah? Seria hoje? Nem tinha lembrado.

Mari, afaste-se da tesoura.

Ela olhou para mim e então observou as rosas.

— Ah, não. Estou tendo um daqueles colapsos nervosos? - perguntou. Eu me aproximei e, lentamente, tirei a tesoura da mão dela.

— Não, está tendo um daqueles momentos
completamente humanos. Está tudo bem, de verdade. Você pode ficar zangada e triste pelo tempo que precisar. Lembra? Maktub. Isso só se torna um problema quando começamos a destruir nossas coisas, especialmente as flores, por causa de caras babacas.

A Força que Nos Atrai - Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora