Eu sei que, às vezes, você se sente sem valor
Mas eu queria que você pudesse se ver através dos meus olhos
Você é incrível em seu coração tão exposto
Não esconda a dor que você sente
Porque você pode me dizer qualquer coisaFlaws - Calum Scott
Esperei que minha mãe saísse de casa para que eu fizesse o mesmo. Não por estar chateada ou brava com ela; apenas sou péssima em despedidas, especialmente com minha mãe.
Ouvir tudo o que ela disse na noite passada me deixou muito mal e com raiva. Eu fui tão injusta com ela; mamãe não merecia tudo o que passou: ser vendida, trancafiada e abusada por aquele monstro. Ela não entrou em detalhes, mas deu a entender que o primeiro filho que teve veio dos abusos, e, mesmo assim, não desistiu dele.
Eu queria ter falado com ela, mas não consegui. Ouvir que sou mais nova do que realmente sou foi o fim para mim. Eu estava aguentando ter um bebê aos dezenove anos. No meu ponto de vista, isso estaria tranquilo, já sou maior de idade — pelo menos no Brasil — onde passei a maior parte da minha vida e onde tenho uma identidade com a nacionalidade brasileira. Uma coisa que nunca entendi, já que mamãe vivia dizendo que eu era coreana e não deveria esquecer minha origem. Nunca questionei; afinal, minha vida sempre foi assim. Complicada. Sempre vivi de país em país. Nunca me apeguei a ninguém, exceto Jihoon, que não sei se está me procurando como prometeu. Também tem Guilherme; tentei não me apegar a ele no início. Quando pulei aquele muro e pedi que me levasse ao aeroporto, percebi que seria difícil não me apegar quando ele se deitou no meio da calçada comigo, e eu disse que ele seria meu novo melhor amigo.
Para a minha sorte, mamãe e papai nunca me tiraram de mais um amigo. Para mim, vou continuar tendo dezenove anos; Letícia, Guilherme e Nicholas são os únicos que sabemos.
Dezessete anos. Isso explica muitas coisas. Sempre achei que era burra por estar ainda no ensino médio aos dezenove, porém nunca reprovei, pelo menos não que eu me lembre, mas com dezessete deveria estar no primeiro ou segundo ano, algum desses dois. Ainda tenho muitas perguntas para Letícia que terão que esperar até ela voltar de viagem.
Ainda tem meu nome, me dá até vontade de rir, na verdade de gargalhar; tudo não passou de uma mentira, até a droga do meu nome. Não faço a mínima ideia de qual seja, e também não quero saber, porque sempre vou ser Melissa McKenzie.Já que passei dezenove anos na mentira, posso continuar fazendo isso pelo resto da minha vida.
Meu outro problema é Nicholas; ele parece muito tranquilo quanto a isso. A minha pergunta, respondida por ele, quase me fez ter certeza de que não foi ele quem machucou Clara. Outra que também preciso fazer a mesma pergunta de antes; porque não é possível que eu esteja ficando louca. E, apenas para confirmar, tenho uma outra pergunta para a minha mãe, ela será a chave para tudo.
Sendo Nicholas culpado ou não, eu disse que o perdoava, assim como todos os outros perdoaram.
Agora, se ele for inocente, vou me sentir péssima comigo mesma por não ter dado a ele uma chance de se explicar, mas... Entre ficar chateada comigo mesma por ter duvidado do que vi com meus próprios olhos ou ele ser realmente quem machucou Clara, prefiro ter sido uma filha da puta e ter errado com ele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
After the truth
Fanfic{+18} CONCLUÍDA Melissa McKenzie, sequestrada aos treze anos de idade, teve suas memórias apagadas após um acidente. Agora, ela se encontra diante de duas opções: seguir em frente ou desvendar o passado em que seu pai foi assassinado. A partir des...