Gregório Frank
A madrugada cai como um manto pesado, carregada de silêncio. Lá fora, o vento frio balança as folhas das árvores, e a escuridão da noite é pontuada apenas pelo brilho distante das estrelas. Mas meu sono está longe de ser tranquilo. Em meio à penumbra, estou perdido em um sonho estranho e angustiante. Vejo apenas um par de olhos marejados. Eles são intensos, misteriosos, e me encaram como se pudessem ver direto dentro de mim. Há algo nesses olhos que me prende, mas por mais que eu me esforce, não consigo ver o rosto ao qual pertencem.
Acordo sobressaltado, o coração batendo acelerado. Passo a mão pelos cabelos molhados de suor e respiro fundo, tentando dissipar a tensão que o sonho trouxe. A sensação é perturbadora, mas o que mais me incomoda é que, por mais que eu me esforce, não consigo identificar a quem pertencem aqueles olhos. O relógio no criado-mudo marca quatro da manhã. Não há mais como voltar a dormir.
Levanto e caminho pela casa em silêncio, apreciando o frescor da madrugada. A mansão está quieta, envolta uma calma quase fantasmagórica. Vou até o banheiro e ligo o chuveiro, deixando a água esquentar enquanto tiro a camisa e encaro meu reflexo no espelho. Preciso de um banho para aliviar o que restou da angústia do sonho.
A água quente cai sobre meus ombros largos, deslizando pelo meu peito definido e pelos músculos do abdômen, descendo até os quadris. Inclino a cabeça para trás, deixando o calor relaxar meu corpo. Passo as mãos pelos braços, sentindo a firmeza dos músculos trabalhados ao longo dos anos. O vapor preenche o ambiente, tornando o ar denso e abafado. Fico alguns minutos apenas apreciando a sensação do calor antes de terminar o banho.
Saio do chuveiro e escolho uma roupa para treinar, apenas uma bermuda cinza de compressão e uma camiseta cinza larga. Visto um tênis de corrida. O treino de hoje será na academia particular da minha casa.
No andar inferior, a academia é completamente equipada, com tudo que eu preciso para manter o corpo em forma. Passo por séries de levantamento de peso, flexões e abdominais. A cada repetição, foco em cada músculo, na resistência do meu corpo. Apesar da intensidade, meu pensamento ainda vaga para aqueles olhos. Quem são eles? Por que me perturbam tanto?
Após o treino, subo para tomar café da manhã. Uma das coisas que exijo desde que comprei minha casa é que todos os empregados façam as refeições comigo. Nunca me senti superior a ninguém e sempre fiz questão de tratá-los como parte da minha família. Quando chego à sala de jantar, todos já estão à mesa. Sorriem, respeitosos, mas com a naturalidade de quem já se acostumou com essa rotina.
— Bom dia a todos. — Digo, sentando-me à cabeceira.
— Bom dia, senhor Frank. — Eles respondem em uníssono.
— Quantas vezes já falei para me chamarem só de Gregório? — Brinco, e eles riem.
O café da manhã é simples, mas gostoso, com frutas, pães frescos, suco de laranja. Conversamos sobre o cotidiano, o que cada um tem planejado para o dia. A atmosfera é leve e descontraída, como sempre faço questão que seja.
Depois do café, vou para o segundo banho do dia. Desta vez, é mais rápido. Visto um terno azul-marinho, sob medida, que realça meus ombros e o peitoral. A camisa branca ajustada contrasta com a pele levemente bronzeada, e opto por uma gravata de seda preta. Quando estou pronto, coloco um relógio de pulso e sigo para a minha agência de investigação.
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Doce pecado - Os Irmãos Frank 2
RomanceRubi Sentinelli é uma mulher jovem de apenas vinte e dois anos. Ela nasceu em uma família poderosa. Uma família de advogados e juízes renomados. Seu maior desejo, é se tornar a melhor estilista de toda a Califórnia. Porém, sua vida pode virar do ave...