CAPÍTULO 29

5 0 0
                                    


Thales saiu do banheiro com o rosto inchado de tanto chorar. As lágrimas ainda escorriam, mas ele decidiu que precisava sair, fazer qualquer coisa para esquecer, mesmo que apenas por um momento, o turbilhão de emoções que Cristian havia desencadeado nele. Vestiu uma roupa confortável, jeans escuros e uma camisa branca leve, buscando uma sensação de normalidade que parecia cada vez mais distante. Ao se olhar no espelho, seus olhos vermelhos e inchados refletiam a dor que ele tentava esconder, mas não havia tempo para mais lágrimas. Ele precisava de algo forte, algo que o anestesiava.

Sem pensar muito, saiu do apartamento e se dirigiu a uma boate, um lugar que costumava frequentar antes de tudo se tornar tão complicado. As luzes neon piscavam, a música alta fazia o chão vibrar, e o cheiro de álcool misturado com perfume era quase sufocante. Ele se forçou a entrar, se misturando à multidão de corpos suados que dançavam ao ritmo das batidas eletrônicas.

Thales se aproximou do bar e pediu um drink forte. O líquido queimou sua garganta, mas ele não se importou. Tentou dançar, movendo-se mecanicamente ao som da música, mas logo percebeu que não estava no clima. Cada movimento parecia forçado, cada sorriso que tentava dar era vazio. A dor de Cristian ainda estava ali, presente, latente, esmagadora.

Ele decidiu então se sentar em uma das mesas, mas todas estavam ocupadas. Frustrado, olhou ao redor, tentando decidir se deveria ir embora, quando um homem alto e moreno, com um sorriso amistoso, acenou para ele.

– Vem, senta aqui – disse o homem, puxando uma cadeira para Thales.

Thales hesitou, mas algo naquele sorriso parecia genuíno, então ele se aproximou. No entanto, assim que se aproximou da mesa, sentiu um frio na espinha. O homem que estava sentado de costas para ele se virou lentamente, revelando-se.

Era Cristian.

Seu coração pulou uma batida, e uma onda de pavor o dominou. Cristian estava ali, sentado com um sorriso diabólico no rosto. Aquele sorriso que ele conhecia bem, mas que agora parecia carregado de uma crueldade que ele não reconhecia.

– Oi, meu amor. Sentiu minha falta? – Cristian perguntou, o tom de sua voz era cheio de maldade. – Você andou chorando, foi?

A Morte, que até então havia observado em silêncio, deu um chute na perna de Cristian sob a mesa, tentando interromper aquela cena.

– Seja mais educado com ele – repreendeu a Morte. – Não está vendo que ele está sofrendo por sua culpa?

Cristian soltou uma risada fria, quase sem emoção, e respondeu:

– Ninguém mandou ele se apaixonar por mim. Vai ter que aguentar.

As palavras de Cristian perfuraram o coração de Thales como facas afiadas. Ele se levantou, querendo fugir daquele pesadelo, mas Cristian o segurou pelo braço, sua mão fria e firme.

– Fica. Eu só estava brincando – disse Cristian, tentando suavizar o tom, mas a crueldade ainda estava presente em seus olhos.

Thales mordeu os lábios, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escorrer mais uma vez. A frustração e a dor eram quase insuportáveis.

– Você acha divertido brincar com os sentimentos dos outros? É isso? – Thales questionou, sua voz trêmula. – Você não é assim, Cristian. Eu te conheço.

Cristian o olhou fixamente, seus olhos negros como a noite, um brilho maligno dançando neles. Ele sorriu de maneira perturbadora.

– Você está errado, Thales. Eu sempre fui assim, e você se apaixonou por mim quando eu era desse jeito. Você só está triste agora porque acha que não pode mais me tocar, que minhas memórias voltaram e te afastaram de mim.

O Eclipse do Rei SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora