Ela consegue sentir o fogo em sua pele, o vermelho ardente em seus lábios.
Oh céus, eles dizem que ela fez uma coisa ruim.
Foda-se foi tão bom.
Ela merecia, o sofrimento nunca poderia ser eterno.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Um zumbido distante reverberava pelo ambiente, insinuando-se como o eco teimoso de um sonho que se recusava a desaparecer. Berserk despertou lentamente, a mente presa entre o véu nebuloso do sono e a clareza intrusa da vigília. Os sentidos, ainda desordenados, lutavam para interpretar a estranha simetria entre conforto e desconforto. Os lençóis que a envolviam tinham uma textura quase etérea, macios como o toque de uma pluma, mas a cada movimento pareciam reter um calor inquietante, sufocante, que contrastava de forma perturbadora com o ar gélido do quarto.
A frieza que pairava no ambiente era cortante, penetrando sua pele como agulhas invisíveis, despertando-a ainda mais para a estranheza do momento. Do lado de fora, o céu nublado se estendia como um manto cinzento, denso e ameaçador, pressionando-se contra as janelas com uma intensidade opressiva. A luz era pálida e dispersa, criando sombras longas e desconexas pelo quarto, enquanto a penumbra conferia ao espaço um ar enigmático, quase sufocante, como se o tempo ali tivesse desacelerado, imerso em uma dimensão entre sonho e realidade.
A suavidade da seda a envolvia quase como um abraço delicado, provocando uma sensação de aconchego que a iludia, fazendo-a acreditar, por um breve instante, que estava deitada em seu próprio quarto luxuoso, onde tudo exalava conforto e opulência.
O toque macio e refrescante do tecido acariciava sua pele, criando uma sensação de pureza e leveza, como se o tempo tivesse desacelerado ao seu redor. No entanto, ao abrir os olhos, as cores ao seu redor a relembraram da estranheza do ambiente. Os lençóis, de um tom vermelho profundo e quente, pareciam vibrar com uma intensidade sutil, enquanto as cobertas grandes, de um preto absoluto, se estendiam pelo leito como uma sombra imponente, contrastando com o vermelho vibrante de forma perturbadora.
A cama em si parecia se estender infinitamente, suas proporções enormes, quase desproporcionais, fazendo-a sentir-se pequena ㅡ não que ela fosse alta ㅡ diante de sua imensidão. O espaço ao seu redor era tão vasto que, por um momento, ela teve a sensação de estar perdida ali, engolida pela grandiosidade, como se estivesse em um lugar imenso e vazio, onde o conforto fosse apenas uma criação de sua mente. A combinação das cores, tão intensas e opostas, criava uma atmosfera ambígua, entre o calor sedutor e a escuridão que a envolvia.
Ao tentar sentar-se na cama, uma onda de náusea a invadiu, como se uma tempestade de areia e pedras pesadas se abatesse sobre sua cabeça. A dor latejante a envolvia, pulsando em cada fibra de seu ser, com cada batida reverberando em sua mente como um eco implacável da noite anterior.
O gosto amargo que ainda se agarrava à sua língua era um lembrete cruel do excesso, uma marca de algo perdido. Ela se forçou a recordar o que havia acontecido, mas as memórias se desvaneciam como grãos de areia fugindo entre os dedos, inalcançáveis. O mundo ao seu redor girava suavemente, como se estivesse fora de seu controle, e ela lutou para focar seus olhos em um ponto fixo, tentando encontrar um mínimo de estabilidade em meio ao turbilhão que a consumia, uma sensação avassaladora que a engolia por completo.