· Under water

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Satoru Gojo

Sukuna me arrasta escadaria abaixo e por vários corredores escuros. Já passou do toque de recolher, então todos os alunos,
professores e funcionários, com exceções pontuais, estão em seus dormitórios. Luto o tempo todo para conseguir escapar, pois
sei que algo terrível está prestes a acontecer. Mas é em vão.

Apesar de marginalmente mais baixo, Sukuna é bem mais forte.

Seguimos com pressa até a região das quadras dentro do prédio. Com o breu, demoro até entender para onde exatamente estou sendo levado. E, quando entendo, já estamos passando pela larga porta dupla de metal, adentrando o espaço das piscinas iluminado de azul pelas leds subaquáticas.

Sukuna me atira de cara no chão frio.

Grunho baixinho quando o impacto atinge a região em meu rosto já lesada. Ele fecha as portas de metal e enfia uma vassoura entre as duas alças, impedindo que seja aberta por fora.

Estou fodido.

Espalmo o chão e tento me erguer, mas ele pisa nas minhas costas e me força a continuar deitado.

— Que porra cê tá fazendo, seu desgraçado? — grito.

— Te ensinando uma lição, seu calouro de merda.

— Você vai se foder muito por causa disso.

— Mas você vai se foder primeiro — rebate ele, com um sorriso de canto.

Meu sangue ferve. Fito os olhos do filho da puta, não encontrando muito além de sadismo e perversidade.

— Toda essa merda por causa de uma trombada acidental? Mano, eu não quis cruzar seu caminho naquele dia.

Ele retira uma faca retrátil da parte de trás da calça e a abre com um clique afiado.

— Mas cruzou. E agora vai pagar por isso — rosna, com ferocidade.

Sukuna retira o pé de cima de mim e dá um passo para trás. A lâmina permanece apontada em minha direção, no entanto.

— Tira a roupa — ordena calmo.

— Como é que é?

— Tira a roupa. Não escutou?

— Não vou tirar porra nenhuma.

— Quer morrer, porra? — grita, e sua voz ecoa pelo salão com uma grande piscina retangular no centro. Desvio o olhar do
garoto transtornado para a água cristalina à minha frente, e por fim entendo o que pretende fazer. — Tira a porra da roupa —
diz, um pouco mais sereno —, e ninguém se machuca.

Fico paralisado por um segundo, covarde demais para admitir que realmente estou com medo. Não apenas com medo,
aterrorizado, da forma que apenas o demônio da floresta conseguiu me deixar.

Observo a serenidade da água. Desde que cheguei aqui, já passei por sofrimento suficiente para uma vida inteira. Primeiro,
o desaparecimento de Calvin; então, Naobito, a criatura de sombras; e agora, Sukuna. Devo ser o cara mais azarado do mundo inteiro. Mas, pelo menos, tenho Suguru em quem confiar. E meus amigos. E Toji.

-» Entre neblina e desejo / SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora