VIII. Completos estranhos.

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-Isso é real o suficiente pra você?

Felix não sabia sequer o que dizer, seu rosto queimava de vergonha e quando o Bang se afastou um pouco mais, pode ver que aquele idiota sorria todo orgulhoso. Chris tocou suavemente sua bochecha, aproximando novamente seu rosto.

O ruivinho quase parou de respirar, os olhos se fecharam com força, e moveu minimamente o rosto para perto do outro. O Bang uniu seus lábios novamente, sentindo a boca macia do garoto, as mãos do Lee se firmaram nas coxas grossas do loiro, apertando-as firme.

Os dedos de Christopher pararam nos fios ruivos, puxando-os devagar para si, amando aquela sensação cheia de incertezas que quase o lembrava seu primeiro beijo.

Fazia muito tempo que não se sentia assim.

Lix aproveitou que se apoiava nas coxas do maior para forçar seu próprio corpo à se aproximar um pouquinho mais, sentindo as mãos do Bang finalmente descerem de sua nuca para sua cintura.

Chris sorria durante aquele beijo, sentindo o ar se esvair aos poucos como se nada importasse mais do que aquele momento.

Os lábios de Felix eram ainda mais macios do que ele pensou todas as vezes que se pegou olhando para aquela boquinha naquele curto espaço de tempo.

As mãos miudinhas foram se apoiando nos ombros do Bang, até ter certeza de que podia subir no colo do mais velho, tocando suavemente a pele pálida do outro, sentindo-a quente sob suas mãos.

Chris praticamente abraçou a cintura do menino com o braço esquerdo, enquanto a destra se ocupava em acariciar suavemente o corpo delicado acima de si.

O Lee sentia o rosto queimar, mas, era de uma forma boa. A boca do Bang tinha um gosto doce, e seus toques...! Parecia que eles passavam uma corrente elétrica pelo corpo do ruivo!

Não tinha como explicar o que estava sentindo, era tão absurdo mas tão natural... Como se devesse ser daquele jeito.

Lix empurrou o outro suavemente, e Chris sequer hesitou em deixar seu corpo cair sobre os lenções, apertando com mais força a cintura do ruivinho. O mais novo deixava algumas mordidas fracas no lábio inferior cheinho do Bang, ouvindo ele ofegar baixo, enquanto seus dedos se prendiam mais firmes na pele do outro.

Chris rolou seu próprio corpo, ficando por cima de Felix, ouviram o barulho dos copos de plástico caindo, e hashis batendo no chão, mas tudo que fizeram foi rir daquela situação enquanto seus lábios permaneciam colados, e as mãos do Bang já apertavam as coxas grossas do outro.

-Isso é muito real...- Christopher sussurrou para o Lee, ambos puxando o ar com força para seus pulmões, enquanto seus narizes roçavam um no outro.

Felix concordou minimamente, avançando novamente aos lábios do maior, puxando com um tanto de força os fios loiros. Nunca tinha sentido aquilo em toda sua vida.

A sensação de desejar e ser desejado era algo que Felix jamais havia experimentado, e agora, tendo Chris ali.

Talvez fosse apenas por estarem há tanto tempo sem verem outras pessoas, ou realmente fosse por se sentirem atraídos um pelo outro desde o começo, mas, tudo era muito novo, afinal, eram completos desconhecidos.

Era isso... Eles mal se conheciam.

E foi isso que fez a consciencia do Lee pesar de verdade, lhe fazendo perceber que talvez aquela não fosse a melhor das ideias.

-N-nós não deviamos...- Felix se afastou depressa, empurrando levemente os ombros do maior, mas, não o suficiente para parecer que tinha nojo ou algo assim do mais velho.

-Por que?- Chris questionou baixo, achando que talvez tivesse passado do limite, a voz rouca enquanto tentava recuperar seu ar.

O Bang se ergueu, coçando a cabeça daquele jeito que sempre fazia quando estava nervoso, olhou para Felix, que mantinha a cabeça abaixada.

Não sabia o que se passava na cabeça do Lee, muito menos na sua, era estranho ser rejeitado de uma hora para a outra, mas, o medo de que tivesse feito algo que o mais novo não gostou era maior do que seu raciocinio lógico.

-Eu te machuquei...?- Chris questionou, se agachando para poder encarar o menor. -Eu... Me desculpa.

-Não é nada disso, hyung...- Suspirou, sentindo que se não fosse firme o suficiente, ia começar a chorar ali mesmo.

Chris não sabia como agir, simples assim.

-Nós... Somos estranhos um pro outro...- Sussurrou, tentando acreditar em suas próprias palavras. -Só estamos tentando... Compensar a falta de contato físico, é isso.

Christopher não conseguiu digerir bem o que tinha acabado de ouvir, afinal, em nenhum momento viu Felix como uma forma de alivio ou algo do genero, ele gostou verdadeiramente do menino desde o primeiro momento em que o viu.

Felix era lindo, radiante, sarcastico e inteligente, ninguém poderia discordar daquilo.

-Tudo bem.- O Bang sussurrou baixo, sem saber ao certo o que mais poderia dizer além daquilo. -Vou... Vou pro meu quarto.

Felix apenas concordou, vendo a sombra do maior se mover vagarosamente em direção à porta. O Bang ainda parou por alguns segundos, encarando o ruivinho.

-Você não entendeu o que isso significou pra mim.- Foi tudo o que o Bang disse antes de sair do quarto.

Felix sentiu o choro que estava trancando até aquele momento finalmente sair, quase como um murmuro baixo, aquela sensação de estar errado se apossando de seu corpo de forma devastadora.

Era horrivel se sentir errado e duvidar do que parecia tão certo.

E enquanto suas lágrimas caiam de forma desesperada, Felix se perguntava o que tinha feito, ele não podia apenas aproveitar o momento? Quer dizer, se odiava por pensar demais.

Se odiava por ter magoado Christopher.

Que nesse momento, estava atirado no colchão do quarto ao lado, sentindo-se rejeitado e sem saber se voltaria a ver os sorrisos bonitos de Felix.

O medo de toda aquela relação que haviam criado se tornar esquisita. De voltarem à ser completos estranhos um para o outro.

Maldito momento em que pensou que beijar o Lee seria a melhor de suas escolhas, mas, porra...! Foi impossivel controlar a vontade de beijar aquela boquinha linda, ainda mais com Felix lhe encarando daquele jeito.

Não tinha pensado em nenhum momento nas consequencias de seus atos, nunca imaginou que o Lee pensaria que ele lhe via apenas como algum alivio por falta de contato.

E bom, Felix, assim como o Bang, passou grande parte da madrugada acordado, se questionando se devia ter feito aquilo.

Só quando o sol começou a nascer, que Felix se tocou de quanto tempo tinha passado acordado olhando pro teto se lamentando.

Tinha que fazer alguma coisa, apesar de estar envergonhado demais para falar com o Bang, esperava que o mais velho tomasse a iniciativa de puxar assunto, assim como sempre fazia.

Caminhou até a porta, e com as mãos tremulas, abriu, vendo que o quarto da frente, onde Christopher deveria estar, estava vazio. Entrou no local, bisbilhotando ali, mas, sem sinal nenhum do maior.

Foi em direção à escadaria, sentindo o peito apertar, foi para a cozinha, e revistou todo o saguão, sem ter sinais do mais velho.

-HYUNG?- Chamou alto, assim que começou à subir as escadarias, procurando pelo loiro em todos os quartos aos quais passava.

Não encontrava Chris em lugar algum, estava sozinho de novo.

A simples ideia de que o Bang realmente tivesse sido fruto de sua imaginação voltou com toda a força, mas, não! Ele não poderia ser só uma alucinação, né?

Não depois de tudo que havia lhe feito sentir!

E se Christopher tivesse ido embora? Se tivesse preferido ficar sozinho do que ter que ser rejeitado novamente pelo Lee?

E dessa vez, estar sozinho parecia ainda mais aterrador.

Surgit •ChanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora