Aether jura, que não é padrão

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Aether

Aether se encontrava profundamente confuso e irritado, seus sentimentos uma mistura tumultuada que o fazia se sentir perdido. Ele tentava entender o comentário de Xiao, que o havia chamado de "padrãozinha". 

Com um suspiro frustrado, Aether bateu levemente a cabeça na mesa, tentando afastar o embaraço e a frustração que sentia. Era um gesto quase automático, uma tentativa desesperada de clarear seus pensamentos e entender o que havia de errado. Afinal, o que significava ser "padrão"?

— Eu. Não. Sou. Padrão! — disse para si mesmo.

Na mente de Aether, até que poderia fazer sentido. Ele sempre havia sido um estudante modelo, destacando-se em todas as disciplinas com as melhores notas. Sua personalidade era considerada exemplar, sendo gentil e prestativo com todos ao seu redor. Tinha um grupo de amigos incríveis, leais e divertidos, que o apoiaram em tudo na vida. Além disso, era constantemente elogiado por sua aparência, com muitos dizendo que ele era bonito demais para ser verdade. Sua vida parecia perfeita para quem olhava de fora, com uma classe social elevada, habilidades excepcionais e uma facilidade natural em tudo o que fazia.

No entanto, essas mesmas características que pareciam tão desejáveis também o tornavam alvo de críticas e zombarias. Alguns o acusavam de ter uma vida fácil devido à sua posição social, enquanto outros o achavam "perfeito demais", como se isso fosse algo a ser desprezado. Aether não conseguia entender o motivo de tanto ódio. Ele sempre se esforçava para ser a melhor versão de si mesmo, mas, aparentemente, isso não era suficiente para agradar a todos.

Ao procurar Xiao novamente, Aether não conseguia deixar de se perguntar o que exatamente ele tinha de "padrãozinha". A crítica parecia injusta e confusa. Afinal, ele era apenas um cara normal, com suas próprias inseguranças e dúvidas. Apesar de todas as conquistas e aparências, ele não se via como alguém tão diferente ou especial. Talvez ele estivesse tentando lhe mostrar algo que não conseguia enxergar, uma perspectiva diferente sobre si mesmo ou sobre como ele era visto pelos outros. 

Aether precisava de respostas, estava andando pelos corredores da escola quando avistou Xiao, o moreno de personalidade forte, pegando um caderno do armário. Instantaneamente, lembrou-se de que ele era uma das razões pelas quais virou alvo de tanto ódio. Xiao era um dos alunos mais populares nas redes sociais e seus posts frequentemente alfinetaram outros alunos semelhantes a Aether. No X, a plataforma onde o moreno tinha muitos seguidores, ele constantemente postava coisas como "mais um dia sendo obrigado a compartilhar o mesmo teto que as loiras padrões, ewww". Essa era uma crítica direta ao estereótipo de pessoas consideradas perfeitas por suas aparências e estilos de vida, algo que Xiao claramente desprezava.

Ao ver o moreno despreocupado, Aether sentiu uma onda de determinação e raiva subir dentro de si. Ele sabia que essa era uma oportunidade de confrontar alguém que havia contribuído para a hostilidade que ele enfrentava. Com um olhar decidido e um fogo nos olhos alimentado pela humilhação e raiva acumulada, Aether marchou até o moreno. Sem hesitar, ele pegou sua câmera e, numa tentativa de provocação, mirou o objeto em Xiao e tirou uma foto. O moreno estava distraído, mas logo percebeu o que acontecia e olhou de canto, seus olhos se estreitando em fúria.

— Você de novo? Cara, você tá louco pra eu te jogar de um prédio, não é? 

Antes que Xiao pudesse reagir com xingamentos ou recriminações, Aether, com uma voz alta e firme, gritou para que todos ouvissem.

— Por favor, seja minha inspiração. Eu preciso de um emo estúpido e egocêntrico, igual a você! — A frase pegou Xiao de surpresa, interrompendo qualquer resposta que ele pudesse ter planejado. Aether sabia que suas palavras tinham um tom sarcástico e desafiador, uma maneira de devolver a provocação que tantas vezes recebera de Xiao na internet. Ele estava cansado de ser alvo de críticas e comentários maldosos e, naquele momento, decidiu virar o jogo, usando a própria atitude de Xiao contra ele — Ou eu digo para o diretor, que você anda por aí difamando a imagem de alunos como eu. Você acha que pode escapar ileso zombando de mim e dos outros, mas isso vai ter consequências!

Xiao ouviu as palavras de Aether e, por um breve momento, seu olhar pareceu considerar a seriedade da ameaça. No entanto, sua expressão logo se transformou em uma mistura de desprezo e diversão. Ele começou a rir, uma risada curta e seca, que ecoou pelo corredor. Com um sorriso sarcástico, chamou atenção de outros alunos em volta.

— É claro que você faria isso. É exatamente o que uma “padrãozinha” faria. Corre para o diretor, pede ajuda. Não passa de um garoto mimado que acha que pode conseguir tudo apenas chorando pelos corredores.

As palavras de Xiao foram como uma faísca acendendo uma chama dentro de Aether, mas antes que ele pudesse responder, o moreno desviou o olhar para o final do corredor, onde avistou seu amigo Venti se aproximando. Com um aceno casual e um sorriso despreocupado, Xiao virou as costas para o loiro, deixando-o ali, sozinho. Ele se juntou a Venti, e juntos começaram a caminhar, rindo e conversando como se nada tivesse acontecido.

— Onde você tava, porra? Fiquei esperando uma eternidade! 

— Eu já falei, fui pegar as tintas novas do clube!

Enquanto Xiao se afastava, os outros alunos no corredor, que haviam testemunhado a cena, começaram a rir de Aether. As risadas ecoavam ao seu redor, tornando o momento ainda mais humilhante. Ele podia sentir os olhares e sussurros direcionados a ele, e o peso da vergonha se moveu sobre seus ombros. Por mais que tentasse manter a compostura, a sensação de impotência e frustração o consumia. Aether sabia que, naquele instante, qualquer palavra que dissesse só pioraria a situação, e tudo o que restava era suportar as risadas e zombarias enquanto se afastava, algumas lágrimas tremeram no fundo dos olhos e ele quis chorar no banheiro.

— Idiota, Xiao é um puto idiota! — gritou, abrindo a porta de acesso para as cabines públicas da escola, não havia ninguém, então não se limitou a esconder a voz quando entrou em uma porta de madeira e lamentou seu dia em cima da privada — O que eu fiz… o que eu fiz de errado? — fungou o nariz, sentiu os olhos queimarem e sua cabeça doer — Eu não sou padrão…

Aether é Loira Padrão, a Thread - {Xiaoether}Onde histórias criam vida. Descubra agora