10 | Marina

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Depois do café, Roberto sugeriu uma volta pelo Forte de Copacabana. O vento do mar bagunçava meu cabelo, e o sol, já um pouco mais alto, aquecia minha pele. Parecia uma manhã tranquila, dessas que fazem a gente querer parar o tempo.

Tirei algumas fotos do horizonte e ele também tirou algumas minhas. Eu sempre ficava meio sem graça com a maneira que ele me olhava através da câmera, como se estivesse vendo algo que eu não via. A cada clique, sentia meu rosto esquentar de vergonha, mas, ao mesmo tempo, queria guardar aquelas lembranças. Algo em mim sabia que esses momentos mereciam ser registrados.

— Você não tem postado nada nas suas redes sociais sobre a viagem — Roberto comentou de repente com tom casual, enquanto me devolvia o celular.

Seus olhos me analisavam e sorri de lado, olhando para o mar antes de responder, sentindo a brisa tocar o meu rosto.

— Não gosto muito de postar nada enquanto tô fazendo, só depois que já tô em casa… Evita olho gordo.

Ele balançou a cabeça com um sorriso, claramente achando graça da minha resposta.

— Que superstição boba, Marina — disse, em um tom leve, mas com aquele ar de quem queria me provocar.

Revirei os olhos, mas sorri de volta, batendo de leve no braço dele com o cotovelo.

— Favor não criticar minhas crenças, tá? — brinquei, e ele riu alto, aquele riso solto que me fazia sentir uma pontada de segurança, como se naquele instante nada pudesse dar errado.

Continuamos andando, lado a lado, conversando sobre coisas triviais, sobre o mar, a paisagem, jogando conversa fora, enquanto o som das ondas batia nas pedras ao fundo. Eu me sentia estranhamente confortável, como se aquele passeio fosse a pausa que meu coração precisava, uma trégua das tempestades que às vezes insistiam em me seguir.

Quando saímos do Forte, o sol já estava mais alto no céu, e o calor típico do Rio começava a se fazer presente, mas havia uma brisa fresca que tornava tudo mais agradável. Caminhamos pelo calçadão de Copacabana, ouvindo o som das ondas quebrando suavemente na areia. O mar, com aquele tom azul que se misturava ao horizonte, parecia não ter fim, como se se fundisse com o céu em uma linha distante e invisível. Eu estava completamente fascinada por tudo. A beleza daquela paisagem, com o movimento das pessoas e a energia vibrante da cidade, me fazia sentir viva, como se cada passo fosse parte de um sonho do qual eu não queria acordar.

Enquanto andávamos, não conseguia evitar um sorriso bobo no rosto. Cada detalhe ao redor parecia mais bonito do que o outro: os vendedores ambulantes com seus chapéus de palha, o som das bicicletas passando, o barulho ritmado dos pés dos corredores no calçadão. Era como se o cenário quisesse me lembrar, a cada segundo, da sorte de estar ali.

Logo avistei o banco com a estátua de Carlos Drummond de Andrade. Sem pensar muito, entreguei meu celular para o Roberto com um sorriso travesso nos lábios, minha empolgação difícil de esconder.

— Tira uma foto, por favor — pedi, tentando não soar muito animada, mas o brilho nos meus olhos provavelmente me entregava.

Ele me olhou, arqueando as sobrancelhas, sem entender muito bem o que eu queria fotografar, até que me viu sentando no banco, abraçando a estátua de Drummond como se fosse um velho amigo. A reação dele foi imediata; uma risada espontânea escapou, ecoando no ar.

— Sério, Marina? — ele disse entre risos, me observando com uma mistura de incredulidade e diversão.

Eu cruzei as pernas, tentando imitar a pose da estátua de Drummond com o olhar contemplativo de quem pensa em poesia, o que só fez Roberto rir ainda mais.

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